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The Exorcist – 1×10 Chapter Ten: Three Rooms (Season Finale)

Por: em 19 de dezembro de 2016

The Exorcist – 1×10 Chapter Ten: Three Rooms (Season Finale)

Por: em

Incrível. Após todas as cenas que nos foram apresentadas, já parece ser possível afirmar que The Exorcist foi uma das melhores séries de 2016. Não somente pelos acontecimentos, mas pela história em geral. No momento, a indústria do audiovisual carece de boas produções de terror, tanto em filmes quanto em séries. Na maioria das vezes, o terror utilizado nessas produções são os sustos clichês e o derramamento doentio de sangue. No primeiro episódio, a pouca audiência que a série conseguiu ficou dividida. Alguns gostaram, mas outros acharam um grande excesso de informações. Mas, após isso, é inegável o fato de que, até o final, a série somente evoluiu. Enquanto outras séries e filmes apresentam um terror já saturado na indústria, a série em questão resolveu apostar além, nos mostrando um verdadeiro terror psicológico com profundidade. Esse final não apenas deu esperança aos personagens, como também deu a nós, fãs de um bom terror. Senhoras e senhores, apresento a vocês a última review da primeira temporada de The Exorcist.

Kirsten Fitzgerald - The Exorcist

Começando do início, é hora de falar sobre a família Rance. A primeira vez que vimos Angela, é de consenso que havia algo muito estranho na personagem. Afinal, será que uma possessão é a primeira coisa que pensamos ao ver alguém agindo estranho? No caso dela, nós só descobrimos o motivo disso mais tarde. Sendo um dos melhores momentos da série, o plot twist do quinto capítulo redefiniu o caminho do roteiro, dando uma cara nova para a história. Se antes pensávamos assistir a história de Angela Rance, agora nós descobrimos que estávamos assistindo o final da história de Regan MacNeil. Quando foi anunciada uma nova história baseada nesse universo, era difícil imaginar que fariam uma sequência do filme original. Mesmo sendo uma aposta ousada, é nítido o quão bem trabalhado foi o roteiro. Em nenhum momento a história da série atrapalhou a do filme, apenas nos mostrou uma nova perspectiva do terror. Afinal, o que acontece com alguém que já foi possuído? Todas as histórias paravam no momento que as pessoas eram salvas, mas como será que elas seguiam a vida? No caso de Angela, podemos notar que ela nunca foi salva. Desde sua possessão, ela sempre trancou uma parte de si em um local secreto. Mas, graças a sua família, ela finalmente conseguiu se libertar.

É interessante notar como sua família influenciou diretamente em todos os seus momentos. Cada acontecimento fazia Angela refletir sobre seu passado. E, para sua surpresa, estava certa. Pazuzu realmente tinha retornado, mas agora era sua filha que corria perigo. Como história central, o exorcismo de Casey foi bem trabalhado do início ao fim. Claro, é impossível negar algumas inconsistências no roteiro. Angela sabia que era uma possessão, mas o resto da família não fazia ideia. Seguindo a lógica, a garota deveria ter sido levada aos médicos bem mais cedo. Descartar problemas psicológicos é o primeiro passo para comprovar uma possessão. E, mesmo que todos nós soubéssemos a verdade, o resto da família não sabia. Então, vê-los concordar com Angela tão cedo foi, no mínimo, estranho. Ainda, acabou fazendo falta um maior aprofundamento sobre o que levou Casey a aceitar o demônio. Mesmo assim, esse núcleo se mostrou como o mais interessante de todos. Não somente vimos como um possuído fica após a possessão, como também vimos o que se passa na cabeça de um possuído durante uma possessão. Esse foi, claramente, um dos pontos mais fortes da série.

