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The Walking Dead – 7×13 Bury me here

Por: em 14 de março de 2017

The Walking Dead – 7×13 Bury me here

Por: em

Como antecipei na resenha da semana passada, o episódio anterior era a calmaria antes da tempestade. Nesta semana, The Walking Dead adotou um tom trágico e sério que ainda não tínhamos visto nesta midseason. “Bury me Here” mostrou o desdobramento da tensão crescente entre Kingdom e os Saviors. De certa forma, este episódio compõe uma trilogia centrada em Morgan e roteirizados por Scott Gimple ( 3×12 Clear e 6×04 Here’s not Here), finalmente levando o personagem a um ponto de ruptura. É muito interessante que tantos episódios desta temporada tenham referências ao episódio Clear. Creio que há relação com a similiaridade das histórias uma vez que naquele ponto da terceira temporada, o grupo se preparava para enfrentar o Governador. E esta temporada é toda sobre isso, sobre o que é necessário, tanto em termos práticos quanto psicológicos, para se preparar para uma guerra com um inimigo muito mais poderoso do que qualquer outro que já passou pela série.

A história gira em torno do plano de Richard de se sacrificar para gerar um conflito entre os Saviors e Kingdom, para forçar Ezekiel a lutar junto com Alexandria e Hilltop. O problema é que nós já sabemos que não é assim que funciona. Todas as vezes que alguém tentou se sacrificar, acabou causando a morte de outra pessoa. Desta vez não foi diferente. Durante o episódio a audiência viu vários momentos significativos para Benjamin. Em uma cena ele ouviu o irmão, de quem ele cuida como se fosse um pai, dizer que gostaria de ser como ele. Depois deu um presente para Morgan (Uma tela com uma pintura abstrata em forma de círculo, possivelmente simbolizando o fim de um ciclo), mencionou uma garota para Morgan. Enfim, a idéia é que o garoto tinha uma família, um futuro e era inegavelmente uma pessoa com um coração puro que não foi desvirtuado pela crueldade do mundo. Assim, a morte desse personagem teria um significado maior do que a morte de Richard, que já queria mesmo morrer. Entretanto, e esta é minha maior crítica ao episódio, a sucessão de momentos do personagem tornou previsível que Ben seria o próximo a morrer.

É evidente que Ezekiel engrossaria as fileiras na batalha contra Negan após a morte de Ben. A grande surpresa, entretanto, foi o quanto a morte do adolescente impactou Morgan. Num dos melhores momentos do personagem na série, Morgan se descontrola. Ele revive a morte de Duane, deixando transparecer que tinha se apegado muito a Ben. Ele até considerou o suicídio. É claro que o motivo está aberto à interpretação, mas é possível que a idéia de que o conflito contra os Saviors é iminente e que ele teria que voltar a matar, juntamente com a perda de Ben, levou Morgan ao seu limite. Os pequenos flashbacks do episódio Clear entremeados com as cenas de Morgan perdendo o controle foi brilhante. Eu gostaria de ver mais esse tipo de coisa em The Walking Dead, já que eles raramente mencionam o passado dos personagens.

Começamos o episódio com Carol questionando Morgan sobre o que aconteceu em Alexandria, mas ele se recusa a contar. O relacionamento passivo-agressivo entre Carol e Morgan é muito instigante, e Lennie James e Melissa McBride são dois dos melhores atores da série, é sempre um prazer vê-los juntos em tela. O curioso é que estes dois personagens tem muito em comum e as suas histórias são quase espelhadas. Ambos perderam seus filhos bem no começo da série, depois passaram por um período em que deixaram a violência tomar conta até o ponto em que não conseguiam mais continuar. Por isso, ambos desistiram de matar por completo. Estes dois personagens, por mais que tenham personalidades antagônicas são, em essência, muito parecidos. Talvez por isso, no fim do episódio, os dois chegaram ao mesmo tempo à conclusão de que deveriam lutar contra os Saviors.

“Bury me here” é um bom exemplo de porque “The Walking Dead” continua a ser uma série importante, mesmo depois de sete temporadas. Não são as grandes batalhas e os grandes inimigos que tornam a história melhor, mas o que significa viver numa realidade como essa. Para mim foi muito mais interessante ver o que a morte de Ben causou em Morgan do que a conclusão do episódio em que Ezekiel finalmente decide lutar contra os Saviors. Morgan é um personagem muito complexo. Muitas vezes, ao assistí-lo eu me senti frustrada, mas ao mesmo tempo havia um enorme respeito pela decisão dele de não matar, mesmo em circunstâncias tão extremas. Por isso, foi ao mesmo tempo libertador e doloroso vê-lo matar novamente e de forma tão brutal. Naqueles últimos momentos do episódio, quando Morgan está transformando o bastão em uma lança, ele olha para trás, para a casa vazia. Figurativamente, o ato de olhar para trás significa olhar para o passado. A impressão que passa é que Morgan ainda está sendo assombrado ou perseguido pela sombra da loucura, caminhando num limiar e ele sabe disso.


  • Eles gastaram toda a grana dos efeitos especiais na Shiva. Finalmente o CGI ficou bom.
  • Fiquei feliz de ver a Carol, pela primeira vez, tentando cuidar do Morgan. Eu gosto de ver que a agressividade dela contra ele é só uma fachada, ela se importa com Morgan.
  • Eu amo o Jerry.
  • E a Nabila.
  • Por sinal, alguém pegou o paralelo da fala da Nabila com um discurso do Hershell na quarta temporada?
  • Gostei de ver que o Gavin ficou irritado com a morte do Ben. Finalmente um Savior que não é um babaca completo.
  • Um erro do episódio é que ninguém tentou impedir Morgan de matar Richard. Não fez sentido, poderiam ter escrito melhor esta parte.
  • Boa notícia: Na próxima semana finalmente veremos Hilltop de novo!
  • Má notícia: E vamos descobrir no que vai dar o plano de Sasha e Rosita…

Gizelli Sousa

Arquiteta, feminista, prefere uma noite de maratona de séries do que sair para a balada.

Brasília/DF

Série Favorita: The Walking Dead

Não assiste de jeito nenhum: Gilmore Girls, The O.C., One Tree Hill, Girls, Love

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