É uma agradável surpresa ver o episódio, logo nos seus minutos iniciais, ressaltar que o Bertram realmente evoluiu durante seu curto período trabalhando para o Dr. Zinberg. Talvez seja o fato de ter sido o único não-judeu no hospital Monte Sinai, talvez (o que acho mais provável) tenha sido o seu relacionamento com a Esther que tenha feito bem ao garoto Bertie, mas, seja qual for o motivo, é bom poder gostar dele novamente e vê-lo ajudando o John.
Surpresas não faltaram em Not Well at All. Até mesmo Gallinger, que todos sabemos que não vale um real, conseguiu nos mostrar que é ainda pior do que se poderia esperar: além de termos conhecimento do número de adolescentes que foram operados involuntariamente por ele (52 garotos entre 15 e 18 anos!), Everett levou a própria esposa ao sanatório (!!) e pouco tempo depois já estava na cama com sua cunhada (!!).
Das atitudes de Everett, a única que pode ser defendida é ele ter internado a Eleanor. Contestável, mas justificável, afinal, a mulher convidou o Dr. Cotton para a sua casa apenas para envená-lo (e se isso não era suficiente para vermos que ela não está mentalmente saudável, o fato da Sra. Gallinger não imaginar que seria pega tão rapidamente por um crime tão pobremente executado deixa pouca margem para dúvidas). Veja bem, não estou afirmando que era a melhor solução, o tratamento nessas instituições é desumano, mas na época isso não era de conhecimento geral ainda.
Outro casal que pôs as cartas na mesa (finalmente) foi o Cleary e a Harriet. Ainda tinha esperanças de que isso pudesse acabar de outra forma, mas a atitude de Cleary gerou o resultado mais provável: Harry recuou, e se sentiu profundamente ofendida. Torçamos para que ao menos a amizade permaneça, porque a interação entre eles era a mais bonita da série (ao menos para este que vos escreve).
Achou que The Knick abordava questões demais? Soderbergh (felizmente) parece achar que sempre há um espacinho para mais: a conversa da Lucy com a enfermeira gorda sobre a intenção da alta cúpula do hospital de contratar apenas “modelos” para o novo Knickerbocker sugere fortemente que os padrões de beleza podem ser mais uma problemática a ser discutida daqui em diante.
Esse sem dúvida foi um episódio dedicado a desenvolver casais: além dos casos citados acima, outros dois relacionamentos tiveram fim, um de forma escrota (Barrow sendo ele mesmo), e outro de forma trágica, com a morte da Abigail, sem dúvida a mais triste até o momento.
E justamente quando John parecia melhor, acontece uma tragédia que deve levar o Thackery novamente para o fundo do poço. Empenhado em sua pesquisa, vivendo tranquilamente com a sua ex, interagindo com Bertie como nos velhos tempos, tendo resolvido seu problema com o explorador das gêmeas, e com os traumas longe de sua cabeça, o nosso doutor parecia bem, até a vaidade levar uma das novidades mais legais dessa temporada: a interessantíssima Abby . Você vai deixar saudades, Abigail Alford.
P.s.: Aquela cena em que Cleary e a irmã se assustaram com o filme foi ótima, e é mais um exemplo do esmero histórico da série. O filme que eles assistiram existe: chama-se The Big Swallow, e foi o primeiro filme da história do cinema a utilizar a técnica de close-up, plano que consiste em mostrar apenas uma parte do objeto ou assunto filmado (a boca do rapaz, nesse caso). O filme tem pouco mais de um minuto de duração, e vocês podem assisti-lo logo abaixo: