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The Walking Dead – 7×01 The Day Will Come When You Won’t Be

Por: em 26 de outubro de 2016

The Walking Dead – 7×01 The Day Will Come When You Won’t Be

Por: em

Não seria exagero dividir o calendário das séries de TV em dois: na primeira parte do ano somos envoltos na grandiosidade épica de Game of Thrones, que arrasta uma enorme massa de pessoa para dentro de Westeros. No segundo semestre quem comanda o cronograma é The Walking Dead, na agonia permanente de transmitir a sua história em um mundo que – apesar de verossímil, está muito longe de ser o nosso.

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Muita gente reclamou no final da 6ª temporada do modus operandi empregado naquele episódio. Para quem não lembra, durante todo o arco do ano passado, o mistério que respondia pela alcunha de Negan foi sendo introduzido aos poucos, para no último instante surgir como uma alegoria para levantar a bola à ser cortada apenas em The Day Will Come When You Won’t Be. Muitos chiaram sobre como a série repetia a receita de construir uma incógnita arrebatadora que persistiria até dia 23 de outubro –mas para mim, foi o maior acerto desta transição de plots.

Deixem-me explicar: Desde que apareceu pela primeira vez nos quadrinhos de Robert Kirkman, não houve dúvidas de que Negan tinha sido criado para ser a maior antítese a persona de Rick. Primeiramente, ele não é de todo mal – da mesma forma que o ex-xerife de Atlanta, ele foi se reinventando para sobreviver ao contexto pós-apocalíptico. De alguma forma, que eu espero muito que nos seja contada eventualmente na série, ele foi alçado à líder de uma comunidade que funciona de uma forma muito particular – algo que  deve ser explicado em breve em The Walking Dead.

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Outra coisa importante é que, apesar da certeza de que mortes importantes aconteceriam neste retorno de temporada, nem de longe foi esse o foco da premiere. Todo cerne foi na subrogação de Rick Grimes, líder nato e inquestionável desde a 1ª temporada, à uma nova cadeia de comando em que ele não mais dará as cartas. Isso acontece quando havíamos assistido ele chegar em um ponto máximo de relativização do seu caráter, agindo com extrema violência em prol da sobrevivência do seu grupo. Esse encontro com Negan era mais do que necessário, pois Rick precisava de uma interrupção na sua jornada de desconstrução e a oportunidade de reavaliar o mundo que ele estava estabelecendo para Judith e Carl.

O importante em The Day Will Come When You Won’t Be foi assistir o herói ser sadicamente despedaçado por um forte adversário em uma série de experiências traumáticas. Rick experimentou os 5 estágios do luto (Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação), distribuídos em um final de madrugada e início de manhã do mais brutal ensaio do que está por vir agora que Negan finalmente apareceu para marcar o seu território – provando ser o vilão mais imprevisível e influente que já cruzou o nosso caminho.

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Andrew Lincoln entregou uma atuação excelente em suas primeiras cenas com Jeffrey Dean Morgan. O britânico está melhor do que nunca em seu papel, deixando claro que – apesar dos anos que se passaram desde que acordou naquele hospital, o personagem ainda é capaz de se redimensionar dentro da narrativa. A forma com que Rick lentamente foi se esfarelando durante certamente foi um dos  mais arrebatadores de The Walking Dead, um drama sem qualquer possibilidade de comparação – pois pela primeira vez não era possível observar uma saída que não fosse se entregar – transitando de uma raiva entorpecente ao momento de total entrega, que a meu ver foi muito mais impactante que as mortes em si.

Todos nós sabíamos que nos despediríamos de alguém – e a escolha de Abraham como a primeira vítima de Lucille não surpreendeu. Apesar de ter conquistado o seu espaço e os espectadores, a trajetória do ruivo não se consegue ter a mesma proporção de outros personagens. Abraham chegou de mansinho, para estabelecer-se no a-team apenas na 6ª temporada, quando o vimos se recuperar da desilusão causada pelas falsas esperanças de cura dada por Eugene.

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Quem leu os quadrinhos também tinha noção da sobrevida do personagem, já que se a adaptação fosse feita ao pé da letra, seria ele que morreria com uma flechada no olho e não Denise. Ou seja, os roteiristas lhe proporcionaram uma despedida muito mais digna – sendo a resposta inicial à enorme especulação que teve início naquele fatídico uni-duni-tê. Ele enfrentou Lucille como todos os outros desafios que apareceram em seu caminho, com coragem e até bom humor – sendo capaz de uma última insolência ao mandar aquele “Suck My Nuts”.

Confirmada essa morte, eu sabia que mais estava por vir. Em todas declarações dos roteiristas e elenco antes da estréia da 7ª temporada, ficou bem claro que Negan faria mais de uma vítima. Meu maior medo era ter que me despedir de Daryl, personagem brilhantemente criado exclusivamente para série e queridinho de 11 entre 10 fãs de The Walking Dead. Desde abril eu me preparava para o momento que seria obrigada à assisti a o crânio dele ser esmagado por Lucille e, quando ele mostrou ainda ter forças para esboçar uma reação atacando Negan em meio a todo aquele embuste, respirei fundo – para logo depois expirar aliviada.

