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The X Factor Brasil – 1×03 / 1×04 Audições: Partes 3 e 4

Por: em 10 de setembro de 2016

The X Factor Brasil – 1×03 / 1×04 Audições: Partes 3 e 4

Por: em

No final da última review, eu levantei duas questões que agora fazem cada vez mais sentido. A primeira é a questão do excesso de músicas em inglês, que dificulta a impressão de uma identidade no programa além de tornar a vida dos candidatos mais difícil, já que a dicção para quem não nativo é um problema a mais para o intérprete, e atrapalha afinação, atrapalha fôlego, atrapalha sentimento. Segundo, e que de alguma maneira está relacionada ao primeiro tópico, é que o leque de candidatos está repleto de performers bafônicos, as powerhouse divas que tanto brilham lá fora. Nada contra esse tipo de artista, inclusive considero a presença deles necessária, mas há uma chance de chegarmos a uma final com três grandes cantores quebradores de telhado, mas com pouca versatilidade. No episódio de segunda tivemos uma tonelada de cantores desse tipo, com aceitação média entre público e bancada, e acendeu meu alerta vermelho pra essas questões.

Outra questão é que o programa é MUITO longo. Segunda foi o episódio mais longo de todos, com um pouco mais de 2 horas no ar (sem contar com o Pré Factor) e isso é tempo demais. Claro, a grade da Band não deixava outra saída, e é sempre melhor 2 programas por semana com mais de 2 horas do que 1 programa de 1 hora e meia, mas chega no final não dá pra lembrar o que aconteceu no começo. Fica tudo bem cansativo, principalmente nessa primeira fase. Vou fazer a linha chata e não oferecer nenhuma solução, mas é porque eu realmente não vejo uma. A Band precisa ocupar esse espaço e o programa ocupa o espaço perfeitamente, e “agilizar” a edição não ia necessariamente resolver o problema. É só chatice minha, mais uma vez.

Agora vamos dar uma olhadinha em algumas das audições que mais se destacaram nessa segunda semana (até porque se fôssemos analisar todas passaríamos uma eternidade só no primeiro episódio). Seguindo.

Audições 3

Zennus – Unfaithful / Where Have You Been (Grupos)

Começando os trabalhos, tivemos uma versão maior (e melhor?) do Pop’z. Questiono a ideia da “necessidade de um grupo pop” no Brasil, mas acho que é um mercado certamente a ser explorado. O X Factor deve ser o melhor berço possível para esse tipo de formação, e Zennus fez um trabalho bastante razoável. Os vocais foram um pequeno fracasso, mas a energia do grupo e a coreô babado compensaram a falta de talento vocal. Tem uma questão geral de fôlego na banda, mas também tem o fato de que, dos três solos, só um foi realmente bom. E, considerando a competição, a única outra banda pop mista até o momento entregou vocais relativamente melhores. Pela primeira vez na competição estou animado com os Grupos.

Valter Jr. e Vinicius – Eu Ligo Pra Você (Grupos)

Tivemos a primeira dupla sertaneja de homens e, assim como não devemos subestimar os sertateens, não devemos subestimar as duplas. Porém, a perspectiva não parece muito boa. A única dupla masculina que se salvou do combo de eliminações do episódio foi Valter Jr. e Vinicius, que tiveram um problema sério na hora de escolher a música. Essa música – que eu não conhecia até o programa – colocou o da voz mais grave como primeira voz; até aí acho que tudo bem, só que aí ele perdeu potência no refrão e serviu só de backing vocal pro companheiro da voz aguda. Considerando o fato de que são poucas as  duplas de homens no Centro de Treinamento, levando em conta o que vimos até aqui na Audição, aposto que, simplesmente o trocar de “vozes” já resolve uma boa parte do problema.

Sonja – Piece Of My Heart (Mulheres)

Achei a audição de Sonja bem bagunçada, mas acho que foi só uma escolha ruim de repertório. Ela tem lá o timbre “caquinho de vidro”, tem a força, tem a energia, é em geral competente. Acabou escolhendo uma música com um potencial um pouco além da voz dela, sem contar que faltou um pouquinho de controle do fôlego. Mas Sonja é uma persona muito divertida, e pode ser a representante “menos menininha” da categoria dela no Centro de Treinamento – onde ela vai realmente precisar escolher uma música um pouquinho mais adequada.

