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The Kennedys – Vale cada minuto!

Por: em 29 de abril de 2011

The Kennedys – Vale cada minuto!

Por: em

Desde criança tenho verdadeira fascinação por minisséries e filmes biográficos. Me encanta ver a vida de celebridades políticas, do cinema ou da tevê tendo suas trajetórias sendo recontadas, mesmo que com um pouco (ou muito) de liberdade poética. Por essa paixão a esse gênero, encarei quase que ininterruptamente os oito episódios da minissérie “The Kennedys”.

Com um custo de US$ 30 milhões e o status de o programa mais caro produzido pelo canal “The History Channel”, a série causou polêmica muito antes de ser exibida nos Estados Unidos por seu formato ou, mais exatamente, pela forma como a história é contada. Aqui, John Kennedy é mostrado, com o perdão da palavra, quase como um banana: ele é um homem fraco, doente e que vive atormentado pelo fantasma do irmão, Joe Jr., morto durante a Segunda Guerra e que, segundo seu pai, possuía o dom nato para a política, ao contrário do relutante futuro presidente.

O patriarca da família Kennedy, aliás, aqui é descrito praticamente como “O Poderoso Chefão”, decidindo o presente e o futuro de seus filhos, comprando qualquer um que atrapalhe seus planos e trazendo sua mulher praticamente com “rédeas curtas”. A mãe de Jack Kennedy, aliás, é uma das figuras mais humanas da minissérie, embora eu não entenda até agora como ela pôde aguentar as diversas traições do marido, algumas acontecendo diante de seus olhos.

A questão das diversas traições foi outro ponto que desagradou e muito a família Kennedy, especialmente a filha de Jack e Jackye. Com certa razão, já que muitos detalhes da atuação política de seu pai foram deixados de lado para que a produção explorasse mais esse ponto, tanto que nem Marlyn Monroe foi esquecida. A estrela do cinema faz uma rápida aparição na série, que não se preocupa em desmentir o caso entre ela e o presidente. Ao contrário, tudo é deixado absolutamente claro. Mesmo assim, a série ficou devendo o clássico “Happy Birthday, Mr. President” que ela cantou para ele em um de seus aniversários. Essa cena eu adoraria ter visto.

Em relação à forma como ela foi representada aqui tenho minhas críticas, pois tudo o que vi foi uma mulher vulgar e obcecada por um homem, tanto que, ao relatar sua morte, a série deixa no ar a possibilidade de que o término do relacionamento com Kennedy tenha sido o que a levou a cometer suicídio. Mais uma das teorias conspiratórias que os norte-americanos tanto adoram.

Por falar em conspirações, elas não foram deixadas de lado em The Kennedys. Durante boa parte da minissérie foi levantada a questão de um possível envolvimento de Joseph Kennedy com a máfia e a participação desta no assassinato de John Kennedy. Falando nesta sequência, preciso elogiar os roteiristas da minissérie, pelo cuidado em não exibir a tomada do momento da execução de Kennedy, assim como também usaram imagens de arquivo para representar Fidel Castro. Uma saída de bom gosto.

Já que falei nas imagens de arquivo, elas foram muito bem utilizadas durante toda a minissérie, pois combinadas com cenas da produção atual souberam dar o clímax que muitas cenas pediam, como o capítulo que retratou o protesto ocorrido em 1961, no campus da universidade de Oxford contra o ingresso de James Meredith, o primeiro aluno negro a conseguir o direito de estudar em uma universidade pública.

Aqui, a mescla entre ficção e realidade funcionou perfeitamente, assim como a atuação de Greg Kinnear que, se não foi excepcional, soube me cativar, a ponto de eu chegar ao absurdo de torcer para que sua morte não acontecesse, embora eu estivesse muito curiosa para saber como a sequência seria retratada.

Outro ator que esteve muito bem em todas as suas cenas foi Barry Pepper, o intérprete de Robert Kennedy. Embora o personagem tenha passado toda a minissérie como uma espécie de “babá” do presidente, encobrindo todas as suas escapadelas e minimizando o estrago das que vazavam para a imprensa, Barry mostrou força em algumas cenas, como na discussão que teve com um coronel durante as reuniões na Casa Branca para a “resolução” da questão Fidel Castro. E ainda após a morte de John, quando mostrou toda sua veia política, momento que tornou o personagem mais carismático, pois foi quando toda a força da família Kennedy ficou à mostra.

Mas, se as atuações dos dois me conquistaram, não posso dizer o mesmo da de Kate Holmes. A intérprete de Jackeline Kennedy estava fria, quase robótica, e nem de longe se parecia com a verdadeira primeira-dama. Nem em momentos cruciais, como o assassinato de Kennedy fizeram a interpretação de Holmes melhorar. Era como se ela estivesse ali apenas em corpo.

Mesmo com a atuação pífia de Holmes (que quase chega a comprometer a imagem da verdadeira Jackie) e a ênfase exagerada na promiscuidade de toda família (exceção a Bobby, que é descrito quase como um santo, resistindo às investidas de Marlyn Monroe), a minissérie consegue cativar pelo ritmo relativamente ágil: nenhuma das questões levantadas, nem mesmo os conflitos históricos em que os Estados Unidos estiveram envolvidos durante o governo Kennedy ocupa mais do que um capítulo em cena.

Outra estratégia que funciona muito bem e atrai ainda mais são os flashbacks, pois em algumas sequências eles não só contextualizam como explicam certas atitudes dos membros da família, além de explicar o destino de alguns que não são mostrados na minissérie. Tudo em The Kennedys foi estrategicamente elaborado para que o público se sentisse ainda mais atraído por essa carismática família, o que funcionou perfeitamente para mim.

Se depois de ler esse texto você ficou curioso para acompanhar a saga dos Kennedys, no Brasil, a série será exibida pelo canal The History Channel a partir de 22 de maio. O horário ainda não foi divulgado.

Ps: Para os que ainda duvidam do poder de fogo da minissérie, durante o período em que The Kennedys foi exibida, a audiência do canal a cabo ReelzVideo aumentou em 1,8 milhão apenas em seu primeiro dia de exibição, em 3 de maio. Agora é ver como ela será recebida pelo público brasileiro.


Rosangela Santos

São Paulo - SP

Série Favorita: Smalville

Não assiste de jeito nenhum: Grey's Anatomy

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