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This Is Us – 1×04 The Pool

Por: em 23 de outubro de 2016

This Is Us – 1×04 The Pool

Por: em

E, mais uma vez, a gente se delicia, se revolta e se emociona com um episódio de This Is Us. Desta vez, as questões raciais, existenciais e sociais foram pautas de The Pool, que deu um tapa na nossa cara ao mostrar o que já existe, mas que muita gente finge não saber, e conseguiu nos mostrar que ainda há muita luta pela frente, num debate que tá bem longe de acabar.

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Já no previously eu pude perceber o aviso de gatilho que vinha por aí: racismo. E a presença daqueles vizinhos do Randall desde o episódio passado, já dava indícios de que coisa boa não estava por vir. Ainda que a relação do William e a família do Randall esteja tranquila, a ponto dele bancar o vovô e fazer o penteado das meninas, não podemos dizer o mesmo quanto a vizinhança. É curioso como duas pessoas negras tem vivências de racismo diferentes uma da outra, isto porque a sua condição socioeconômica se divergem e faz com que a história do Randall seja completamente diferente do William e vice versa. Obviamente que ambos sofrem e isso é imensurável, mas a empatia aqui também deve se fazer presente, para que um não sufoque o outro apenas por suas histórias de vida serem distintas.

O William tem consciência do que sofreu e do que sofre, assim como o Randall, e dar as costas para isso é acreditar que o racismo não existe no Brasil e que ele se foi a partir do momento que a princesinha Bel assinou nossa carta de alforria. Quando o policial aborda o William e pede o seu RG como forma de identificá-lo numa residência em que a maioria quase esmagadora são pessoas brancas, (porque sempre tem aquele 1%, vide o Randall) a gente percebe que isso é mais comum do que parece. E olha que não precisamos estar somente em um bairro considerado de gente branca para afirmar isso, apenas vá em restaurantes, teatros, universidades ou outros lugares que desde sempre foram considerados impossíveis de serem frequentados pelos negros e de portas abertas para os brancos, que você vai entender bem o que eu quero dizer.

A revolta do William diante da atitude do Randall é totalmente compreensível, por que devemos pedir desculpas diante de atitudes racistas? Por que a culpa é nossa? Por que somos nós que temos que nos curvar e acreditar que o erro foi nosso ao andar nas ruas e sermos abordados por policiais? São inúmeros questionamentos que eu poderia fazer para vocês e que perduram desde que o mundo é mundo. E assim como acontece com o William, existem muitas pessoas que sofrem como o Randall, que por estar em posições e frequentarem lugares e espaços que não nos pertencem, que não deve ser nosso também, sofrem com olhares, com discriminações e com os julgamentos de que viemos ao mundo para servir. E enquanto a sociedade continuar com a sua hipocrisia e agir como se tudo isso fosse alguma fantasia, devemos continuar resistindo, lutando e sobrevivendo a todos os nossos algozes.

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Assim como o Randall, a Kate também vem sofrendo por ser quem é. A questão do bullying é mais complicada do que parece, pois enquanto as pessoas mais velhas afirmam veemente que isso é uma besteira e que no tempo delas isso eram apenas brincadeiras entre crianças, a nossa sociedade atual percebe o quão perigoso pode ser essas “brincadeiras inofensivas”. O reflexo das atitudes das meninas, na Kate, só justificam o porquê dela ser tão insegura consigo mesma. Ainda que não seja impossível, não é fácil viver cercada por rótulos e padrões que são aceitos pela sociedade e perceber que você não se encaixa em nenhum deles, é difícil, na verdade, tacar o foda-se para essas imposições.

A magreza em excesso é incentivada desde a mais tenra idade e a intolerância contra pessoas gordas é um problema sério. Para aquelas que sempre foram “gordinhas” desde a infância, é surpreendentemente comum crescer com ódio internalizado de si mesma: são muitos anos de bullying e cobranças sociais, que acontecem não apenas no ambiente escolar, como também na televisão, nas revistas, nos círculos sociais de amizades ou no núcleo familiar. Dificilmente uma criança gorda não ouvirá de seus próprios parentes que é preguiçosa, come demais e precisa “se cuidar”. A pressão para emagrecer é gigantesca de tal modo que é muito improvável uma pessoa gorda não ter um histórico de transtornos alimentares ou problemas psicológicos causados pela autoestima severamente prejudicada.

