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Teen Wolf – 6×20 The Wolves of War (Series Finale)

Por: em 30 de setembro de 2017

Teen Wolf – 6×20 The Wolves of War (Series Finale)

Por: em

“Teve início em uma noite de lua cheia. Algo o atacou e mordeu. Isso mudou a vida dele. Mudou tudo.”

Teve início em 05 de junho de 2011, com dois amigos idiotas e um tanto desajustados, saindo de suas casas no meio da noite à procura de um cadáver. O que deveria ser apenas mais uma das formas de Scott McCall e Stiles Stilinski se envolverem em confusão, acabou resultando em uma mordida misteriosa que mudaria a vida de ambos e de todos ao seu redor.

Reprodução/MTV

Teen Wolf tinha tudo para dar errado – muito errado – e confesso que a série não me conquistou de imediato. Em uma primeira tentativa sequer assisti ao episódio piloto até o fim. Precisei, no entanto, apenas de algum tempo para me reencontrar com os lobinhos adolescentes e me render a maravilhosa farofa de clichês, drama teen, romance, comédia, sarcasmo, efeitos especiais toscos e personagens inesquecíveis que o seriado da MTV nos apresentou.

100 episódios depois – e alguém achou que chegaríamos até aqui? – me rendi de tal forma que me flagrei aos prantos diante a constatação de que a série realmente chegou ao fim. Acho que há uma parte em mim para qual ficha não caiu e ainda me pego esperando por um pouco mais de lobisomens, confusões e criaturas bizarras conhecidas apenas por Jeff Davis e sua equipe de roteiristas. Sim, eu que em um primeiro contato desdenhei dessa história, hoje queria apenas um pouco mais dela.

Reprodução/MTV

Ainda assim, na escala dos desejos creio que um desfecho diferente para a saga de Scott e sua alcateia se sobreporia a qualquer outro. Vamos, então, ao ponto que estou tentando evitar: cada vez que reflito sobre The Wolves of War gosto menos do episódio como um series finale. Quem acompanhou meus textos durante a 6B sabe do meu descontentamento com essa metade da temporada e de como, por isso, estava tentando manter minhas expectativas baixas para o episódio final. Não funcionou muito bem, porque, bom, sou um tanto quanto Alice na vida e, portanto, não pude deixar de sentir minhas esperanças sendo esmagadas.

Não acho que tenha sido um final horroroso, ou qualquer coisa parecida, e gostei bastante de alguns momentos. A estrutura narrativa do episódio, por exemplo, foi algo bastante interessante e que me saltou aos olhos. Adorei ver os paralelos entre Alec e o garoto assustado que Scott um dia foi. Além disso, apesar do estranhamento inicial, considerando o cliffhanger deixado por Broken Glass, gostei de começarmos com um flashforward. Acompanhar finalmente as interações entre personagens que não contracenavam há anos e ver o Anuk-Ite fazendo referência a elementos importantes do passado também foi incrível e aqueceu meu coração.

Divulgação/MTV

Ainda assim, não posso ignorar alguns furos de roteiro – por que diabos o Jackson não usou sua “cauda” antes, por exemplo? – , as explicações jogadas – como tudo a respeito do reencontro de Derek e Stiles –, o modo corrido como as cenas tiveram que se desenrolar e, acima de qualquer coisa, o potencial desperdiçado. Se eles houvessem reservado, no mínimo, dois episódios para encerrar todas essas tramas, a narrativa teria fluído melhor, nós ganharíamos o dobro de momentos saudosistas e os personagens teriam tido mais tempo para dizer adeus de forma apropriada.

Não me conformo com Stiles e Lydia não terem dado sequer um único beijo– pelo amor de Deus, foram seis temporadas para eles ficarem juntos – ou do Stilinski não ter compartilhado um último momento com Scott. A cena final da 6A, que para mim encerraria a série de forma primorosa, é linda e tocante, entretanto, não foi a última vez em que vimos os personagens juntos. Scott e Stiles começaram tudo aquilo, eles eram melhores amigos, eles eram irmãos e a amizade entre os dois sempre foi um dos pontos altos de Teen Wolf. Sendo assim, o bromance entre eles não ser contemplado por um mísero minuto durante o series finale é algo extremamente frustrante.

