Uma das principais reclamações em relação à sétima temporada de The Walking Dead são os episódios centrados em uma única locação. Definitivamente, este não foi um problema em “Something They Need”. A primeira parte do episódio se passa em Hilltop, depois oscila entre Oceanside e o Santuário e, por fim, há uma cena importante em Alexandria. A história certamente andou neste episódio, mesmo assim, a sensação é que nem foi um episódio tão dinâmico e nem um episódio com bom desenvolvimento de personagem ou embates filosóficos aprofundados.
Mas a apenas um episódio do fim da temporada, a melhor defesa para este episódio é que ele pôs as peças no lugar para a season finale. As peças, neste caso são: Sasha e Eugene em diferentes cenários do cativeiro de Negan; Rick e seu grupo roubando as armas de Oceanside para selar de vez o acordo com Jadis; A traição de Gregory, que fez com que Negan ficasse ciente da rebelião que Rick está planejando; e Dwight finalmente decidindo ajudar Alexandria. Para cada um destes eventos, há um tipo de traição diferente.
Várias passagens ficaram meramente subentendidas. Como Sasha foi aprisionada? o que ela conseguiu fazer? Como foi o encontro de Rosita e Dwight? Como ele chegou à conclusão que gostaria de ajudar Rick? Retirar estes momentos da história pode tornar o episódio mais dinâmico, mas também soa menos profundo. The Walking Dead precisa reencontrar o equilíbrio que havia em episódios como “The Grove” ou “Too far gone”.
Pela primeira vez em toda a temporada, a presença de Negan foi benéfica. Felizmente, ele chegou a tempo de impedir David de estuprar Sasha. Contudo, é bom lembrar que isso não o torna um herói. Negan ainda é um estuprador, mas em vez de usar cordas e força, ele cria um ambiente de medo em torno das suas vítimas. Negan se torna um personagem mais interessante quando está sério do que quando decide colocar a máscara de comediante stand-up de quinta categoria. Num destes raros momentos, ele oferece algumas opções para Sasha: Morrer por suicídio, morrer como ração de walker, tentar matá-lo e morrer na porrada ou se juntar aos Saviors.
Uma das minhas citações favoritas da série é da Michonne, ainda na quarta temporada: “A Raiva te torna estúpido. E a estupidez leva a sua morte.” É exatamente isto o que está acontecendo com Sasha (E, por mais que eu goste das duas personagens, deveria acontecer com Rosita também). A esta altura, Sasha já pode ser considerada a principal baixa desta metade de temporada. Mesmo assim, a personagem merecia um tratamento melhor. Sasha deveria morrer nos seus próprios termos e, talvez, levando algum inimigo importante junto com ela. Eugene, por sua vez, se mostrou um covarde. Será que Eugene seria capaz de fazer algo para ferir diretamente ao grupo que o protegeu e acolheu como uma família?
Em Oceanside, Rick e boa parte de seu grupo, incluindo alguns Alexandrinos que quase nunca saem de dentro dos muros como Eric, Scott e Tobin, estão em uma missão para conseguir as armas que precisam para a guerra. O plano A é que Tara consiga convencer Natania a se juntar a eles na Guerra contra o seu inimigo comum. É óbvio que o plano A não dá certo. O plano B é criar uma distração para encurralar as mulheres de Oceanside e tomar o seu arsenal. Aqui cabe uma discussão moral, já que muitas pessoas, novamente, estão afirmando que Rick e seu grupo não são melhores do que os Saviors.
Rick e seu grupo não estão roubando as armas de Oceanside para benefício próprio e não teriam abordado o grupo desta forma se Oceanside não adotasse uma política de “matar antes e perguntar depois”. Mas acima de tudo, eles não tinham a intenção de machucar ninguém, pois se importam com a vida daquelas pessoas. Por isso, as ajudaram a se livrar da horda que foi atraída pelo barulho das explosões. As motivações por trás das atitudes dos Alexandrinos e dos Saviors são completamente diferentes, eu diria até que são opostas. No fim, boa parte das mulheres de Oceanside entenderam isso. Beatrice e Cindy, principalmente. Natania ainda precisa ser convencida, mas é uma questão de tempo.
“Something they need” passou longe de ser um dos melhores episódios da temporada, mas ao menos movimentou as peças no tabuleiro. Agora é só aguardar a season finale e torcer para que a oitava temporada seja melhor equilibrada e que os personagens comecem a fazer escolhas melhores.
– Eu realmente queria que a Cindy fosse para Alexandria com o grupo. Ela se encaixaria perfeitamente dentro da família de Rick.
– Eu adoro a Tara. Eu sei que muita gente não gostou do episódio focado nela na primeira metade. Eu achei aquele episódio muito melhor do que os episódios focados no santuário.
– E sim, eu também gosto da Rachel.
– Eu fiquei com pena da Natânia. É difícil ser líder e tomar decisões impopulares. Rick passou por isso várias vezes ao longo da série, os dois poderiam ser bons amigos se pudessem sentar e conversar um pouco.
– E você, leitor, o que achou do episódio? e o que espera da Season finale?
