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The Get Down – 1×03 Darkness Is Your Candle

Por: em 13 de agosto de 2016

The Get Down – 1×03 Darkness Is Your Candle

Por: em

Às 21h34 no dia 13 de julho de 1977, as luzes de Nova York se apagaram. Nesse momento, Mylene estava no estúdio tentando gravar sua primeira música com Jackie Moreno. O Quarteto Fantástico Mais Um se preparava para se juntar ao caos que se espalhava pelo Bronx. É claro que existe um prelúdio para cada uma dessas cenas, mas para olhar o valor de Darkness Is Your Candle, é preciso reconhecer a importância desses minutos de escuridão.

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O que antecedeu o momento catártico dos membros do Quarteto Fantástico Mais Um foi uma série de decisões ruins. Na esperança de recuperar os equipamentos perdidos com o incêndio e voltar a construir o sonho de ser “maior que o Bronx”, eles tentam pegar o caminho mais fácil e conquistar dinheiro rápido. Zeke, Dizzee, Boo-Boo e Ra-Ra promovem uma festa com uma mixtape pirata do Grandmaster Flash comprada por dez dólares, enquanto Shao reconquista seu trabalha com Fat Annie e retorna à rotina de danças sensuais e beijinhos na chefona. As intensões são boas, mas nenhuma dessas iniciativas resultam no que eles imaginavam. A festa é invadida por capangas do DJ que além de recolher o dinheiro que eles ganharam, destroem o salão dos Kiplings; e o trabalho do Fantástico se torna muito mais difícil que o esperado.

Bom, se podemos concluir algo rapidamente é que nada que vem de Cadillac pode ser bom (e isso inclui aquela canção horrorosa que falaremos mais a frente). Então, era evidente que a euforia dos meninos com a ostentação trazida pelo carro seria destruída pela verdadeira motivação do filho da dona Annie. Cadillac não queria se livrar do carro, mas do corpo do adolescente que ele matou “acidentalmente” no Los Inferno, mas quando o grupo percebe isso já é tarde demais para não se comprometer com a situação.

O momento é tenso e assustador, mas não é hora para ninguém fugir. Por isso, Books toma a posição de líder que foi feita para ele assumir. “Se alguém cair, todos caímos. É como dizem: ‘Tem que acreditar em alguma coisa, senão cai por qualquer coisa’”, afirma. Zeke, Dizzee, Boo-Boo, Ra-Ra e Shaolin começaram o episódio como o Quarteto Fantástico Mais Um, mas avançam na escuridão do Bronx com um outro nome, objetivo e comportamento. Enquanto pessoas saqueiam inúmeras lojas na cidade, os Get Down Brothers se vigam de Cadillac e levam do Los Inferno o que eles acham que têm direito. É um caminho sem volta, mas era impossível sobreviver a essa noite (ou a vida no Bronx, se considerarmos a metáfora) sem perder um pouco do que se é. E pelo menos, a gangue sai dessa experiência mais forte. Os últimos versos cantados por Zeke no rap que abre o episódio resumem bem esse momento: “Alguma coisa tem que morrer/ Para que alguma coisa nova possa viver”.

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É claro que a letra se refere diretamente ascensão do hip-hop e aos problemas da indústria musical, mas a transição da cena de abertura com “That’s the Way (I Like It)” (uma música tão chiclete que ainda é tocada por toda banda de formatura desse Brasil) para uma reunião “excêntrica” da antiga gravadora de Jackie vem para destacar a tese da música composta por Nas: as gravadoras vão precisar mudar se quiserem acompanhar as tranformações que provocaram o hip-hop e foram causadas por ele. Canções como “Boogie Oogie Disco Biscuit” podem vender como água no deserto, mas elas não possuem nem um pingo da força da música que Mylene precisa. Jackie faz e fala muitas bobagens, mas ele estava certo: música é serviço público! 

Mylene encontra um fim a frustação musical com “Up The Ladder To The Roof”, canção que acompanha a cantora até os últimos segundos do episódio quando ela e Zeke se entregam verdadeiramente um ao outro no momento mais romântico (e mais Moulin Rouge) da série até aqui.

Eventualmente a história do Bronx e do hip-hop encontrará seu caminho em The Get Down e ela não vai depender de Books, Dizzee, Boo-Boo, Ra-Ra, Shaolin ou Mylene, mas o hip-hop deve se manter imprescindível para história desses personagens. Darkness Is Your Candle consegue ser superior aos episódios anteriores porque coloca a importância da música em perspectiva, mas também fortalece os relacionamentos da série, afinal é por causa deles que estamos aqui. 

Outros comentários:

Besame mucho: acho que não vai nem precisar de exame no Programa do Ratinho para comprovar que Cisco é pai de Mylene.

– “Sem briga, tenham modos, sem mordidas, sem estranhos, e sem balões d’água!” Winston Kipling é o melhor pai <3

– Se o Gustavo está babando pela Herizen F. Guardiola, com justiça, é claro, eu posso elogiar a atuação de Justice Smith só um pouquinho né? Além do carisma, dá para notar que a cada episódio, Smith fica mais confiante e confortável no papel do rapper.

– Queria elogiar o swag de Shameik Moore também, mas é melhor deixar para lá…

E você? Onde estava no apagão de 1977? Gostou do episódio? Vem comentar com os Apaixonados e continue acompanhando nossa maratona!

 

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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