Depois de uma pequena pausa em sua exibição, The Exorcist retorna e nos revela que ainda há muita história para contar. Em um episódio cheio de descobertas e reviravoltas, a história da família Rance segue um novo rumo e nos apresenta novas possibilidades.
Após a revelação do episódio passado, era fácil saber que nada voltaria a ser como era antes. Angela nunca existiu, ela era apenas uma personagem criada por Regan para se proteger. Mas, não importa o quanto tente, ela nunca deixará de ser quem realmente é. Mesmo com as constantes brigas com a mãe e o pedido de distância da mesma, era fácil perceber que por dentro ela estava vazia. Ela sempre esteve vazia. Não importava o que fizesse, ela nunca conseguiria ser completa novamente. Ela precisava da mãe e, em seu momento de pior dor, ela acabou deixando transparecer. Aquele abraço não foi simplesmente pela felicidade de Casey não estar morta, mas sim uma recompensa pelos tantos anos longe da mãe. O fato de sempre saber onde a mesma estava só confirma o fato ainda mais. Apesar das tribulações, ela sempre irá amar a mãe. Esse é o verdadeiro amor eterno: o amor maternal.
Chris, por sua vez, ainda não parece ser totalmente confiável. Mesmo com os vários discursos comoventes, é perceptível que alguma coisa ainda não foi revelada. A entrevista sobre Casey foi, no mínimo, mal pensada. Toda a discussão com a filha tinha sido motivada por essa mesma super exposição, a qual tentou fazer com a neta. Mesmo alegando que estava tentando ajudar, não é difícil pensar que, na verdade, tudo que ela queria era mais fama. Nós conhecemos Chris através dos olhos de Angela, mas quem ela é de verdade? E, mais do que tudo, o que ela quer? Ainda parece cedo para entender as motivações da personagem, mas é fácil temer pelo futuro da família Rance. Tudo o que eles precisam é de paz, mas ela parece estar cada vez mais longe.
Já Henry continua sem saber como proceder nessa situação. É impossível não simpatizar com ele em alguns momentos. Apesar de sabermos do passado de Angela e, em certo ponto, concordar com o que ela fez, ainda não sabemos como ele se sente de verdade. Nunca conhecemos o Henry do passado, somente o homem que está se recuperando de uma lesão cerebral. A família dele era o pilar para sua sanidade, mas agora esse pilar está destruído. Será que algum dia isso irá se concertar? Ele precisa da família mais do que tudo, mas será que ele realmente pode confiar em quem diz estar do seu lado? Esse é o problema de criar uma realidade baseada em mentiras: hora ou outra a verdade sempre aparece. E, infelizmente, ele aprendeu isso da pior maneira.
O relacionamento de Angela com a família ainda é sensível, mas ela é necessária para tudo se resolver. Ela é a pessoa que o demônio quer. Ele só irá sair de Casey quando conseguir quem ele quer, e esse parece ser o momento. Angela tem consciência disso e, conforme o tempo passa, ela parece estar tomando coragem para fazer a coisa certa. A omissão desse fato para os padres acabou interferindo no exorcismo, mas será que ela irá tentar se desculpar por isso? Uma mãe faz de tudo pelos filhos, mas até que ponto é necessário continuar lutando? Apesar de querer ajudar, Angela ainda está enfraquecida com toda a situação. Ela não pode fazer isso sozinha, ela precisa de Henry. Mas, será que ele precisa dela?
Enquanto isso, Kat acaba se culpando por tudo que houve. E, apesar de parte da culpa ser realmente dela, ela ainda acaba sendo uma das vítimas da história. Ela é inocente e só queria o bem da irmã, quem pode culpá-la? Assim como Regan era inocente ao mexer com o tabuleiro, Kat também era inocente nesse aspecto. Ela está vendo tudo em sua volta desabando, será que estará preparada se Casey não sobreviver? E, mesmo que a consigam trazer de volta, o relacionamento das duas pode não funcionar como antes. Aliás, provavelmente nenhum irá. Os traumas dessa família os perseguirão paro o resto de suas vidas.
