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The Flash – 3×16 Into the Speed Force

Por: em 16 de março de 2017

The Flash – 3×16 Into the Speed Force

Por: em

Um mergulho psicológico nos medos, nas culpas e nos mais profundos sentimentos de Barry.

É basicamente isso que “Into the Speed Force”, outro ótimo episódio dessa mediana temporada de The Flash se propõe a fazer – e o consegue, ainda que de uma maneira não tanto eficaz como vimos na reta final do ano anterior. Colocando Bar em uma viagem à entidade ancestral para resgatar Wally, o roteiro não trouxe exatamente nada de novo, mas desenvolveu um pouco mais o emocional do personagem, voltou a ligar a trama de Savitar ao flashpoint e forneceu um novo rumo para os episódios finais dessa season 3, além de nos permitir rever personagens queridos (como Eddie) e alguns nem tão queridos assim (Amell Jr, eu tô olhando pra você). Tanto eles como Snart estiveram de volta para lembrar ao Velocista Escarlate, da maneira mais cruel, o quanto ele afetou a vida de todas as pessoas que entraram em sua vida e como esse é um peso que ele deve carregar sozinho.

Eddie e Ronnie estiveram presentes aqui (na forma de materializações da Speed Force) com o objetivo de mostrar a Barry a vida que eles poderiam ter tido caso não tivessem, ambos, se sacrificado para salvar o dia. É óbvio que Barry não pediu pra nenhum deles fazer nenhum sacrifício, mas tirar esse peso das suas costas seria errôneo, até porque é exatamente disso que o episódio quer falar: sobre como as escolhas dele afetam muito mais aqueles que estão ao seu redor do que a ele próprio. E isso fica muito claro quando olhamos os acontecimentos e o modo como ele se portou, colocando nas costas de Wally a responsabilidade de ser mais rápido que Savitar e salvar Iris – uma coisa com a qual ele deveria ter que lidar. Algo que ele, finalmente, entendeu. No momento em que Barry escolhe cortar o que ligava ele a Cisco na Terra para derrotar o Espectro no Tempo (aproveito pra falar que tava esperando um pouquinho mais desse confronto), ele sabia que, em certo ponto, a culpa do que aconteceu a Wally era dele. E estava disposto a sacrificar tudo para salvar o garoto.

E ele precisava. Estar preso num looping temporal revivendo o pior momento de sua vida (no caso de Wally, o momento da morte da mãe) não é algo que qualquer pessoa aguente e deve causar um trauma que vai assombrar o garoto por um bom tempo. A cena em que Barry o encontra chorando e assustado é uma das melhores da temporada até aqui e só não é melhor porque Keynan Lonsdale está longe de ser um bom ator e embora não chegue a comprometer o momento, não consegue emular a emoção necessária para que ele funcione como deveria. O que é exatamente o oposto de John Wesley Shipp, que em poucos minutos como Jay Garrick, consegue não apenas convencer, como aumentar o nível do episódio. A presença do personagem foi uma ótima surpresa, à propósito. Por mais que seja uma saída de roteiro conveniente para a libertação de Wally, não é algo absurdo (ainda mais perto do que a série vinha apresentando) e que dá pra ser aceito sem muito esforço. Além do que, seus momentos com Barry sempre vem carregados de emoção e dessa vez não foi diferente. Foi emocionante vê-lo falar que “já correu demais” e que é hora de parar um pouco e pagar a “dívida” que tem com o velocista.

Outros dois pontos menores dentro desse plot que merecem ser comentados são a rápida participação de Snart (é sempre bom ver Wentworth Miller em cena) e como o flashpoint, mais uma vez, aparece como “nêmesis” da temporada. Foi o fato de Barry ter criando a nova linha temporal salvando sua mãe que fez com que a Speed Force perdesse sua “confiança” nele e se mostrasse mais reticente a colaborar na libertação de Wally.

E enquanto o Kid Flash estava preso, coube a Jesse fazer as vezes de jovem imprudente. Rastrear Savitar do pedaço de armadura dele que ficou em Barry até é uma boa ideia, numa tentativa de antever os passos do vilão. Mas sair correndo atrás dele… Já seria uma burrice antes do que aconteceu a Wally, nas atuais circunstâncias então. É impulsivo, mesquinho e até egoísta, por ser baseado num tipo de raiva/vingança e pelo grau de perigo a que garota se expõe depois de tudo que ela fez para ficar na Terra-1 com seu namorado. Ok, a situação serviu para a grande descoberta (sim, estou sendo irônico) de que por trás da armadura de Savitar, existe um homem de carne e osso. É algo um pouco óbvio e me surpreendeu que nenhum deles tenha pensado antes nisso e que a descoberta tenha sido recebida com uma surpresa – ao menos foi o que pareceu.

Na contramão disso, o desdobramento das ações de Jesse trouxe uma aproximação interessante entre ela e H.R. É fato que o Wells da Terra-19 não é nunca será Harry, mas ele tem aos poucos tentado se encaixar naquele mundo e vem conseguindo, dia após dia, pedaço por pedaço. Os momentos que os dois compartilharam foram interessantes e talvez tenham tido um pouco de responsabilidade na decisão impulsiva e estranha da garota de viajar até a Terra-3 e se tornar o Flash lá. Ok, seus argumentos foram bons, mas depois de tudo que ela e Wally viveram para ficar juntos, não é uma escolha muito fácil de aceitar, especialmente agora, que o Kid Flash passou por um trauma pesado e, provavelmente, conseguiria se recuperar mais rápido se a tivesse a seu lado. Externamente, tudo deve ter se dado devidos a questões contratuais com a atriz, mas ainda assim…

E, no fim das contas, o impacto da viagem à SpeedForce foi muito maior do que parecia para Barry. Além de realizar que errou ao jogar todo o peso de salvar Iris para Wally, ele percebeu que salvar a garota é algo que ele precisa fazer sozinho, sem ajuda e interferência de ninguém. O rompimento ter partido de Allen foi algo que me surpreendeu, já que todos os sinais do episódio (ao menos até ele retornar da Speed Force) davam a entender que Iris, magoada pela história do noivado, seria a pessoa a pedir um tempo. É a prova de que as muitas verdades na cara que ele levou dentro da Speed Force realmente mexeram com o garoto e o fizeram colocar em xeque muita coisa que ele dava como certo. Narrativamente falando, foi algo bacana também por mudar um pouco o status quo em que a série se encontrava e agitar um pouco essa reta final de temporada.


Outras observações:

— Foi um ótimo episódio, mas eu só consigo pensar em como a temporada estaria muito melhor se, ao invés do 16, ele fosse o 12 ou 13.

— Mas cê jura que Savitar se feriu com aquilo? Esperava mais de você, monstrão.

— Rick Cosnett podia voltar pra série de vez, né? Saudades, Eddie.

— Os efeitos da Speed Force são tão bonitos.

— Um alento: Saber que na Terra-19 tem Super Mario.

— Wally é chato, mas tá dando vontade de abraçar ele depois de tudo que ele passou.

Semana que vem teremos o esperado crossover musical com Supergirl. A promo está excelente e espero que o roteiro seja tão bom quanto o de outros episódios musicais foram (inclusive, se for 50% do que foi o musical de Buffy, já estamos bem). Confere a promo aí e, até lá, deixe seu comentário. 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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