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This Is Us – 2×03 Deja Vu

Por: em 12 de outubro de 2017

This Is Us – 2×03 Deja Vu

Por: em

“Todas as vezes que alguém me disse que algo seria difícil: provas, escola, maratona de Nova York, não foi tão difícil. Eu treino ou estudo, não é tão difícil. Acho que essa é a primeira coisa que finalmente vai ser tão difícil quanto disseram.”

“E só se passaram três horas, Randall”… Deja vu chegou para remexer no baú das memórias dos Pearson. E fez isso com muita sensibilidade, deixando um recado lindo sobre a importância de encarar nossos traumas e falar sobre eles. Então, vamos começar por Deja (Lyric Ross). A garota chegou para balançar a vida e o doce lar de Randall, para relativizar o tempo, questionar suas certezas, revisitar seu passado, trazer o caos para sua paz. Depois de uma semana de ansiedade, Beth, Randall, Tess e Annie puderam dar as boas-vindas à nova integrante da família. Mas foi só ela pisar dentro de casa para que o pai percebesse que todo o seu meticuloso planejamento não valeria de nada. O medo, o pânico, o não saber o que fazer, estava tudo ali, estampado na cara de Randall, quando foi desesperado pedir conselhos à assistente social. E o que ela disse foi tão simples, tão verdadeiro e tão firme que não sobrou espaço para qualquer pergunta: Não, não vai ser fácil e não, não vai ser ruim só na primeira noite.

Deja chegou com um histórico de abandono de outras famílias, sem qualquer simpatia ou amabilidade, introspectiva, formal e calada.  Sua primeira desavença com Beth só provou ao casal que a menina trouxe consigo também uma bagagem de medo, ameaça e violência. Comportamento mais que esperado diante do contexto, mas não menos desesperador. Acontece que se tem uma coisa na vida do Randall que ele gosta mais do que seus planos é de desafios. Criar Deja, fazer com que ela sinta-se em casa, acolhida, fazer dela uma pessoa bacana e transformar o seu olhar vai ser a meta pessoal do personagem. Ele se vê refletido no desconforto da menina, no seu não encaixe, na sua angústia. Ela desperta nele memórias de um passado em que, mesmo culpado por sentir-se deslocado dentro de uma família que sempre lhe deu tanto amor, ele tentava desesperadamente encontrar seu lugar no mundo. E buscar suas origens trazia implícito esse sentido que lhe faltava na vida.

Divulgação/NBC

Ainda sabemos pouco de Deja. Sabemos que sua mãe, mais uma vez, está presa, que não vai sair da cadeia tão cedo e que isso fez com que ela fosse parar no serviço de assistência social. Sem família, sem referências e com medo, a menina passou por outros lares até chegar aos Pearson. Além de precisar quebrar esse estigma do abandono, Randall e Beth têm pela frente o grande desafio de criar uma adolescente. Eles ainda não haviam passado por isso, já que Tess e Annie são crianças. Tirando o fato da adolescência em si, a menina certamente vivenciou alguns traumas. E, por mais perfeitos e bem sucedidos que ambos sejam, essa tarefa não vai (e nem pode) ser simples. Talvez por perceber isso, Randall foi pelo lado mais coerente: tentou estabelecer uma conexão com Deja, ao contar a ela parte da sua história, para com isso, mostrar que eles já dividem algo.

Só que parece essa conexão não vai ser fácil de ser criada. Assim como mencionei na review passada, o fato de vivenciarmos as mesmas experiências dentro da mesma família, não diz muito sobre como cada um de nós vai encará-las individualmente no futuro. Imagine o que dizer então da história dos dois? Eles têm o abandono em comum, mas em contextos completamente diferentes. Randall foi adotado bebê e mesmo entendendo seu sentimento de não pertencimento, ele mesmo reconhece que só recebeu amor e oportunidades na vida. Não foi fácil, é claro, mas não foi nada parecido com o que Deja viveu. Ela chegou ali adolescente, compreendendo e absorvendo tudo que já aconteceu antes. Parte da inocência e esperança da sua infância certamente foram perdidas nessas experiências tão duras. Ela também acredita que vai voltar a viver com sua mãe e sofreu mais uma grande decepção, quando Randall contou a ela que talvez isso demorasse a acontecer. Apesar de toda a boa intenção do pai e de Deja ter demonstrado um inicinho de empatia, o trabalho ali vai ser duro e vai ser preciso todo a paciência e amor do mundo para fazer dar certo.

