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The X Factor Brasil – 1×02 Audições: Parte 2

Por: em 3 de setembro de 2016

The X Factor Brasil – 1×02 Audições: Parte 2

Por: em

Depois de uma estreia meia boca, o The X Factor Brasil mostrou sutis sinais de melhora no 2º episódio, o que não faz muito sentido a não ser que a Band tenha ouvido as redes sociais e alterado um programa pronto em 48 horas. E, além do que, um dos sentidos em que o programa melhorou é inalterável: as audições (sim, estamos considerando que elas não são manipuladas). Não, não rolou o milagre de Canaã e ficamos diante do melhor programa da TV brasileira, mas a impressão geral é de que houve melhoras. Isso põe em cheque a “inteligência editiva” da emissora, já que num reality não faz sentido nenhum a ideia do best for last. É best primeiro, best no meio e bestest no final.

X Factor Br - 1x02 - Painel

A bancada pareceu ter encontrado ou forjado alguma espécie de química, ainda que muita coisa tenha dado errado. Os comentários pareciam mais inteligentes, mas rolaram algumas incoerências em relação a exigência do julgamento. Algumas apresentações médias foram aplaudidas de pé, enquanto apresentações que deixaram a desejar em personalidade mas esbanjaram potencial (a de Missaka, por exemplo) foram rejeitadas. Isso já tinha rolado segunda-feira, mas a incoerência hoje ficou um tantinho mais absurda. Por outro lado, já se desenha alguma espécie de personalidade que pode facilitar o nosso “convencimento” quanto espectador para as próximas fases, já que no Centro de Treinamento e principalmente no Desafio das Cadeiras é a bancada que dá o tom do programa. Já dá pra entender que Bonadio é o pragmático, “Miklos” é o emoção, Alinne é a aloucada e Di Ferrero é uma esmaecida tentativa de bad judge. Do jeito que a coisa tá, é melhor termos um painel assim amarradinho num “perfil” antes de exigirmos uma profundidade “cênica” (que vai ser inegavelmente exigida no Desafio das Cadeiras pra coisa sair certa).

X Factor Br - 1x02 - Alinne Rosa

Outro pequeno elogio a um item que melhorou foi a edição. Parecia mais ágil, com planos mais curtos e foco certo na pessoa certa na hora certa. Sem contar que muitas audições pareceram cortadas, o que é bastante bom já que muitas vezes os dois minutos passam como se fossem duas horas. Fê continua perdida, mas teve um bom jogo de cintura no drama das Sweet Dreamers, provando que o material está aí, só precisa ser melhor utilizado.

Agora vamos dar uma olhada geral nas audições desse segundo dia? Eba, vamos.

Sweet Dreamers – O Desfecho

Terminamos a estreia com um belo dum gancho com a potencial separação da dupla de irmãs. O desfecho foi bastante satisfatório. Tivemos a saída racional, com a irmã “melhor” cantando pela sua própria vida e sendo aprovada, mas não sem muito choro e muito family drama de qualidade. A edição foi cruel com a irmã que não passou, mas foi meio que o melhor caminho para potencializar a aprovação da outra. O resultado prático dessa bagunça é que May sai daqui com claríssimo potencial de chegar aos Shows Ao Vivo, se formos levar em conta o histórico da versão britânica. Muito difícil uma audição tão pimpada e cheia de reviravoltas como essa ficar fora dos finalistas.

X Factor Br - 1x02 - Di Ferrero

Esse climão foi a prova de fogo da bancada, e foi aqui que eu consegui entender melhor os “perfis” e a atitude de cada jurado, e deu uma boa ideia de como vão ser os Shows Ao Vivo. Bonadio tomou a frente e fez a linha sóbria, com Miklos sendo a voz do coração (ótimo argumento para fazê-lo mentor dos Adultos) e Alinne e Di um tanto perdidos. Saldo zerado pra bancada – nem positivo nem negativo.

Ciana BrandoltPretty Hurts (Mulheres)

Pegando a rabeira do drama das Sweet Dreamers, tivemos a audição de Ciana, ex-membro da falecida girlband. Se alguém pensou que a garota ia ficar abalada com o fuá que as ex-colegas protagonizaram foi tombado. A princípio, Pretty Hurts se encaixa naquelas musiquinhas que eu falei quando eu estava falando de Listen: NÃO CANTE. Mas acho que é só chatice minha, porque Ciana usou de inteligência e usou a música conforme sua capacidade e sua necessidade. Ela tem um timbre gostoso de ouvir, e fez uma audição suave e tranquila com uma música que a princípio sugere BERRO e desespero. É bonita, simpática e inteligente ainda por cima, sem contar que pega o vácuo do maior drama da temporada até o momento, então é sim um nome pra ficar de olho no Centro de Treinamento.

