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The Good Wife – 7×13 Judged

Por: em 7 de fevereiro de 2016

The Good Wife – 7×13 Judged

Por: em

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Em dado momento de Judged, episódio dessa semana de The Good Wife, depois de perceber a grande burrada que fez, Alicia senta e ri. Até os santos tem seus momentos de desgraça. Lucca, ajudante fiel olha a situação toda com estranhamento. Por que rir das tragédias? Rir das tragédias minimiza seu potencial destruidor. Talvez seja uma boa justificativa para o riso de Alicia. Ou só aquela risada nervosa quando algo dá errado em nossas vidas. Quando paro e penso na atual temporada de The Good Wife  alterno entre Alicia e seu riso nervoso e Lucca com seu olhar perdido.

O episódio poderia ser resumido com uma bela canção brega de Carly Simon: Coming Around Again. Só essa música pra justificar um roteiro que dá voltas e voltas pra parar no mesmo lugar. Podemos substituir o laquê de Simon pelas perucas estranhas de Marguiles, “willing to play the game” por “Vamo trocar de firma mais uma vez?” e outras mudanças que essa canção de 86 seria um belo tema de abertura para esse drama político judicial que virou… uma comédia.

Antes de entrar na parte importante do episódio, que inclui flertes no elevador e Alicia beijando Jason é preciso falar dos casos da semana. Diane é um mero acessório em sua trama: uma aluna de faculdade particular se envolve numa polêmica com a reitoria, já que o jornal editorado pela cliente em questão aborda polêmicas sobre Israel e Palestina. A ideia por trás do caso é até interessante, Diane mais uma vez defendendo casos que envolvem liberdade de expressão. O plot  serviu também para Jason se mostrar útil e receber uma oferta de emprego como advogado na empresa de Diane. O principal problema é que ele destoa do episódio no geral e é realmente bobo. Uma pena um personagem tão interessante como Diane desperdiçado por ali. A impressão é de que essa trama foi adicionada simplesmente para inserir a personagem.

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O caso de Alicia é mais complexo e até divertido: seu primeiro cliente, quando ela ainda nem sabia como agir nas bar courts  recebeu uma fiança altíssima, uma punição vinda de Schakowsky e passou oito meses preso, esperando o julgamento. A promotoria, a cada novo encontro, dizia estar procurando novas testemunhas. Clayton Riggs viu sua vida desmoronar na prisão: perdeu sua liberdade, a esposa e a guarda do filho. Ele pede ajuda à Alicia que, num gesto de vingança ou sendo a santa Alicia que conhecemos, decide processar o juiz.

Tenho a impressão de que vamos assistir novamente Schakowsky e seu show de corrupção. Nas sessões vale tudo: sussurrar para o caricato Bernie, apelar para a camaradagem com o juiz John Mata… A boa esposa acaba perdendo o processo e, pior, sendo processada em 1.5 milhão de dólares por danos morais. “As pessoas acham que você é rica.” E Alicia começa a rir.

Com os casos da semana devidamente explicados é hora de chegar no que realmente importou nesse episódio. Alicia e Jason. Depois de um momento honesto com Eli (mais uma vez implorando perdão) que fala tudo o que estava engasgado. Principalmente o fato de que ele não estragou nada entre ela e Will. Sua atitude foi errada mas ela teve a sua chance com o advogado e não deu certo. Uma fatalidade da vida, mas uma fatalidade que não é culpa de Gold.
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A tensão sexual entre Alicia e Jason é palpável. Depois do luto por Will, ela decide se perdoar pelos erros do passado e tentar novamente um relacionamento, justificando a existência desse personagem monocrático, irritante e com poucas expressões faciais. Will, Finn e Peter eram mais complexos, cheios de nuances e expressões. Tudo o que Jason parece saber é salvar o dia com alguma descoberta mirabolante ou usar sua lábia e jeito conquistador, que soam falsos, exagerados.

Judged também trouxe um momento de explosão de sua protagonista com Lucca. A cena, confessional, mostra todos os medos dessa mulher. Do trabalho, família e qual é o sentido da vida.  Por fim, Cary convida Alicia e Lucca para serem associadas do que? Isso mesmo. Lockhart/Argos.

Parece até legal se não tivéssemos assistido tudo isso acontecer anteriormente. Jason é a uma versão repaginada de Will (com o fator bad ass aumentado); Lucca (a melhor adição da temporada) não deixa de ser uma Kalinda açucarada e a mudança de firmas seria até legal se não acontecesse pela quarta vez. A temporada chega na sua segunda parte e a série tornou-se uma comédia do pior tipo: o humor aqui não decorre da intenção dos roteiristas e sim da falta de senso deles.

 

p.s. Foi difícil levar esse episódio a sério e escrever a resenha: muitas vezes pensei em inserir memes e virais, mas permaneci sério. Vamos ver durante quanto tempo duro nessa prova de resistência.


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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