Reprodução/NBC

E o baú das memórias seguiu sendo revirado nesse episódio de This Is Us. Dessa vez, os gêmeos tiveram que se confrontar com o seu passado, ao se ver cara a cara com Sylvester Stallone (que representa ele mesmo na série). O astro, que sempre foi o maior ídolo de Jack, provocou uma onda de memórias afetivas na dupla. Kate, mais aberta a compartilhar quem foi seu pai, acaba contando ao ator a importância dele na vida da família e, como sua presença ali, no set de filmagem, tornava tudo tão mais simbólico e especial. Já Kevin, tem a pior reação possível e é aqui que começamos a descobrir que não é só Kate que tem problemas em falar sobre a morte do pai. O seu gêmeo também tem um sério bloqueio, a ponto de não conseguir, ao contrário da irmã, falar sobre quando ele ainda estava vivo.

Como é particular também o jeito de cada um lidar com o sofrimento. Concordo que nenhum dos três irmãos consegue falar sobre a morte do pai, mas enquanto Kate e Randall vivem inundados de boas lembranças, que trazem um certo conforto e felicidade, Kevin parece não se permitir entrar em contato com essas recordações e os sentimentos, ainda que positivos, que elas evocam. Tudo ainda é tão doloroso, que acaba afetando a gravação e, na tentativa de mudar o foco da conversa, ele tenta minimizar a perda de Jack, alegando que havia sido há muito tempo. Foi Stallone quem disse a ele uma das frases mais verdadeiras do episódio: “Pela minha experiência, não existe isso de há muito tempo atrás. O que existe são memórias que significam algo e memórias que não“. Pois essas memórias acabaram mexendo tanto com Kevin, que ele não só errou o texto inúmeras vezes, como acabou se machucando durante a gravação das cenas. O que nos remeteu a mais uma recordação de quando ele fraturou o joelho na adolescência e de Jack, sempre presente e amoroso, estava lá, dando todo o suporte e carinho que o filho precisava em sua recuperação.

Reprodução/NBC

Ainda não conseguimos descobrir como Jack morreu, mas vimos como ele e Rebecca finalmente fizeram as pazes e mais ainda, como adotaram o cachorrinho que apareceu no flashback de A Father`s Advice. Que alívio comprovar que a partida do Jack não se deu mesmo num contexto de desavença! Foi lindo como ele luta e consegue se abrir com Becca e como eles conseguiram transformar uma saída desastrosa numa super reconciliação.

E aí, prontos para a próxima semana? O que acharam de Deja vu?


Observações:

  • Não posso deixar de comentar a lindeza de cena entre Annie e William. Que pureza de comparação e que fofo ter sido isso o que deixou William na casa na sua primeira noite! <3;
  • O que dizer do diálogo entre as três meninas, quando Deja pergunta quem está no comando e elas falam: “Mamãe e papai… ahn… mamãe!” hahahahhahahahaha
  • Quero muito saber como o Randall e a Beth se conheceram e começaram a namorar. Achei que isso seria mostrado nesse episódio, depois do papo entre ela e Kevin da semana passada;
  • Cortou meu coração a cena em que Randall é enganado por uma mulher, dizendo ser sua mãe. Quanta perversidade! E que lindo a solidariedade dos dois irmãos, não só acompanhando ele no parque, como tentando entender como ele se sentia. Isso só me fez, mais uma vez, sentir muito pela decisão da Rebecca em não contar a ele quem era William.

 

 

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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