A série, desde o princípio, deixou bem claro que não seria uma simples adaptação dos quadrinhos. O próprio Robert Kirkman, que participa ativamente da produção tinha como discurso que a história seguiria o seu próprio caminho na TV, tendo na publicação uma mera fonte de arcos narrativos, inspiração. Mas, o primeiro encontro do grupo de Rick com Negan nos quadrinhos foi tão emblemático, que não fazia sentido alterá-lo apenas para chocar a audiência.

E, de uma forma extremamente gráfica, demos adeus ao nosso querido Glenn. O adorável entregador de pizza e dedicado marido de Maggie agora está morto, deixando a filha de Hershel mais uma vez afogada na dor da perda com o desafio de conseguir encontrar coragem para dar luz aquele bebê que foi tão esperado pelo casal. Em uma sequência que fez jus ao seu desenho nos quadrinhos, o sublime amor que ele sentia por Meggie foi colocado em uma palpável contraposição a perversidade do prazer que Negan sentia naquele momento. Se na temporada anterior nos questionamos quanto a esperança de presenciar o retorno de Glenn depois daquela trágica cena da caçamba, agora o bruto enquadramento do olho saltando da sua órbita nos carrega de volta para uma história em que impera a agonia pela sobrevivência – atmosfera que certamente se intensificará neste 7º ano.

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The Day Will Come When You Won’t Be foi mais do que eficiente para dar o pontapé inicial nesta temporada, e creio ter correspondido à todas as expectativas – Atuações irretocáveis, que tiveram mais espaço até do que as violenta – porém esperadas – mortes. Jeffrey Dean Morgan está muito confortável como Negan, e certamente podemos esperar um giro de 180º nos rumos da história. O novo vilão de The Walking Dead, vocês podem confiar, tem tudo para se provar um dos mais hilários e aterrorizantes personagens que conheceremos dentro deste universo. Não há nenhuma dúvida de que acabaremos nos apegando à ele, já que apesar de tudo, seremos capaz de identificar nele uma antítese de Rick – que conseguiu encontrar um viés vivacidade em um mundo dominado por zumbis

Parecia que esse momento nunca chegaria, mas cá estamos em mais uma nova temporada de The Walking Dead – que começa novamente prometendo mais um grande ano. E, depois de quase 72 horas da exibição do episódio, todos já tenham conseguido digerir um pouquinho os acontecimentos de domingo e se colocar a postos para o que está por vir.

Confira a promo de The Well, que será dia 31 de outubro às 23h30 na Fox:

Como vocês estão? Ainda impactados ou prontos para mais? Fiquem a vontade para comentar e dividir suas impressões aqui!

Observações:

– Ainda bem que Maggie e Daryl não foram as vítimas de Negan. Eu teria muito mais dificuldades de superar. A filha de Hershel era uma possibilidade real, já que a sua morte foi uma das que foram gravadas para contribuir com o mistério sobre quem morreria no episódio.

– Ainda bem Meggie não teve a mesma reação à morte de Glenn nos quadrinhos. Nas HQs ela simplesmente agride Rick por não ter conseguido protegê-los de Negan, algo que não caberia ao contexto que foi apresentado na série.

– O jogo de câmera entre Rosita e Sasha foi muito bem construído – ambas amaram Abraham de verdade, em momentos diferentes do personagem, bem como o ingênuo desespero de Eugene.

– Por mais clichê que tenha sido aquela cena de todos sentados à mesa, felizes, doeu.

– A propósito, será que Megan terá um menino? E Sasha, está grávida de Abraham?! Ou tudo não passava de um delírio.

– Muito provavelmente veremos Daryl mergulhar em um lugar sombrio, pois creio que ele vá assumir a culpa pela morte de Glenn em decorrência do seu descontrole. Ainda mais agora que ele estará sobre controle direto dos Salvadores.

– Que a Carol volte novamente para tirar o Daryl de lá!

– A propósito, estou louca para ver a Carol e o Morgan chegando na comunidade de Ezekiel! Além de ter um tigre, ele vai ser um poderoso contraponto à soberania de Negan.

– Dwight muito provavelmente se provará relevante no futuro, já que desde a temporada passada, seu personagem vem tendo destaque dentro da trama – bem como o seu relacionamento com Daryl. Existe uma dívida entre eles, bem como um claro ressentimento de Dwight para com Negan. Vocês lembram do encontro que tivemos com ele na temporada passada, quando tentava escapar de Negan com a esposa? Então… Aquela queimadura não apareceu a toa.

– Glenn foi o primeiro membro do grupo original a morrer desde Andrea, que se despediu na terceira temporada.

– Quem percebeu o gesto de Abraham para se despedir de Sasha?

– A morte de Gleen foi muito parecida com o destino do seu personagem nos quadrinhos:

– Creio que Carl será mais uma vez essencial para a humanidade de Rick nesta temporada, bem como deve ser ele o principal ponto de resistência a Negan. O filho de Rick e o vilão tem uma relação bem interessante nos quadrinhos.

 

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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