Se tem uma coisa que me faz ter certeza de que Survivor Cambodia foi uma das minhas temporadas favoritas desse programa lindo, incrível, louco e perfeito é o fato de eu ter começado essa edição desprezando um jogador e terminar aplaudindo sua vitória.
O Jeff ia amar ler isso, porque é exatamente a personificação do que a tal second chance significa: alguém que aprende com as besteiras que fez e usa esse conhecimento pra construir um jogo muito melhor. E eu nem posso dizer que eu sou fã do Jeremy. Ele não é um jogador que eu me divirto assistindo — apesar de isso ter mudado em alguns momentos dessa reta final —, mas é um jogador que eu consigo admirar por cada coisa que ele fez certo, principalmente a jogada perfeita usada no momento perfeito. Ele passou a temporada inteira sem mencionar a Val (pros outros participantes, nos confessionals ele não deixou de encher nosso saco), e conseguindo chegar na final por méritos próprios, ele MERECEU o direito de usar o sentimentalismo. Ainda mais com o impacto de ser a última resposta da última pergunta do último tribal council. Foi um discurso honesto, mas também manipulador. Negar que houve uma malícia digna de vencedor na hora de explorar a esposa, os dois filhos e o terceiro que tá pra nascer é inocência. Jogar com o coração do júri é tão válido quanto jogar com a razão. E, no fim das contas, Jeremy merecia a vitória pelos dois.
O Spencer também fez um bom jogo e mandou bem pra cacete no final tribal council, mas essa era uma batalha que ele nunca poderia ganhar. Eu entendo por que ele seguiu seu jogo nos últimos episódios mantendo a aliança com Jeremy e Tasha, mas as chances de vitória provavelmente seriam maiores se no episódio anterior ele tivesse avançado com Keith, Abi e Kelley. Principalmente se nesse cenário a Kelley também carregasse o fardo do 4º lugar.
O maior e único e imperdoável problema desse final foi justamente o destino da Kelley. Meu deus, como eu torci por essa mulher. Como meu coração se despedaçou quando ela acabou sendo a primeira a sair do challenge final (o que, por um lado, foi até melhor do que sair por último, senão eu literalmente infartaria de tensão). O contraste dela com o Jeremy é gritante, porque mesmo que ambos tenham jogado super bem, a Kelley é tão absurdamente mais carismática e divertida de se assistir. E seria muito muito muito mais interessante ver ela e o Jeremy disputando pelo título. O Jeremy fez um jogo forte e consistente durante toda a temporada, mas era um jogo sutil. Kelley também fez um jogo forte e consitente durante toda a temporada, mas cheio de tensão e big moves e idols e perigo astronomicamente maior de ser eliminada. Seria um final tribal council muito mais concorrido e eu realmente acredito que a Kelley teria chances reais de vencer.
Além disso, Kelley e Jeremy na final seria tão simbólico e perfeito depois da confusão maravilhosa dos dois idols cancelando todos os votos. Era algo que muita gente já previa por causa da promo no episódio anterior, mas em nenhum momento isso tirou a empolgação do que estava acontecendo. Até porque o mais louco de tudo foi acompanhar as regras do jogo sendo testadas e colocadas nas circunstâncias mais improváveis e inimagináveis. Não teve nada nesse tribal council que eu quisesse mudar. Spencer, Jeremy e Tasha de cara expondo a Kimmi foi incrível. Kelley tendo que usar o idol foi incrível. Jeremy rindo porque estava certo sobre o fato de ela ou o Keith terem um idol — e porque sabia que também estaria seguro —, enquanto o Spencer estava DESOLADO: também foi incrível. O revote empatado foi incrível. A cara do Stephen vendo algo inédito acontecendo foi incrível. O Keith considerando deixar o jogo e a Kelley o impedindo e decidindo eliminar a Kimmi foi incrível. E o tira-teima ao vivo com o Jeff explicando tudo o que se desenrolou foi a cereja no bolo. Há algumas semanas eu argumentei que Survivor basicamente é um esporte, e se agora tem até alguém com um quadro e uma caneta explicando regras e jogadas: SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER.
Eu sinto que eu tô esquecendo de comentar algo importante sobre essa finale, mas vai ver o sentimento seja só o vazio da temporada indo embora. É difícil falar com os episódios tão recentes na cabeça, mas eu imagino que Survivor Cambodia esteja, pelo menos, no meu top 3 temporadas favoritas. Talvez top 2. Talvez top 1. Heroes vs. Villains é muito difícil de ser superada, mas ao mesmo tempo essa foi uma temporada em que eu me senti tão mais próximo dos participantes, e isso meio que faz bastante diferença pra mim. Não só pelo fato dos participantes terem sido escolhidos pela gente, mas também por eles estarem muito presentes no Twitter, Instagram, etc. É injusto comparar Cambodia com Heroes vs. Villains nesse sentido, já que em 2010 esse tipo de coisa inevitavelmente acontecia em um grau bem menor, então não sei exatamente como vou conseguir me resolver com esse ranking. O que eu sei é que, depois de 31 temporadas, Survivor parece ter mais força do que nunca. E isso me dá uma alegria gigantesca, porque acompanhar esse programa ao vivo foi um dos pontos altos mais altos que eu poderia ter tido em 2015. Tanto em Worlds Apart, quanto agora em Second Chance, Survivor fez parte da minha vida de um jeito bem grande e eu mal posso esperar pra que isso continue a ser verdadeiro pelos próximos muitos e muitos e muitos anos.
– Meu deus, o Keith é tão FOFO. Ele não contribui em nada pras jogadas e a influência no desenrolar do jogo é mínima, mas é o tipo de participante que me faz ter certeza de que Survivor não é só sobre jogadas. O cast TEM que ser diversificado o bastante a ponto de ter gente como ele. Eu amo estratégias, mas Survivor também é um programa de TV, e gente divertida de se assistir é essencial.
– Exemplo: Jeremy tentando chamar a atenção do Keith e demorando séculos até conseguir. Foi um dos meus momentos favoritos da temporada inteira, de verdade.
– Inclusive, eu ganhei simpatia pelo Jeremy justamente nos poucos momentos tipo o desse tópico anterior, e também no episódio da semana passada, quando ele deduziu que a Abi devia ser escorpiana (e acertou!!!).
– Abi muitíssimo elegante sem guardar nenhuma mágoa e sendo um amor na reunion: por favor volta logo em uma próxima temporada. O que eu acho bem provável de acontecer. Além do Joe, eu chutaria que ela é a maior certeza desse cast de ser chamada de volta.
– Os textos dessa temporada não foram tão constantes quanto eu gostaria, mas discutir Survivor nunca deixa de ser uma das coisas mais divertidas do mundo. Então, meu pequeno obrigado à Cristal por ter me chamado de volta ao Apaixonados pra essa participação especial!!!
– Temporada que vem temos Brains vs. Brawn vs. Beauty 2. Pelo visto, vai ser uma temporada intensa pra cacete no quesito físico, mas isso não quer dizer nada, né. Considerando que Cagayan foi uma ótima temporada que gerou ótimos participantes, já tô na torcida pra que Kaoh Rong mantenha o padrão.