Hugo Ema – Balada de Gisberta (Homens)

Num dos recursos mais utilizados na história do programa, a edição fez um combo de artistas parecidos (no caso, homens gays) que fez uma audição ruim e terminou o bloco arco-íris com uma das melhores audições do episódio. Isso é um bom recurso porque a) introduz de alguma maneira a boa audição que está por vir e b) “elimina” uma quantidade de audições ruins mas que não passam sem serem vistas. Hugo Ema ficou responsável pela audição final do combo e fez um ótimo trabalho. Uma audição pautada na emoção e principalmente no amor pelo marido – o que é um MEGA plot que deve ser melhor explorado – e que conquistou o painel com a “verdade” dele. E com bastante voz também, diga-se de passagem. E a bicha ainda tem a audácia de se declarar little monster em pleno 2016. BUY PERFECT ILLUSION ON ITUNES.

Lia Chaves – Olhos Coloridos (Adultos)

Uma coisa que eu não percebi que estava sentindo falta, mas estava, era de pessoas mais velhas, com uma carreira já de longa data e bastante história pra contar. É um bom contrapeso à maioria jovem do programa, além de geralmente essas histórias serem pelo menos interessantes. Lia fez uma excelente audição, com uma música perfeita pra ela – eu suponho que seja parte indispensável da setlist de qualquer show que ela faça – além de permitir um tipo diferente de emoção que não tínhamos visto até aqui. Lia, pra mim, é o Adulto a ser batido (ainda que concorde que seja a categoria mais concorrida, aparentemente).

Kassyano Lopes – Manicure (Homens)

Existe outro “tipo” bastante comum em talent shows, principalmente nos Estados Unidos: o rato de reality. Kassyano é um deles. Audicionou pro The Voice Brasil, agora audicionou pro X Factor, se tivesse Ídolos ele tava lá, Popstar? Com certeza. E… foi ruim. Acho que foi sorte dele que ninguém conhecia a música original porque foi uma péssima escolha. Faltou energia, faltou voz também, estava tudo muito polido, muito dentro da caixinha – talvez o grande mal do “youtuber médio” seja essa pseudo-polidez exagerada, e isso apareceu na audição dele. Mas, ele tem fãs, ele tem carisma (ainda que pra mim soe tudo meio forçado), e ele provavelmente tem o jogo de cintura que precisa para passar bem pelo Centro de Treinamento, então não vamos tirá-lo de vista tão cedo.

Filosofia Reggae –  Sentimento Bom (Grupos)

Filosofia Reggae já tem um nome no cenário reggae de São Paulo, e essa música já até tocou em rádio e tudo. Mas, por algum motivo – eu aposto que elas estão sem gravadora há um certo tempo – elas resolveram fazer a audição do X Factor e olha, que excelente ideia. A música é incrível, as harmonias funcionam perfeitamente, e nem preciso falar de personalidade e carisma né. Uma apresentação de quem já tá na estrada há bastante tempo também. Sem contar que foi a primeira apresentação com uma canção original, o que pode ser um diferencial na recepção do público lá nos Shows Ao Vivo – não dá pra esquecer, nesse momento, uma das minhas audições favoritas, que é a Sunset Blvd do Emblem3 lá no falecido X Factor US. Me parece equivocado subestimar a essa altura, a categoria dos Grupos, que está com uma diversidade bastante interessante e com bastante potencial.

Lorena Zanetti – Something’s Got a Hold On Me (Mulheres)

Lorena não só ganhou o pimp spot do 3º episódio como ganhou um bloco inteiro só pra ela. A única coisa que justifique isso talvez seja o fato do draminha na hora da votação, porque a audição foi um pequeno desastre. A escolha da música foi o primeiro problema, já que a canção exigiu uma potência vocal que ela mal pôde dar. Mas talvez o maior problema tenha sido o nível de nervoso que a gata estava. Sabe quando a voz treme de nervoso? Tava assim. Atrapalhou (e muito) a afinação, a respiração, e lógico que as única emoções que ela consegui transmitir foram desespero e ansiedade. Mas parece que, num rush de compaixão, o painel resolveu dar uma outra chance para a garota no Centro de Treinamento. Não que eu discorde, mas é bom pontuar que outros candidatos com audições tão boas ou melhores não tiveram essa mesma oportunidade.

Audições 4

Gilberto Gaspar – O Relógio da Tia Arminda (Adultos)

Fui reclamar que tava sentindo falta do pessoal mais velho, me chega seu Gilberto no auge dos seus 86 anos com muita coisa pra contar e bastante emoção pra botar no programa. Em termos vocais, a audição não é muito surpreendente, mas certamente compensou nos quesitos da emoção e da história. Além da composição da música, que é simples mas bastante competente (quem não ficou cantando din din don, din din don, din din don den pelos últimos 3 dias?). Eu gosto muito desse tipo de candidato, pelo menos até a hora que a competição aperta e eles são eliminados precocemente por gente na casa dos 27 e eu choro muito.

