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Togetherness

Por: em 15 de abril de 2016

Togetherness

Por: em

A busca pelo autoconhecimento na vida adulta.

Quando pensamos sobre o futuro é comum imaginarmos um cenário onde tudo ocorrerá conforme os planos, onde seremos pessoas focadas e decididas e onde, principalmente, não nos sentiremos deslocados. Conforme os anos transcorrem, as coisas não acontecem exatamente dessa forma, mas isso não nos impede de traçarmos expectativas semelhantes sob o que está por vir. Afinal, quem sabe, “quando estivermos com trinta e poucos anos, seremos maduros e finalmente vamos sentir que estamos no lugar certo.” A questão é: E se esse momento nunca chegar?

É aí que entra Togetherness, série da HBO que (infelizmente) chegou ao fim no último domingo. Nela, a história começa quando quatro adultos precisam dividir o mesmo teto na cidade de Los Angeles. Entre eles, Brett e Michelle formam um casal que passa por uma crise em um casamento que foi se desgastando com a criação dos filhos, Alex – o melhor amigo de Brett – é um ator fracassado que está em dificuldades e Tina – a irmã de Michelle – é uma mulher que deseja fazer seu negócio decolar enquanto procura por um marido.

Se existe uma palavra pra descrever Togetherness, essa palavra é crua. Apesar de ser uma dramédia, a série não exita em criar desconforto para o público, ter diálogos melancólicos e quebrar a ilusão criada da vida adulta. Trabalho, casamento, filhos, a tal da felicidade… São todas questões que, em tese, já deveriam estar resolvidas (ou parcialmente resolvidas) quando alguém adentrasse na casa dos trinta. Isso é o que a sociedade espera, mas, na prática, uma parte das pessoas ainda está tentando encontrar aquela certeza de que não “desperdiçou” a vida fazendo as coisas erradas.

“Não sou muito interessante ou legal ou profunda. Quero dizer, não sou realmente boa em nada. Essa é a questão. Só não sou boa em nada. E estou tão cansada de bater a cabeça contra a parede. Tão cansada.”

Entretanto, não espere encontrar um seriado que vai te deixar completamente pra baixo e fazer você chorar horrores. Surpreendentemente, é uma a série leve. Os questionamentos já falados são feitos no meio de episódios simples, divertidos, mas que quando analisados você sempre acaba encontrando uma gota de melancolia. Grande parte devido ao excelente elenco principal, onde todos encontraram o tom dos seus respectivos personagens e diversas vezes transpassaram os sentimentos dos mesmos com apenas um olhar.

O melhor é que Togetherness conseguiu encontrar sua própria identidade. Questões semelhantes são abordadas em Girls, Love, Looking ou em outra meia dúzia de dramédias dos últimos tempos. O diferencial? Os personagens. Enquanto nos exemplos citados acompanhamos jovens adultos que estão procurando o melhor para si, na maioria das vezes de forma egocêntrica, aqui Brett, Michelle, Alex e Tina possuem responsabilidades maiores e precisam olhar ao redor antes de fazer qualquer escolha (e mais tarde precisam arcar com as consequências, um grande mote da segunda temporada).

A direção ficou por conta dos famosos irmãos Duplass, que tiveram sua primeira experiência na televisão,  mas foram competentes e inclusive estavam trabalhando no terceiro ano antes do cancelamento. O elenco, por sua vez, é formado por Mark Duplass (sim, um dos irmãos), Melanie Lynskey (Two And a Half Man), Steve Zissis (Her) e Amanda Peet (The Good Wife).

Não é uma série completamente inovadora ou que irá fazer diferença no mundo televisivo, mas ela conseguiu se destacar ao abordar de forma leve a constante busca pela certeza, principalmente nos dias atuais onde “trinte é o novo vinte”. É uma série sobre erros, acertos e, acima de tudo, a humanidade. Com apenas duas temporadas de oito episódios – que possuem de vinte a trinta minutos -, é uma boa pedida para uma rápida maratona. Está esperando o quê?

Observação:

-Apesar do cancelamento e do fato de que claramente haviam diversas histórias para serem contadas, o final foi satisfatório e não deixou pontas soltas.


Douglas

Possui mais séries na grade do que tempo disponível. Viciado em cultura pop, bandas indies e, principalmente, ketchup.

Curitiba / PR

Série Favorita: Seinfeld

Não assiste de jeito nenhum: Anger Management

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