Reprodução/MTV

Dito tudo isso, a jornada de Scott e sua alcateia chegou ao fim. Talvez o final não tenha sido o ideal, mas acompanhá-los até aqui foi uma experiência fantástica.  Ao longo dessas seis temporadas, nós vimos o garoto asmático, desajustado e com problemas na escola se transformar em um alfa corajoso, leal e disposto a salvar a todos. Um líder que foi obrigado a amadurecer, perder pessoas que amava e se tornar sua própria âncora, mas nunca deixou que ver o lado bom dos seres humanos e sempre se recusou a fugir e se esconder. Scott McCall pode não ser a pessoa mais perfeita ou inteligente do mundo, e pode até ter testado nossa paciência em alguns momentos, porém, seu repúdio à violência, seu bom coração e sua compaixão são inspiradores e o formam como um personagem que, mesmo lobisomem e alfa, rompe com os padrões de masculinidade tóxica da nossa sociedade.

Vimos seu amigo magrelo, sarcástico e hiperativo ser o herói mais vezes do que é possível contar, chegar ao FBI e conquistar a garota por quem sempre foi apaixonado. Tudo isso sem jamais perder sua humanidade e, talvez, esse lado humano – tanto para o bem quanto para o mal – seja o que eu mais ame e admire em Stiles. No fim, é provável que seja por isso que o Stilinski seja um dos personagens mais amados da série – além do carisma e talento do Dylan O’brien, é claro. Em meio a lobisomens, banshees, kitsunes e tantas outras criaturas sobrenaturais, Stiles era gente como gente, apenas um garoto, fazendo o melhor que podia para ajudar as pessoas que amava e sendo a âncora ao qual todos eles se apoiavam.

Divulgação/MTV

Vimos a garota popular, aparentemente fútil e que fingia não ser inteligente se tornar uma banshee poderosa, segura de si mesma e extremamente leal aos amigos. De um possível interesse amoroso, Lydia se tornou uma das personagens que mais cresceu ao longo dos anos e quebrou todos os estereótipos impostos a figura da “patricinha”.  Brilhante e com um coração gigantesco, seu amor foi capaz de salvar Jackson e Stiles, provando que o Stilinski estava certo ao afirmar que por trás da aparência fria e de quem não se importa havia, sim, alma humana.

Vimos também a menina coiote, sem nenhum tato social e com um instinto de sobrevivência que incluía abandonar qualquer pessoa se necessário, se tornar parte de uma alcateia e escolher ficar e lutar ao lado das pessoas que aprendeu a amar sempre que a opção de lhe foi dada. Malia não esteve conosco desde o começo, mas foi certamente uma das melhores adições recebidas pela série.

Divulgação/MTV

Vimos, por fim, Derek Hale deixar de ser um lobo solitário e encontrar seu lugar dentro de um bando, criando conexões emocionais e provando que a aparência ameaçadora era apenas uma fachada que escondia seu bom coração. Vimos Peter mostrar que havia algo decente dentro de si com a descoberta de que tinha uma filha. Vimos Chris, treinado a vida inteira para ser um caçador, aprender que nem todos os monstros fazem coisas monstruosas e se tornar um defensor das criaturas que um dia odiou. Vimos Liam controlar sua agressividade e aprender a ser parte de um time. E vimos Theo restaurar sua humanidade, provar que conseguia se importar – até mesmo com um inimigo – e que entendia a dor se ser o garoto que fez todas as escolhas erradas e que percebe, no fim, que está totalmente sozinho.

