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The Affair – 2×10 Episode 10 e 2×11 Episode 11

Por: em 18 de dezembro de 2015

The Affair – 2×10 Episode 10 e 2×11 Episode 11

Por: em

Sabe quando você elogia muito alguém e depois de pouco tempo essa pessoa falha exatamente nos pontos onde antes você a elogiava?

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É assim com The Affair. Pelo menos sua segunda metade. Até Episode 6 só teci elogios à série, que continua sendo um dos melhores dramas exibidos atualmente, com um roteiro afiado e inúmeras qualidades. O problema é que o burburinho entorno da série causado pelo Globo de Ouro e o próprio gesto de estender a trama por mais dois episódios revelou que talvez ela não estivesse preparada para o posto que ocupa.

Aconteceu de tudo desde a metade dessa temporada: divisão de um episódio em horas ao invés de pontos de vistas, falsas reviravoltas como o Cole incendiando a casa, capítulos inteiros sem que nada acontecesse de fato, apelação para barracos clássicos de novelas. Em resumo: encheção de linguiça. O problema é uma temporada má formulada. Se ano passado, apesar de se arrastar em algum momento, tudo se encaixava dentro do universo de The Affair, agora as coisas começam a ruir.

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Primeiro pelo tempo de cada episódio, beirando uma hora de duração. Muitas cenas são repetitivas e mostram-se desnecessárias, causando um efeito contrário àquele esperado: ao invés de cativar a audiência, acaba por desgastá-la.  Mas esse é só um sintoma do maior problema, que é essa adição de mais dois episódios. Se dentro de um procedural seria aceitável aumentar o número de casos da semana, para uma série que se propõe a um início, meio e fim, a estrutura se torna mais rígida e a adição de mais episódios atrapalha o desenvolvimento da trama.

Episode 10 é chato. Sessão de terapia feijoada nada acontece. Dividido em duas partes, a primeira é dedicada à Noah: após a esposa não comparecer ao que seria uma sessão de terapia de casal, ele acaba enfrentando questões concernentes ao seu passado e lidando com sua própria figura paterna. A atuação de Dominic West é boa, assim como a da terapeuta, Cynthia Nixon. Infelizmente, não é o bastante para segurar o episódio. A segunda, dedicada à Alison, mostrando suas dificuldades como uma mãe e uma mulher que volta aos estudos. Por fim, há uma pontinha de Scotty sendo o personagem que todos nós amamos odiar (mas que acaba começa a se tornar chato também).

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Episode 11 é levemente melhor que o anterior. O que me causou estranheza foi a ausência de Helen, facilmente a melhor personagem ao longo dessa temporada. Alternando entre os pontos de vista de Cole e Noah, muito aconteceu, quase como se a trama pudesse finalmente caminhar. A premissa de dramatizar uma sessão de terapia pode até ser interessante, mas com um olhar distanciado, o episódio anterior mostra-se totalmente desnecessário, mesmo que confira mais complexidade aos personagens.

Muitos acontecimentos tomam lugar na trama do episódio: o confronto entre Max e Noah, onde eles finalmente percebem que não se conhecem mais e despejam verdades. Max estava apaixonado por Helen. Sempre esteve. A pergunta que fica é: até onde esse tipo de relacionamento pode ser chamado de amizade? Max comprou Noah e, por conseguinte, sua própria inocente. Emprestar dinheiro ao amigo é a punição que ele delega a si mesmo, perder dinheiro é uma compensação por essa traição. Cole e Luisa visitam Cherry causando muito desconforto: havia em Alison uma necessidade de agradar ou dúvida de gratidão pelo que o acolhimento que recebeu da família Lockhart; Luisa não. Luisa é inocente e livre de qualquer regalia, de qualquer tentativa de ser comprada. Por isso, facilmente pode ser honesta e desagradar a sogra.

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O final é uma metáfora para o próprio momento onde a série de encontra, quase um círculo perfeito. Alison e Cole decidem comprar o restaurante de Oscar e, assim, abrir seu próprio negócio. Ela precisa de liberdade, uma independência que a vida conjugal não a proporciona. “Preciso de um lugar no mundo. Eu não quero ser a sua esposa ou a mãe de Joanie.”

De volta à Montaulk, de volta ao coração indomável e rebelde de Alison, de volta ao local do crime duplo (o adultério e o assassinato), The Affair conduz seu espectador de volta ao seu lugar de origem. Dessa vez, existe uma esperança pelas respostas. Elas serão entregues? Só nos resta esperar a season finale.


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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