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The Affair 2×07 – Episode 7

Por: em 19 de novembro de 2015

The Affair 2×07 – Episode 7

Por: em

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É, meus amigos! Pela primeira vez começo uma resenha de The Affair com certas ressalvas. Não é que Episode 7 não seja bom, já que é excepcional como toda a trajetória dessa temporada. O problema, assim como o diabo (mas prefiro acreditar que é Deus), está nos detalhes. Contar histórias carregadas de emoção, gritaria, brigas e xingamentos é uma coisa que os latinos sabem muito bem. Nossa televisão está registrada do melodrama, essa marca de uma cultura extremamente oral como a nossa. Os americanos, inclusive, sabem muito bem: Telemundo faz sucesso por lá com sua programação voltada para o público hispânico e séries como Ugly Betty, Jane The Virgin e agora uma versão programa de O Rebu.

Em si, não há nada de errado com esse DNA barraqueiro. O estranhamento está numa série sempre tão sugestiva e cheia de sutilezas decidir tender para a gritaria. As cenas de discussão são só um dos sintomas dessas escolhas narrativas que aproximam The Affair dos novelões. O próprio final do episódio tende para isso: com o sucesso de audiência e de recepção, nada mais justo do que renovar a série por mais uma temporada e encher linguiça. O Globo de Ouro não apenas laureou a produção com uma estatueta mas também ofereceu a possibilidade de uma temporada com dois episódios a mais. A última cena, com um grande gancho, mostra que o caso está longe, longe de acabar.

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A primeira parte do episódio é focada em Alison. Um dos primeiros planos a enfoca ali, bem atrás de Noah. Fiquei me questionando o porquê de Alison estar atrás dele, mesmo que a lente esteja focada nela. A resposta veio rápido: ela sempre esteve atrás dos homens, subjugada a eles. Primeiro Cole: não dá pra negar naquela primeira temporada que a postura dele é totalmente abusiva; Oscar, um patrão tão repugnante que não preciso descrever muitas das escrotices do cara e agora Noah, que a princípio era refúgio e ponto de paz, mas vai mostrando suas pequenas garras. Nenhum homem é perfeito.

O roteiro privilegia dois acontecimentos (como é o costume da série) sem apressá-los, deixando que eles se desenrolem naturalmente: começando no lançamento do livro, cujo o centro das atenções é Noah. A situação se complica na medida em que as pessoas vão lendo a história e se perguntam o que é de fato real, uma memória legítima ou o que é invenção, os floreios de um escritor. Qual parte de Alison é feita de papel e tinta e qual parte é feita de carne e osso? O que já não estava bom piora para o jantar de ação de graças. Athena, por mais lunática e irresponsável, costuma ser a voz da razão.  É ela quem abre os olhos da filha para o conteúdo do livro e para a realidade que a cerca. Com a casa vendida, se as coisas não derem certo, para onde ela poderá correr?

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A cereja do bolo é a discussão da mesa de jantar. Depois de todo o teatro envolvendo a inocência e o fato de não ter lido o famigerado livro, Alison explode e questiona Noah qual a veracidade das palavras contidas ali. Se é tudo verdade, ele vai matá-la ao final do caso também? E lá vamos nós para o ponto de vista de Cole.

Cole está com Luisa. Durante uma relação sexual ela diz “Te amo.” E o que ele faz? Exatamente isso que você pensou. Perde o tesão. Por completo. Arranja motivos para expulsar a moça de casa, acusando-a de roubo, inclusive. Cole não sabe o que é amar, não depois da morte de Gabriel e da parte de sua mulher. Como ele confessa mais a frente, a intimidade o assusta e é preciso afastar aqueles que passem dos limites previamente estabelecidos por ele.

Convidado por Scotty e incitado por Oscar, decide ir atrás do livro de seu grande amigo Noah. Tudo isso antes do belo jantar de ação de graças da família Lockhart. Lá, ele é a persona non grata, causando um clima de desconforto e tensão no ar. Funcionando como um catalisador, Cole destila o veneno iniciado por Solloway na mesa, citando as prováveis mentiras inventadas pelo escritor sobre sua família. Até descobrir que elas são verdade. Pra piorar a situação, descobrimos que seu pai cometeu suicídio aos dez anos se enforcando durante o aniversário de dez anos do rapaz. A matriarca da família ainda solta uma última gentileza: “A última vez que conheci alguém tão mal como você, ele se enforcou.”

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Whitney decide visitar Scotty sem perceber o desserviço que presta a si mesma. Ela pensa estar apaixonada.  “Ele me engravidou” ela grita em um momento. E é exatamente por isso que Whitney não deveria procurá-lo, nunca mais. O destino é irônico e quem embaralha todas essas tramas tem um quê de sadismo, já que Cole é o responsável por entregar a filha do amante de sua mulher em casa. Mal sabia ele que o jantar de ação de graças da outra casa também estava pegando fogo.

Se há redenção para alguém, independente de seu pecado, a redenção vem do amor. A expurgação para Cole vem de Luisa. The Affair oferece seu episódio mais destoante de toda temporada e, ao mesmo tempo, mergulha seus personagens em mais uma camada ressentimento. Com os segredos, crimes, vinganças pessoais e mais outros ingredientes é preciso ter cuidado para não acabar transformando essa série classuda numa novela de João Emanuel Carneiro (o que também não seria má ideia).


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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