Foram seis anos, seis temporadas e 100 episódios em que muita coisa mudou. Teen Wolf nem sempre foi perfeita, é verdade, e esse conceito infelizmente se estende ao seu series finale. No entanto, a série cresceu, conquistou um público leal e nos deu momentos e personagens inesquecíveis.  A jornada de Scott, Stiles, Lydia e companhia se encerra por aqui. Vê-los caminhando juntos, como uma alcateia unida, prontos para enfrentar seja lá o que o futuro reserva é uma forma bonita de dizer adeus. Talvez esse não tenha sido o melhor final possível, para mim certamente não foi, ainda assim, não há como negar que Teen Wolf deixará saudades.

Observações

— Peço um milhão de desculpas pela demora em postar esse texto, mas essa semana foi consumida por uma seleção de mestrado, idealizada pelo demônio, e regida por um espírito do caos que fez quase tudo dar errado e demorar o dobro do tempo para ser feito;

— Queria muito uma última cena entre Scott e Melissa e Stiles e o xerife. Se há algo que sempre amei em Teen Wolf foi como essas relações familiares foram lindamente trabalhadas ao longo das temporadas;

— E, no fim, tivemos um Argent e uma McCall juntos. Não é o que a gente esperava quando começou a ver a série, porém,  adorei esse casal. E o Chris merece um pouco de felicidade na vida, né?

— Gosto da ideia trágica de Gerard ser morto por alguém de sua própria família, que se tornou sobrenatural, no entanto, não gostei da execução da cena;

— Xerife Stilinksi mostrou quem é que manda na cidade;

— Além de ser a melhor pessoa dessa série, o Coach foi também a melhor pessoa desse finale. Adoro como fica implícito que ele sabe e sempre soube de tudo, mas se finge de louco e segue o baile. Melhor Coach que todos respeitamos;

— Então quer dizer que não teve uma alma viva pra matar a Monroe – a mulher que é caçadora não tem um ano! – e ela continua livre, leve, solta, doida pra beijar na boca tacando o terror?

— Adorei as reações de Stiles e Lydia ao descobrirem sobre Jackson e Ethan, mas queria que Jackson expressasse alguma reação ao fato de Stiles e Lydia agora serem um casal;

— Aliás, queria mais momentos entre Jackson e Ethan, porque esse casal ganhou muito meu coração;

— Falando em ships que ganharam meu coração, eu juro que tentei – Deus e o Twitter são testemunhas de como tentei –, mas acabei me rendendo a Thiam. Estou shippando Theo e Liam loucamente e sei que é errado, porém, desejo continuar;

— A gente já pode dizer que Theo Raeken é um dos melhores personagens dessa série? Porque eu aplaudi de pé esse desenvolvimento;

— Eu reclamei bastante sobre o destaque que os amiguinhos do Liam receberam ao longo dessa sexta temporada, mas preciso aproveitar esse último texto para dizer que, apesar das críticas, eu amo o Mason, acho incrível a lealdade que ele sempre demonstrou ao Liam, acho o casal formado entre ele o Cory muito fofo e adorei eles terem tido um momento para dizer que se amavam (só não entendo o motivo de Stiles e Lydia não terem recebido a mesma gentileza, mas OK);

— Apesar de todos os pesares e problemas, eu vou sentir muita falta de Teen Wolf e de comentar a série com vocês;

— Estou enrolando aqui por que não quero me despedir definitivamente dessa série? Sim, eu estou!

Teen Wolf era a última série que ainda me ligava a minha adolescência. Acho que agora está oficialmente na hora de crescer.

— Não aprendi dizer adeus, mas tenho que aceitar ♫

—Bom, acho que é isso. Infelizmente Teen Wolf chegou ao fim assim como minhas reviews. Foi um prazer comentar  cada um desses episódios e já estou chorando com a constatação de que esse é o último texto. Peço perdão por qualquer erro que possa ter cometido ao longo dessas duas últimas temporadas e só posso dizer que escrever sobre esse guilty pleasure maravilhoso foi uma das coisas mais divertidas que já fiz para o APX. Nos vemos em outras séries!


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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