O que o Toby disse para ela é sim uma forma de fazer com que a Kate entenda que ela não precisa se sabotar dessa forma, mas como eu disse, é difícil se livrar desses pensamentos e do estigma que a sociedade coloca para ela. É claro que não se pode desistir e dizer que já que é difícil não vamos fazer nada para mudar, mas o que eu quero dizer é que um pouco de paciência, mais do que o Toby já tem já ajuda e muito no processo de auto aceitação da Katy, porque como ela mesma disse, seus problemas não vão embora tão rápido.

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E, por fim, os flashbacks também nos mostraram que não só os seus irmãos sofreram na infância, como também o Kevin, que sempre buscou por atenção, ainda que não tenha sofrido nenhuma opressão ou bullying por ser quem é. O que é compreensível, pois as crianças sentem a necessidade de mostrar para os pais seus feitos e suas conquistas, ainda que bobas se comparadas com as adultas. Mas como eu sempre apontei nas minhas reviews, ele é o mais privilegiado dos irmãos e ainda que tenha seus motivos para reclamar, nunca teve nenhum problema de aceitação, por já se encaixar nos padrões exigidos pela sociedade. Isso faz com que o personagem deixe de agregar e cativar os telespectadores, que sempre quando ele passa em tela, dá aquela velha suspirada e pensa que o personagem poderia ser muito mais do que apresenta.

A gente sabe como o mundo da televisão pode ser cruel, ainda mais quando atores são lembrados para sempre pelos seus personagens marcantes. E apesar disso ser uma coisa aparentemente boa, não podemos dizer o mesmo do Kevin, que tenta se desvencilhar o máximo que pode do seu personagem “The Manny”. A busca por um papel de destaque e pelo protagonismo são resquícios de uma infância marcada por atitudes similares com seus pais. O Kevin nunca foi o destaque dos três irmãos e por mais que ele tivesse tentado, a sua atuação sempre foi ofuscada por problemas de maiores relevâncias e preocupações, por conta disso, o sentimento de não ser bom o suficiente o persegue até a fase adulta e faz com que ele se sinta cada vez menos confiante para audições ou possíveis entrevistas de emprego.

Diante de todos os problemas enfrentados pelos irmãos, na sua individualidade, o episódio consegue com maestria, nos fazer entender essa singularidade a ponto de percebemos o quão danoso esses problemas se tornam na fase adulta.

The Big Eight

P.S.: Pele negra precisa de protetor solar, sim!
P.S.: A Kate criança é tão linda e meiga quanto a Kate adulta <3
P.S.: Que aflição com o Kevin indo pro lado fundo da piscina.
P.S.: A história do caderninho é bem triste =(
P.S.: Que cena! O Randall olhando para a plateia enquanto todos estavam rindo da sua filha interpretando Branca de Neve.
P.S.: Sabia que aquela ex mulher do Toby não era gente boa, todo mundo tem defeitos e ela me parecia certinha demais.
P.S.: A Susan Kelechi Watson, que interpreta a Beth é muito linda, que que isso?!
P.S.: Vi muita gente dizendo que as crianças realmente são cruéis e blá. Minha gente, eu sempre disse isso, criança não vale absolutamente na-da. Pense numa mentezinha diabólica?! Pois então.

E vocês, gostaram do episódio? Se emocionaram? Até a próxima e não deixem de contar o que vocês acharam. Beijocas!


Helaine Marina

Assiste séries com a mesma frequência que sente fome. Estudante de Direito, futura professora de Inglês e louca pelos animais, em especial, seus amigos. Uma aquariana que não é brinquedo não .

Salvador BA

Série Favorita: Impossível decidir

Não assiste de jeito nenhum: Glee

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