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This Is Us – 2×01 A Father’s Advice

Por: em 28 de setembro de 2017

This Is Us – 2×01 A Father’s Advice

Por: em

Todo mundo merecia ter aquela série que dá um calor no coração. Que te faz pensar sobre a vida, sobre nossas escolhas e as consequências delas. Seja uma comédia, sci-fi, dramédia, musical, não importa. É uma sensação tão boa refletir sobre nós mesmos, o tempo e o amadurecimento do nosso olhar sobre as situações. This Is Us é uma série que tem muito esse poder. É simplesmente impossível você terminar um episódio sem pensar sobre algum tema que te toca de alguma forma. Para o bem ou para o mal, This Is Us não te deixa imune. E eu, particularmente, acho isso maravilhoso.

Reprodução/NBC

A estreia da segunda temporada não poderia ter sido melhor. Embalados por uma poesia recitada por William, que funciona como o fio condutor da narrativa, encontramos Kevin, Kate e Randall em um momento crucial de suas vidas. Assim como na primeira temporada, o episódio é aberto no dia do aniversário do Grande Trio. Se na temporada anterior, o piloto nos mostrou os personagens estreando na humanidade, essa se inicia com os mesmos personagens tentando se reinventar. O que não deixa de ser um novo nascimento, não é mesmo? Acontece que renascer sob outra perspectiva pode ser muito mais doloroso que o nascimento físico. Envolve escolhas e também renúncias. E, como em todo processo de crescimento, envolve também sofrimento. Afinal, quem foi que disse que crescer seria fácil?

Nosso Grande Trio tenta, cada um a seu modo, encontrar seu próprio caminho. Kevin, tenta se firmar como ator mas, para isso, teve que deixar em segundo plano um recém iniciado romance com sua ex-esposa. Kate, dá os primeiros passos para se tornar uma cantora e Randall, bem… Randall, tenta ser pai de novo. Desde que decidiu que adotaria uma criança, a vida de Randall passou a girar em torno disso. Sempre metódico, planilhado e perfeccionista, ele passou a correr atrás do seu novo projeto de vida de forma implacável (e, cá entre nós, até um pouco egoísta), como se estivesse realmente em busca de bater uma meta no trabalho. Ele bem que tentou não perceber ou minimizar o estranhamento e resistência da sua esposa. Mas, era nítido que ele e Beth não estavam na mesma página em relação ao assunto. E como ser humano iluminado e fofo que é, estava claro que mesmo tentando ignorar, ele não iria seguir em frente sem o suporte da pessoa que sempre esteve ao seu lado.

Reprodução/NBC

A busca pelo aconselhamento e colo de Rebecca já deixa claro pra gente que a mágoa com a mãe pertence mesmo ao passado. E caso ainda não estivesse esquecida, certamente teria sido agora, porque foi muito lindo o diálogo entre mãe e filho, onde Randall descobre um pouco mais sobre sua origem, sua adoção e sobre o nascimento do amor de Rebecca.

Seu pai estava tão determinado que você deveria ser nosso. Às vezes, em um casamento, alguém tem que ser a pessoa a tomar a frente, dar o grande passo. Seu pai empurrou um estranho para mim. E aquele estranho tornou-se meu filho. E esse filho tornou-se minha vida. Ele se tornou você.

Bacana perceber que, enquanto junta pistas sobre o que motivou sua adoção, Randall e Rebecca acabam falando muito sobre casamento, parceria e amor. O personagem, sempre tão certinho, não raro me passa a impressão que se acha em dívida com a sociedade e, de certa forma, um pouco deslocado no meio da família. Não que ele não se sinta parte, mas às vezes me parece que ele não se sente inteiro ali. Talvez isso se dê pela questão da adoção, mas o curioso é que Randall, o garoto que não tem laços de sangue e que poderia não ter nada a ver com aquela família, acabou sendo o que mais se parece com o Jack. Suas atitudes, seu senso de justiça, seu jeito paternal, tudo nele dá pistas o tempo todo do cara maravilhoso que o escolheu há 37 anos atrás, naquele hospital.