High Hill – NO (Grupos)

Que que tá acontecendo nesse programa? Mais um grupo com a intenção de criar um “pop brasileiro” (como se já não existisse tal gênero), só que não rolou né gente. Rick Bonadio pode vir com esse papo de “é bom, mas falta direção”, mas eu não confio não. Achei vocalmente muito bagunçado, a música é bastante difícil e acabou evidenciando as limitações delas ao invés de facilitar o processo e o staging foi um tanto confuso também. Sem contar que as orientais fazendo backing nos momentos mais “importantes” da música quando elas aparentevam ter um pouquinho mais de voz (e de fôlego) que as duas brasileiras. Talvez realmente, com um pouco de direção, elas mudem pra melhor. Mas depois dessa audição a sensação que fica é a de que as duas outras bandas com a mesma proposta estão alguns passos a frente de High Hill.

Camille Rio Lima – Love On The Brain / A História de Lily Braun (Adultos)

Camille trouxe uma audição cheia de draminhas técnicos, e eu adoro draminhas técnicos. Eu não achei a apresentação de Love On The Brain tão ruim, ela não conseguiu imprimir aquele tom de gato agonizante que Rihanna costuma usar nas apresentações dessa música mas fez um trabalho competente dentro do próprio limite. Rolou uns tremorezinhos desafinantes (ou, como eu gosto de chamar, o vibrato fake), e definitivamente faltou um pouco de energia na voz; por outro lado, a energia da performance e do palco estava bastante assertiva. Depois da bronquinha do painel, ela conseguiu provar que essa energia também está na voz com o meio verso de A História de Lily Braun que Alinne Rosa deixou ela cantar. Mais uma vez, repito: a categoria dos Adultos está bem movimentada, bem competitiva; assim, não seria nenhuma surpresa que Camille caísse no meio do bolo e ficasse pelo caminho.

Jhonny e Rahony – Brigas (Grupos)

O foco da minha análise da audição de Jhonny e Rahony (a pessoa tem a oportunidade de escolher o próprio nome e escolhe Rahony?) vai ser a bancada que, pasmem, foi muito coerente. Não sei se eu estou simplesmente me acostumando, se estou sendo condescendente ou se realmente foi uma análise melhor, mas eu senti que tudo que foi dito fazia algum sentido. Rick Bonadio talvez tenha sido o mais assertivo ao definir a apresentação como a de “Uma dupla boa, mas com a música errada”. De fato, eles esbanjam carisma e talento (a harmonia das vozes me impressionou um tanto), e só isso já os coloca na frente das outras duas duplas sertanejas da competição. Mas foi realmente uma música muito emotiva que esfriou o caminho que a audição estava tomando – o que razoavelmente justifica o azedo não de Di Ferrero.

O Clã – Vou Desafiar Você / Os Muleke É Liso / Não Me Deixe Sozinho (Grupos)

Depois de uma enormidade de grupos buscando “criar” um “pop nacional”, O Clã veio apostando no que deveria ser entendido como o verdadeiro pop nacional: o funk. E foi bem divertido. Lógico né, a performance vocal é, na média tosca – a maior exceção talvez tenha sido o solo de Vou Desafiar Você, do menino de dread – mas a coreografia foi babadeira e a energia funcionou muito bem com a plateia e deve funcionar nas próximas fases. Têm que melhorar MUITO vocalmente, mas foi uma performance na média. Eu me convenci.

Lucas Hawkin – Stay (Homens)

Mais uma audição na qual o talento acabou sobreposto pela edição e pela emoção. Não que Lucas não tenha talento ou cante mal, não é nada disso, mas é que o principal “argumento”, por assim dizer, de sua passagem pelas audições certamente não foi a voz. Houve problemas pontuais de afinação, e algumas das notonas dos “staaaaaaaaaay” se perderam, mas no geral foi bastante ok. Só que ele entregou a dose certa de emoção – sim, Bonadio, a dose certa -, só precisa de fato controlá-la melhor. E ele também tem um negócio, um carisminha, sei lá. Como diria Di Ferrero (e mais centenas de jurados ao redor do mundo), eu acho que ele tem o X Factor, hehe.

Bônus Não Foi Dessa Vez: Um beijo para Master Drago, que mesmo com uma audição legal não foi aprovado.

Bônus O Que?: Lorena tava tão nervosa que se apresentou com uma música da Etta “Jones”.

Bônus Segura Essa: “Cês me chamaram aqui pr’eu cantar ou pra perguntar minha idade? Faça-me o favor.” GILBERTO, Seu.

Bônus Poxa Vida: Que momento que foi O Clã deixando a Fê Paes Leme no vácuo.

Bônus Menção Honrosa: À Lia Gondim, que fez uma belíssima audição, mas foi enfiada no Combo Melhor Amigo junto com a audição mais ou menos do Thor.

 


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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