A cena de abertura do episódio 7×16 de The Good Wife é mais um daqueles momentos íntimos de Alicia e Jason. Confesso que só por esse começo já torci o nariz, já que como vocês podem acompanhar nas reviews anteriores, considero esse casal muito forçado e a própria trama envolvendo o relacionamento pouco natural. Mas aí veio a surpresa. O episódio foi bom. Não sei se bom num padrão da série ou bom para o padrão dessa temporada, fato é que consegui assistir sem pausar nenhuma vez.
Hearing ficou responsável por construir a relação entre Alicia e Jason, dotando-os de uma dimensão casual, como qualquer casal, e não uma advogada casada com o governador e um investigador misterioso. Assistindo filmes, comendo pizzas e tomando banho eles são só duas pessoas tentando fazer um relacionamento acontecer.
E funciona, principalmente por causa das situações que permeiam o episódio, como a aparição de Veronica e Owen, que fazem falta à série. A mãe problemática e o irmão sem noção, ambos comentando sobre a beleza de Jason, junto com a visita de Eli, são elementos comuns ao imaginário de The Good Wife e da vida de sua protagonista. Esses elementos são metáforas também para a vida conjugal das pessoas normais, espectadores, que também possuem parentes e amigos próximos parecidos com aqueles presentes na televisão e ajuda a criar um vínculo de identificação.
Por mim, o episódio precisaria manter somente essa trama. Os acontecimentos envolvendo o golpe sofrido por Veronica não são tão interessantes ou indispensáveis. Agora a trama do tribunal é divertida e traz mais uma vez a figura de Eli ouvindo conversas alheias, dessa vez para saber do que se trata as famigeradas audiências em torno do processo sofrido por Peter. Apesar das cenas divertidas, é meio implausível que seja possível ouvir uma audiência através das tubulações do banheiro. Como uma boa esposa, Alicia sabe precisamente manipular o júri e usar de todo seu carisma. Apesar de não querer mais dividir a cama com Peter, ela sabe o quão lucrativo é dividir o sobrenome e manter esse casamento mesmo na fachada.
Shoot foi bem menos interessante que o episódio anterior. O caso da semana envolvia um pai que perdeu sua filha por causa de um tiroteio na vizinhança e decide fazer um outdoor culpabilizando a loja que vendeu o armamento para os criminosos. A reconstituição dessa pequena história ficou parecida com uma versão gringa do Linha Direta e teria sido muito mais eficaz reconstituir os acontecimentos através da fala de um dos envolvidos no processo.
Alicia ficou responsável por cuidar do processo que a filha Grace se envolveu, acusada de plagiar ensaio de ingresso na faculdade. Sim, o caso foi ruim. Ao mesmo tempo é legal ver Grace de volta aos episódios e Alicia mãe protetora. Jason mostrou ter outros interesses românticos e Alicia viu de camarote o investigador ficando com outra. Uma trama que perpassou os dois últimos episódios é a provável firma feminina de Diane, que seria uma ideia legal se fosse há duas, três temporadas atrás. Agora só parece falta de criatividade do roteiro.