Casey, por sua vez, está na pior situação possível. Dessa vez não foi possível ver pelo o que ela está passando interiormente, mas suas palavras finais já demonstram o desespero. Apesar daquela demonstração de força de Marcus, a história ainda não acabou. Ela está presa com o demônio e, a cada dia que passa, essa ligação se torna mais forte. Tudo que resta a ela é sua alma, mas até quando ela irá durar? Sem alma, ela é apenas um corpo livre. Sem alma, ela é apenas alguém sem sonhos e esperanças. Sem alma, ela não é Casey. Sem alma, ela é apenas uma garota que foi destruída por dentro. Marcus a tem em suas mãos, mas será que isso será suficiente?
E, falando no padre, as coisas andam cada vez mais difíceis para ele. Depois das mentiras de Angela e das falhas de Tomás, ele quer fazer tudo sozinho novamente. O problema é que a fé dele não é forte o suficiente para o que está vindo. Ele precisa do amigo, ele precisa de Tomás. Apesar das discussões, os dois ainda precisam um do outro. Marcus não faz mais parte da igreja, mas será que isso o impedirá? Tudo que ele quer é salvar Casey, mas quem irá salvá-lo? Ele se diz forte, mas ainda está destruído por dentro; todos estão. A vida da garota está em suas mãos, e ele não pode deixar isso escapar por puro egoísmo e arrogância.
Já Tomás está enfrentando seus próprios demônios. O relacionamento dele com Jessica está se tornando cada vez mais forte, mas será que ele conseguirá sair disso? É nítido que chegará a hora de escolher entre ela e a Igreja. O que ele fará? Além disso, o acordo dele Maria Walters pode acabar trazendo graves consequências. Por motivos ainda desconhecidos, ele é necessário para que a história possa acontecer, e ela é a ponte que o conduzirá a isso. Sem perceber, ele entrou em uma cela sem saídas. Ele está caminhando para sua própria perdição.
Maria Walters, por sua vez, finalmente revelou a que veio. Passamos metade da temporada tentando descobrir as motivações que moviam a personagem, e agora tudo está sendo revelado. “Ele está vindo” e ela fazer parte dessa vinda. Ainda não ficou claro se o Vocare Pulvere foi somente aquilo, nem mesmo quem possuiu o policial. Tudo que ficou claro foi o perigo que está crescendo na margem da história e a luta pessoal de Maria. Ela queria ser escolhida e não ficou nada feliz com o resultado. Será que isso trará consequências? Ela tratava Lúcifer como seu pai, mas o que um filho faz quando o pai o ignora? Talvez essa tenha sido a faísca para uma possível troca de lados, mas ainda não é possível afirmar com certeza.
É interessante também ver como a série está introduzindo problemas atuais. O racismo acontece e, na maioria das vezes, nem percebemos. Afinal, várias pessoas foram mortas de maneiras horríveis, mas somente o desaparecimento de uma garota conseguiu mobilizar Chicago. Vendo isso, é impossível não se lembrar de uma famigerada cena em “Todo Mundo em Pânico 3”, onde a personagem Brenda diz “Hoje 40 negros foram espancados pela polícia, mas o mundo só quer saber da garota branca que caiu no poço”. Apesar de serem mídias distintas, a crítica é a mesma. A diferença é que The Exorcist nos traz o lado mais real da situação, nos mostrando que a realidade não é apenas o que vemos na televisão. A realidade acontece em nossa volta. Toda vida importa, não importa sua origem. E, mesmo sabendo que dificilmente continuarão trabalhando esse tema, pois poderia acabar saindo da proposta da série, é interessante ver que, por pelo menos um momento, conseguímos ver o verdadeiro mal na sociedade.
No geral, The Exorcist continua fazendo um bom trabalho e já começa a preparar o terreno para seu final. Resta saber se a história conseguirá se encerrar de forma satisfatória. Mas, levando em conta tudo que nos foi apresentado, é impossível não criar expectativas pelos rumos da história. Ainda não é possível afirmar, mas se necessário, a série tem tudo para garantir um segundo ano.
Observações:
–A cena do túnel foi incrível, mas a fuga da Casey…
–Feliz que aquele casal retornou. Simpatizei com os personagens desde o começo.
–Coitado do Bennett, mal sabe aonde foi se meter.
–Confesso que quando a Casey apareceu atrás da Angela meu coração parou por um tempo.
–Os sotaques de Daniels e Herrera interagindo é uma das melhores coisas que veremos nessa vida.
–Eu poderia ver um monólogo de vários episódios da Geena Davis. Sério.
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