Fernando JeremiasChandelier / Razões e Emoções (Homens)

Chandelier tanbém é das canções que exige uma tonelada de talento pra ser cantada, pra evitar pequenos desastres como o que aconteceu com Fernando. Ele se perdeu muito na própria voz e acabou que virou uma bagunça vocal que não só não mostrou o melhor dele mas acabou evidenciando umas falhas meio toscas (mas é bom deixar claro que coisa pior passou). Em Razões e Emoções a coisa melhorou um pouco, mas o estrago já tava feito e Di Ferrero mostrou seu “lado Simon Cowell” com um sonoro não. Rolou muito exagero, mas meio que encaixou no último instante e perdemos a energia ótima de Fernando por causa do próprio.

Rafael OliveiraHero (Adultos)

Esse programa tá repleto das músicas clichê de divas que sempre rolam nos reality. Já tivemos ListenIf I Ain’t Got YouI Put A Spell On You, At Last e agora estamos quase terminando o ciclo, já que Rafael Oliveira nos trouxe Hero e só precisamos de uma Whitney Houston pra fecharmos os trabalhos com chave de ouro (ou não). Geralmente só aceito gente muito talentosa nessas performances, mas meu critério baixou junto com o do bancada e tô achando tudo lindo. Rafael não precisou da minha condescendência não, porque, assim como Ciana, usou da inteligência e fez a música encaixar no seu timbre de maneira muito interessante. Não evitou uma ou duas desafinadas, mas fez com que a performance fosse sólida e garantiu bons momentos, em especial a glory note que encerrou a apresentação – a primeira glory note razoavelmente no tom da temporada. E o 2º aplauso de pé. No entanto, Rafael não trouxe nada de interessante além do próprio talento e vai precisar trabalhar um pouquinho para ser uma aposta segura de final, ainda mais considerando que os Adultos têm sido a categoria mais competitiva até o momento.

VocálicoSomebody To Love /  Bohemian Rhapsody  (Grupos)

Desculpe aos fãs da banda, mas eu achei essa apresentação uma bagunçona. Faltou o primordial pra qualquer grupo vocal do universo funcionar que é harmonia. Claramente tinha uns 2 ou 3 desafinando (ou ~semitonando~, pra quem preferir) e tava doendo o ouvido. A performance do grupo como um todo foi meio aleatória, e pode ter esquilete, pode ter volta olímpica, pode ter leading man que só é líder de qualquer coisa em uma apresentação fazendo carão, não funcionou. Eles têm química, têm alguma coisa aí que podia dar certo, mas nessa audição não deu. O que é uma pena, porque o programa (assim como quase todas as temporadas de X Factor no mundo) está com uma carência de grupos bons e com potencial de final.

OnixEscreve Aí (Grupos)

Onix também não foi essa bomba não, ainda que a bancada pareça discordar de mim. As harmonias estavam lá, a performance foi mais interessante e mais amarradinha do que a do grupo anterior, mas ainda faltou um caminhão pra eu poder falar “poxa agora sim”. A região grave da música ficou meio ruim, inclusive, mas houve uma recuperação bem grande no refrão que funcionou. Outra coisa que ninguém parece ter percebido: eles vão se manter como um grupo acapella e fazer isso até os Shows Ao Vivo (no caso de passarem)? Essa eu quero ver.

E tivemos o primeiro combo de eliminados da temporada, com 3 pop rockers não fazendo um bom trabalho e recebendo um não de Di Ferreiro, o maior rockstar da história que você respeita.

Caiê MasseranToo Close / João de Barro (Homens)

Caiê é o combo beleza + padrão + vocais genéricos que tem assolado o mundo dos realities e tornando a vida dos fãs muito díficil. Too Close não foi nada de mais, o vocal foi superficial e genérico e ele realmente parecia ter ensaiado demais, deixando aquela sensação ruim de que tá faltando alguma coisa (a tão falada “emoção” do X Factor). Aí a coisa degringolou num plot com a mãe que eu me perdi, a bancada se perdeu, a Fernanda se perdeu, a mãe se perdeu, e no fim ele tava tentando se salvar cantando João de Barro pra mãe, que estava no palco mas não queria estar, enquanto Di Ferrero avaliava se ele merecia ou não a aprovação. A apresentação da segunda música foi bem melhor que a primeira, mas sou despropositada e narrativamente confusa. Não deu pra se apaixonar por ele e pela mãe porque estavamos muito ocupados tentando entender o que estava acontecendo/prestes a acontecer. Caiê tem alguns bônus pra usar (a mãe, o sorriso + barba, a voz ok), mas não me parece um nome muito forte. Até porque eu tenho a sensação de que vai rolar um descambamento de aprovações para os performers divônicos tipo Luan Lacerda e Rafael Oliveira, e aí Caíê fica um tanto pra trás.

MissakaAt Last (Adultos)

É aqui que a minha paciência com certas coisas acaba rapidinho. Missaka fez uma performance muito boa: estável, sólida, demonstrando uma potência vocal de dar inveja a muito candidato aprovado com louvor. Faltou sim uma demonstração de emoção, até porque essa é uma música em que isso faria toda a diferença. E certamente rolou aquela necessidade de “mostrar que eu tenho o que vocês tão procurando” que torna a apresentação genérica e superficial. Agora, considerando o nível baixo de exigência da bancada, não aprovar Missaka me soou um erro terrível. Estou num misto de confusão e indignação, e acho é pouco ela ter xingado todo mundo. Xinga mais, amiga!

Mônica e Daniele Dama de Vermelho / João de Barro (Grupos)

Achei a apresentação das bonitinhas também um tantinho bagunçada. Acho que estou muito exigente com os grupos. Assim, não foi ruim, mas a voz da que fazia o grave ficou bastante perdida, o que prejudicou as harmonias. Além do que, em Dama de Vermelho, elas pareciam estar num karaokê e não entregaram nem 10% da ousadia de Zé Rico e Milionário e a coisa não engatou. Mas aí veio o card da saudade do avô, veio João de Barro, que foi de fato melhor, e a dupla passou com bastante louvor.

Pop’zAll About That Bass (Grupos)

Minha principal crítica em relação a Pop’z é o nome. Jura, gente? Pop-apóstrofo-z soa como uma boa ideia pra vocês? De qualquer modo, o grupo parece um frescor de farofa do bem numa edição que tá me forçando a tecer elogios infinitos em performances divônicas, então uma farofinha veio na hora certa. Em termos vocais, a banda não é nada espetacular, com a menina sendo claramente a melhor vocalista e fazendo seu papel de leading lady com alguma competência. Em termos de performance, achei a maneira que eles usaram o palco bastante interessante e coerente com a música e com os vocais. Espero que não passem batido no Centro de Treinamento e façam um número bafônico – e um tantinho mais memorável que a audição – no Desafio das Cadeiras. Não é como se eu torcesse por eles, é mais achar necessária a diversidade que a banda traz.

Heloá HolandaHigway To Hell (Mulheres)

Eloá recebeu o pimp spot do episódio e, considerando que as últimas a receberem tamanha honraria foram as Sweet Dreamers e seu dramalhão. Sinceramente, não acho que Eloá tenha dado conta do legado. A audição foi extremamente gritada, e em termos de performance, alguns limites entre excesso de vontade e desespero precisariam ter sido estabelecidos. A personalidade dela é totalmente convincente, falta isso transparecer no vocal. Pelo pimp spot e pela reação da bancada, dá pra considerar Eloá como uma candidata forte. Vamos aguardar o bendito Centro de Treinamento.

Então, meus caros, sim, a coisa melhorou um tantinho de um episódio pro outro. Mas ainda tá looonge de ser uma sombra do que poderia ser. Mais uma vez, a impressão que fica é a de que aquela tempestade toda da audição serviu pra… nada. E se acabarmos com um top 12 (ou 14, ou 16, ou sei lá) cheio de gente gritando notas insanamente e covers meia boca de Whitney Houston e Mariah Carey, vai ser um saco. O que me dá esperança é que a primeira temporada do X Factor Australia também foi penosa; cortaram cabeças, mudaram tudo – até a emissora -, e agora é uma das melhores – e maiores – franquias do programa. Fé no pai que o inimigo cai.

Bônus Vamos Ajudar: o brinco de fechadura abstrata de Alinne Rosa me afetou DE UM JEITO. Aquilo é maior que minha cabeça.

Bônus Vamos Ajudar 2: A jaqueta camuflada de Di Ferrero também não tava favorável, se vamos ser honestos.

Bônus do Editor Frenético: eu amo João de Barro, mas duas vezes no mesmo episódio é barra.

Bônus Please Come To Brazil: tá rolando uma preferência violenta por músicas em inglês nessas audições e eu acho isso bastante perigoso. É o The X Factor, mas é Brasil.

Bônus Glory Note: O programa de quarta-feira deve aparecer com uma média de 3 pontos no IBOPE consolidado na Grande SP, assim como a estreia. Só pra estabelecer um comparativo, a estreia da 3ª temporada de Masterchef deu 4.


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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