Há duas semanas atrás, na resenha de Episode 7, mostrei minhas preocupações com os caminhos narrativos escolhidos por The Affair. Se lá achei que a quantidade de barracos e gritarias acabava destoando da proposta da série, agora sinto falta desses personagens se comportando como moradores do Divino. Se aquele, até então, era o pior episódio dessa temporada (e não porque fosse de fato ruim, simplesmente estava aquém dos outros) seu posto é rapidamente ocupado por Episode 9: os acontecimentos exagerados destoavam da sutileza construída na trama pelo menos alguma coisa acontecia, diferente do marasmo dessa semana.
Antes de entrar nos pontos da história, gostaria de fazer os reclames do Plim-Plim. A adição de mais dois episódios à essa temporada é uma dessas bençãos que lá na frente se prova uma maldição. Tudo está muito enrolado, com encheção de linguiça. Algo irritante é essa inserção de plot twists, de pequenas reviravoltas, que se mostram totalmente falhas já que vemos relances do futuro desses personagens. De que adianta ameaçar de morte um personagem se lá no futuro ele está são e salvo, sem sequelas desses acontecimentos? Essa busca pelo choque é a apelação, o sensacionalismo, que pode funcionar muito bem em outros programas mas que aqui fica sem lugar. Isso quando alguma coisa aconteceu no episódio. Na maior parte do tempo nada acontecia, nem mesmo os diálogos (tão raros e preciosos de se achar na televisão atual).
Abrindo mão dos pontos de vista já tradicionais, o capítulo foi dividido em horas. Talvez seja uma tentativa de inovar mas que não foi bem sucedida, afinal, mesmo sem as divisões formais que indicavam a transição de uma perspectiva para outra, as histórias ainda estavam claramente divididas, sem que houvesse um impacto direto de um personagem na vida de outro (exceto no caso de Noah e Alison, mas mesmo ali parecem duas partes individuais). Dessa vez, nada que acontece em uma trama influencia diretamente a outra.
O episódio começa com Helen indo até um encontro arranjado por Stacey no Tinder que acaba não dando muito certo. Nesse meio tempo, quem estava no mesmo bar, é o dr. Ullah, agora sem o jaleco. Com a ameaça eminente de uma tempestade, tudo ganha um contorno de urgência. A química inicial se transforma num encontro no porão da casa dela, escondido, enquanto as crianças assistem pacientemente televisão. Uma das cenas mais legais é quando Helen fala sobre a banalidade dos encontros. “Eles são só entrevistas para sexo.” A partir de Helen a coisa desanda.
Alison começa a sentir fortes contrações e vai ao médico para descobri o que está acontecendo é que o bebê está vindo. Noah, ao invés de estar lá para o devido suporte da esposa, vai parar numa festa de ricaços, com direito a pegação com Eden, Stacey dando beijo lésbico e Max chapado. E temos Cole sofrendo com sua maldição, estragando seu relacionamento e etc. Parece até legal, mas não é nada de novo. Tudo está se repetindo: Alison sendo sofredora, Noah sendo babaca e Cole indignado. Só Helen continua crescendo e ganhando novos contornos.
Na expectativa pelo episódio de semana que vem. E que The Affair volte à sua forma original.
