Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

This Is Us – 2×07 The Most Disappointed Man in the World

Por: em 9 de novembro de 2017

This Is Us – 2×07 The Most Disappointed Man in the World

Por: em

The Most Disappointed Man in the World foi um episódio triste, emocionante e duro. Mais do que nos falar sobre o homem mais frustrado/desapontado do mundo, esse episódio nos falou sobre escolhas: as nossas próprias, que atingem apenas as nós mesmos e as que fazemos pelos outros. A tal da escolha é um grande paradoxo. Tem aquelas que fazemos conscientes, sem dúvidas; já outras fazemos por necessidade, falta de opção e com o coração apertado. Mas afinal, se fazemos escolhas todos os dias, porque às vezes é tão difícil lidar com elas? Talvez porque escolher seja deixar pra trás ao menos uma outra possibilidade, que poderia, pelo menos estatisticamente, mudar todo o curso daquela história. E claro, existem escolhas mais simples, outras mais complexas, mas todas trazem implícita a perda.

Reprodução/NBC

Ao “escolher” entrar nas drogas para conseguir lidar com a perda da mulher, da mãe e do filho, William talvez inconscientemente estivesse escolhendo deixar a vida. Mas, sua sinceridade na hora do julgamento, foi talvez uma escolha que mudou de novo, tudo. Na verdade, a chave para essa mudança partiu do juiz Crowder, que fez o que todo juiz deveria fazer e escutou o réu. A história de William comoveu um juiz acostumado a sentenciar sem pensar muito no final que seria escrito após aquelas sentenças. A falta de esperanças do rapaz acertou em cheio o coração dele e acendeu lá dentro a luzinha de empatia, que o fez se identificar de alguma forma com aquele homem e com essas escolhas, que muitas vezes fazemos por acharmos que não temos qualquer outra opção.

Eu não espero que você seja perfeito. Eu sei que você vai cometer erros como o resto de nós. Mas eu vou te pedir uma coisa. Quero que você olhe para o meu rosto. Eu quero que você veja este rosto cansado, velho, gordo e o grave em sua mente. E se você começar a seguir na direção do final que eu não quero escrever, eu quero que você se lembre desse rosto e faça uma escolha diferente.

Essa mensagem marcou William profundamente e o acompanhou em momentos cruciais da sua vida, em que ele quase fez escolhas que o levariam para um caminho errado. O que nos leva a pensar em quão importante é ter a sensibilidade de olhar para o outro sem julgá-lo e dizer que acredita nele, que se identifica, que todos passamos por momentos ruins, mas que somos capazes de sair deles. Isso faz toda a diferença e se mostrou, mais que um artifício demagógico, de uma assertividade impressionante.

E da mesma forma que um juiz representou o primeiro passo para uma mudança de vida para William, outro quase muda a história da família Pearson. Por acreditar que Randall não seria feliz em uma família branca, que nunca entenderia suas dores e dilemas, o juiz Bradley foi categórico em afirmar que não seria um relatório positivo que mudaria sua convicção de que crianças negras devem ser criadas por negros. Uma afirmação bastante complexa e que me deixou bem reflexiva. Certamente, ele tem “bagagem”, experiência e lugar de fala para dizer isso. Mas seria essa decisão realmente “justa”, já que estava mais que provado que a criança era extremamente amada, bem cuidada e desejada por aquela família? Seria justo tirar isso de Randall até que alguma família negra se interessasse por ele? Ele teria sido mais feliz, caso isso tivesse acontecido? Mais uma vez voltamos às escolhas que não são feitas por nós e que impactam todo o nosso futuro.

Divulgação/NBC

Felizmente o juiz, mexido com a carta de Becca, abriu mão da decisão para uma outra juíza, também negra, que preferiu acreditar que onde mora o amor, mora provavelmente a felicidade. E que não seria a cor dos pais e irmãos que determinaria o destino daquela criança. Ela preferiu dar uma chance baseada num relatório repleto de boas indicações e comprovações de afeto, amor e respeito. “Vocês fizeram o trabalho duro. Vocês escolheram amar!” Randall teve seus problemas, crises e desafios. Seus pais idem. Mas o final dessa história foi positivo para ele, mesmo que lá no fundo ele sempre se pergunte como seria se ele tivesse tido a oportunidade de saber antes da existência de William. Mas, independente dos seus questionamentos, tenho certeza que ele jamais duvidou do amor dos seus pais adotivos. Ele sabe que foi tão amado por Jack, quanto por William e que no final das contas, foi um privilégio ter os dois como pais. E, ainda que sua convivência com seu pai biológico tenha sido limitada, ela não foi menos intensa. Muito pelo contrário.

E como a vida gosta muitas vezes de nos propor desafios semelhantes, agora chegou a vez de Randall e Beth escolherem por Deja. Foi de cortar o coração ver a expectativa da menina frustrada por não ser recebida pela mãe. Foi de chorar vê-la, mesmo triste, pedindo sua bolsa, para que entregassem à sua mãe o dinheiro que ela havia guardado. Nossa, morro só de escrever isso. Acontece que tudo tem dois lados e lá foi Randall, cheio da razão falar umas verdades na cara de Shauna. Não satisfeito de já ter sobrado com a assistente social, depois de julgar de forma bastante injusta e cruel o seu trabalho, Randall levou mais um choque de realidade que calou fundo na sua alma. “Não ouse dizer que estou aqui por escolha. Pessoas que tem escolha dizem isso.” O que Shauna disse a ele, nada mais era que algo que William poderia ter dito à Becca, caso tivesse tido oportunidade. Ela tinha a oferecer o sangue à Deja e também o amor. E nada no mundo é mais poderoso que isso. 

Reprodução/NBC

Enquanto isso, Kate e Toby finalmente vivem a felicidade da gravidez. E escolhem a pior pessoa no mundo para dar a notícia. Kevin está tudo, menos na vibe tio. Aliás, ele precisa urgente de uma rehab, porque né? É uma cagada atrás da outra. O que foi aquele discurso dele com a Sophie? Gente! Que falta de sensibilidade! Só espero que a Sophie vire essa página, já que esta é a segunda chance que ela dá e o cara estraga literalmente tudo. Pelo amor de Deus! E espero também que ela não releve essa atitude quando descobrir que ele está sofrendo e viciado. Porque reincidência na babaquice não tem justificativa, amada. Move on!

Toby foi muito fofo e, como ele mesmo disse, cliché no pedido de casamento. Mas, foi mesmo o que a Kate precisava para assumir que essa celebração para ela é importante sim e que só a ausência de Jack a estava bloqueando de viver esse momento. Foi muito bacana o Toby ter tido a sensibilidade de perceber isso e fazer tudo do jeito que ela sonhava! Se joga, gata!!! Vá ser feliz!

Os dois últimos episódios de This is Us acenderam a luzinha do quanto essa série tem potencial. Sigo animada e ansiosa para o próximo episódio. E vocês?

 

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

×