Henry, mesmo não conseguindo um plot tão forte, ainda conseguiu ter importância na história. Antes, Angela não tinha ninguém para buscar apoio, apenas a si mesma. Depois, ela finalmente tinha sua família, em especial o marido. Henry sempre foi uma boa pessoa e, mesmo com tantas mentiras da esposa, ainda conseguiu ficar ao lado dela no final. Mesmo não sabendo como era a personalidade dele antes do acidente, é possível notar a bondade que reside nele. Angela precisou de sua própria força para se livrar do demônio, mas foi graças a sua família que essa força despertou. A esperança deles acendeu a esperança dela mesmo. Alguns acharam ser um final feliz demais, mas esse talvez tenha sido o propósito. Afinal, como tantas coisas ruins que acontecem no dia-a-dia, será que não merecemos algo bom de vez em quando? Mais importante que a história, a moral que a série nos passou foi, sem dúvidas, uma das melhores coisas. Mesmo com tantas adversidades, nenhum deles deixou de ter esperanças. E, mesmo sendo difícil, nós também precisamos. Sabe o mundo lá fora? O mundo onde pessoas são mortas e feridas todos os dias? O mundo onde pessoas choram e traem a todo minuto? O mundo onde cada vez mais pessoas esquecem o que é ser feliz? Acredite ou não, esse mundo vale a pena. Talvez ele não seja a melhor casa, mas é a nossa casa. Muitos não acreditam em mudanças, mas elas são possíveis. Talvez não vejamos os resultados de nossas atitudes, mas as pessoas do futuro verão. Nós talvez não tenhamos esperanças, mas podemos fazer com que as pessoas do futuro tenham. A esperança do mundo está em nossas mãos.

Hannah Kasulka - The Exorcist

Em segundo plano, tivemos a história dos padres exorcistas. Tomás, que desde o início já mostrou alguns problemas com sua fé, foi uma das peças mais importantes dessa história. Foi ótimo ver a evolução de um padre simples para o salvador de uma família. Sem ele, a família Rance poderia nem existir agora. Mesmo com todos os seus problemas, ele sempre manteve a esperança. Seu passado, mesmo sendo seu ponto fraco, foi o que lhe deu forças. Ele conseguiu pegar tudo de ruim de sua vida e fazer daquilo sua motivação para seguir em frente. Muitas vezes nos lamentamos pelo que nos acontecesse, mas esquecemos de que tudo isso pode ser uma lição. Nós só sabemos o que é alegria após conhecermos a tristeza. Assim como ele, nós também temos a força necessária para seguir em frente. Tomás não apenas passou esperança para aquela família, como também nos mostrou o que é ter esperança. Ela não nos torna fracos, mas sim mais fortes. É ela que nos diferencia de todos os outros. O único problema nessa história foi seu relacionamento com Jessica. Por já possuir uma carga dramática grande, esse relacionamento não apenas provou ser desnecessário, como também foi um atraso para a história dele. Parece impossível algo tão grande ter sido resolvido com apenas uma conversa, mas foi o que houve. Como nem tudo é perfeito, esse é um dos poucos pontos negativos da série.

Marcus, por sua vez, acabou sendo o segundo personagem com mais profundidade na história. Diferente de Tomás, seus problemas estavam ligados diretamente com a Igreja. Com um passado revelado apenas no final, descobrimos o que o motivou a se tornar um padre. No começo, também nos foi mostrado seu primeiro contato com um possuído. Mas, além de tudo isso, o mais importante foi a apresentação do personagem. Nós não o conhecemos quando foi um grande exorcista, mas sim quando se tornou alguém sem esperanças. Após tantos acontecimentos, a morte do garoto acabou sendo o ponto final de sua história. Mas, felizmente, isso acabou sendo apenas uma vírgula. Assim como Tomás, ele também acabou lutando por sua esperança. Foi interessante vê-lo em uma história totalmente diferente do amigo. Querendo ou não, era nítido que seu problema era bem maior. A seita foi, depois de Pazuzu, a maior vilã da série. E, pelo final apresentado, é nítido que ainda há muito que mostrar. Marcus, sem nenhuma dúvida, foi essencial nessa história. Ele não apenas recuperou sua esperança, como também manteve a de todas as pessoas. Além disso, foi mais do que merecido o reencontro com o padre Bennett, o qual não estava morto. Após tantas mortes, essa aparição acabou sendo bem aceita. Claro, é importante notar que ainda faltam muitas coisas sobre o padre a serem mostradas, como sua sexualidade. Como vimos há alguns episódios atrás, ele também possuí desejos carnais, mas por homens. Como será que isso irá influenciar em sua vida como exorcista? Ainda, já que Tomás também passou por um relacionamento como padre, será ele o único capaz de ajudar o amigo? Seria interessante ver esse papel de ajudante invertido, já que nesse primeiro ano Tomás precisou completamente de Marcus.