Reprodução/NBC

E foi inspirado por essa conversa, que Randall resolve colocar as cartas na mesa com Beth. Tenho aqui que abrir um parênteses para assumir que nunca morri de amores pela esposa do personagem. Apesar de parceira, amorosa, comprometida, eu sempre tive a impressão que ela não vestia a camisa da mesma forma que o marido e é exatamente aqui que eu levo a minha rasteira. Foi Beth quem deu o xeque-mate da noite, não apenas abraçando a questão da adoção, mas fazendo o marido refletir sobre o verdadeiro sentido de adotar alguém. De estar aberto ao amor para a forma que ele vier, sem condições ou ressalvas. De ampliar o olhar sobre outras possibilidades. De amar sem restringir. You rock, Beth! Foi de arrepiar!

Enquanto isso, em Los Angeles, Kate inicia sua caminhada rumo a uma virada profissional. Quem diria que a garota que sempre se sentiu tão distante e diferente da mãe na infância e adolescência, acabaria seguindo a mesma profissão? Sabemos que a jornada da personagem só está começando e tudo indica que não vai ser nada fácil. Além de ter que provar para os outros sua capacidade, já que ela está mesmo enferrujada, ficou nítido que a grande questão de Kate está mesmo relacionada à forma com que ela se vê e (não) se aceita.

Seu problema de autoestima é tão evidente e aterrador que a desencoraja em momentos cruciais e determinantes. Foi totalmente compreensível (e previsível) ela ter pirado e fugido do teste. Mas, foi  também muito corajoso ela ter sacudido a poeira e tentado dar a volta por cima. Foi importante ela ter voltado e mais importante ainda, ter percebido o real motivo da recusa. Ter absorvido a negativa da forma exata e não a relacionado ao seu corpo foi algo novo e muito positivo pra ela. Alguma coisa dentro dela está finalmente começando a mudar. E, parte disso foi responsabilidade do diretor do teste. Ele poderia ter se recusado a ouvi-la, já que os testes haviam terminado. Ele poderia ter sido só babaca e não ter dado nenhuma explicação. Mas ele preferiu provar a ela que não estava sendo preconceituoso, nem gordofóbico. Ele estava mesmo sendo justo e foi muito importante para ela compreender isso.

Reprodução/NBC

E é nesse ponto que chegamos em Toby. O personagem super simpático tem um grau de importância indiscutível na vida de Kate. Ele apareceu em um momento que ela não se sentia amada, nem desejada e isso foi fundamental para resgatar um pouco da sua autoconfiança. Acontece que a característica que os une, pode ser também que os afaste. Toby não tem o menor problema com o seu corpo, é alto astral e está com a autoestima no lugar. Já Kate, mesmo amando o noivo, precisa de apoio para conquistar seu grande objetivo, que é emagrecer. E é justamente a pouca importância que Toby dá a essa questão física (e também da saúde) que pode vir a balançar novamente a relação deles.

Quanto ao Kevin, espero sinceramente que ele tenha um plot mais bacana essa temporada. Seu namoro com Sophie, a ex-esposa, ainda não empolgou. A briga que Toby tentou ter com ele por ciúmes da sua conexão com Kate, foi tão desproporcional quanto o fato de o moço ter reservado um restaurante inteiro para os três. Soou mais vazio que a vida que o Kevin está desesperadamente tentando preencher. Toby precisa entender que os dois são gêmeos, dividiram a vida desde a barriga da mãe e essa ligação é forte e sempre será intensa. Se alguém ali tem que estabelecer limites,  essa pessoa é a Kate e não o Kevin.

Divulgação/NBC

Por fim, vimos mais um pouco mais da conexão brutal que ligava Rebecca e Jack. É até bonito vê-los brigar, porque a gente sabe que quando eles fizerem as pazes, vai ser em cima de uma super lição de vida e de companheirismo. Dessa vez, não foi diferente. Só foi bem triste porque pudemos ter quase certeza que esse foi o momento que precedeu a  morte do Jack.  E, se isso se confirmar, o personagem partiu num contexto de tristeza, o que definitivamente, não é justo. Especulações à parte, a cena final, apesar de chocante, foi uma escolha bastante acertada do roteiro, que ao que parece, não vai mesmo empurrar com a barriga as nossas principais dúvidas.

Baterias recarregadas de amor e já contando os minutos para a próxima semana. E vocês, curtiram o episódio? Contem pra gente nos comentários!


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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