Já o terceiro núcleo, sendo também o que criou mais expectativas, acabou não sendo nada do que esperávamos. A história foi boa, mas tudo foi muito rápido. O problema talvez tenha sido no timing da história. Estando sempre como plano de fundo, a história só começou a caminhar de verdade já na reta final. Mesmo assim, acabou rendendo ótimos momentos. É interessante notar como a Igreja foi representada. Ao invés de vermos o lado habitual, acabamos conhecendo o lado sombrio da mesma. Ninguém é perfeito, todos são influenciáveis. O ser humano sempre foi um ser corrupto. Desde o princípio, já existiam brigas por fogo, armas e terras. Desde o início, já existia traição. O importante foi ver que, mesmo parecendo difícil, ainda há esperanças. Apesar do ser humano ser corrupto por natureza, nós não precisamos ser assim. Do mesmo modo que Marcus não servia à Igreja, mas Deus, nós também podemos escolher não servir à nossa natureza, mas sim nossa própria vontade. Nós não podemos escolher onde começar, mas podemos escolher que caminho seguir. Um exemplo disso foi Maria Walters. Infelizmente, nós não vimos seu potencial total nesse primeiro ano, mas já sabemos que há muito que mostrar. Mesmo não sendo a escolhida, ela correu atrás do que queria. Esse talvez não seja o melhor exemplo para tomarmos como prática, mas chega perto. E, assim como ela, a cena final também nos mostrou isso. Angela correu atrás de sua liberdade e, felizmente, conseguiu. Será que não é hora para irmos atrás de nossos sonhos também?

Geena Davis - The Exorcist

No geral, The Exorcist foi uma série brilhante. Do começo ao fim, foi possível sentir diversos tipos de emoções. Nós choramos, rimos, nos assustamos, nos surpreendemos e, sobretudo, ficamos esperançosos. Torcer pela salvação da família e da humanidade não apenas nos ajudou a ver nosso melhor lado, como também nos ajudou a trabalhar esse lado. Graças a esses acontecimentos, nós conseguimos lembrar o que é torcer pelo bem das pessoas e aprender com suas experiências. Graças a esses acontecimentos, nós conseguimos descobrir o que é certo e errado e o poder que o amor tem em nossas vidas. Graças a esses acontecimentos, nós conseguimos lembrar o que é ter esperanças. Ainda não foi confirmada uma segunda temporada, mas é importante notar que, apesar de baixa, a audiência se manteve. E, levando em conta a falta de grandes séries na grade da Fox – além do horário e dia de exibição dessa em questão –, talvez já seja possível criar esperanças. E, caso não sejam atendidas, agora nós já sabemos como seguir em frente. Muito obrigado por me acompanharem até aqui e espero vê-los em breve.

Observações:

Achei mesmo que a Angela não fosse sobreviver. Fiquei feliz por ter dado tudo certo.

Se tivessem cortado meu pulso eu já estaria desmaiado. Não sirvo para ser exorcista.

Não comentei sobre a Kat, pois iria repetir tudo que já disse anteriormente. A personagem serviu apenas para pano de fundo mesmo.

Vou sentir falta dessa abertura. Sempre me arrepio com ela.

A equipe de fotografia e trilha sonora, assim como nos outros episódios, merecem palmas.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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