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UnReal e os estereótipos em reality shows

Por: em 10 de agosto de 2015

UnReal e os estereótipos em reality shows

Por: em

Depois de um piloto pouco atraente, UnReal conseguiu emplacar uma primeira temporada viciante e  mudou a forma como assistimos reality shows. Foram dez episódios de muita manipulação, intrigas e barracos forjados, e agora é impossível não se questionar sobre a veracidade daquilo que nos vendem como real.

Tudo bem que hoje em dia ninguém mais é ingênuo a ponto de acreditar em tudo o que aparece na TV, mas ironicamente, UnReal, uma obra de ficção, pareceu mais honesta que muitos Everlastings por aí. A série mostrou que por trás de todo o formato de reality show de confinamento/ convivência existe um batalhão de produtores e editores responsáveis pela good television do resultado final. O primeiro passo para isso é escolher um elenco com características pré-determinadas para criar uma narrativa atraente, e aí não tem jeito! São sempre as mesmas figurinhas,  só mudam de nome. Ficou com a sensação de já conhecer as pretendentes de Adam de algum lugar? Pois é, a gente explica o motivo!

Britney – A vilã

britney

A única coisa que o público de reality show gosta mais que torcer por alguém, é odiar alguém. A fórmula mágica para criar uma vilã é bem simples: selecionar alguém com uma personalidade forte, um bocado de sarcasmo e que já chegue causando! Dê muitos incentivos para ela falar mal das outras participantes nos depoimentos e para arrumar confusões. Depois é só cortar todas as suas vulnerabilidades da edição e jogar uma música de filme de terror ou um barulhinho de cobra toda vez que ela abrir a boca. Outras Britneys: Andressa Urach (A Fazenda 6), Maytê (O Aprendiz – O Retorno), Sandi (No Limite 4) e Parvati (Survivor Cook Islands, Survivor Micronesia – Fans vs Favorites e Survivor Heroes vs Villains) e Rachel Reilly (Big Brother US 12 e 13, The Amazing Race 20  e 24).

Shamiqua – A planta

shamiqua

Sempre tem aquela participante que causa um impacto à primeira vista, mas que ao longo do programa não se joga e vai sumindo, ficando chata, quase não faz nada e no fim das contas você nem lembra mais que ela ainda estava lá. A clássica samambaia. O problema é que ela fica tão invisível que todo mundo esquece de eliminar a criatura, o que torna bem comum a transformação das samambaias em sempre vivas. Outras Shamiquas: Ana Marcela (BBB10), Raquel Pacheco (A Fazenda 4), Andrea Nóbrega (O Aprendiz – Celebridades), Jen (Big Brother US 14) e Victoria (Big Brother US 16).

Athena – A encrenqueira

Athena

“Eu falo na cara!”, “Não suporto falsidade!”, “Sou muito boa, mas quando pisam no meu calo, sai de baixo!”. Falar qualquer uma dessas frases no processo de seleção de um reality show já deve ser meio caminho andado para ser escolhida. As encrenqueiras estão sempre lá, cheias de razão, de exclamações e de pedras na mão. Costumam ter índices de rejeição ainda mais fortes que o das vilãs, pois não contam com a ironia e o humor ácido característico delas. São só tiro, porrada e bomba! Outras Athenas: Aline (BBB 13), Lorena Bueri (A Fazenda 7), Andréa (No Limite 1) e Da’Vonne (Big Brother US 17).

Mary – A mãe

mary

A mãe é uma peça estratégica para conquistar o sofá. Ela não tem mais 20 anos de idade, mas também não tem 70. É mais madura e menos festeira que a média das outras participantes, mas também não pode ser considerada feia e nem antiquada. Como uma boa mãe, ela deve falar do amor pelos filhos pelo menos três vezes ao dia e convencer o público de que está no programa buscando ou um recomeço depois de anos se dedicando ao lar, ou uma oportunidade de dar uma vida melhor à família. Só que nem sempre as coisas saem conforme o esperado e algumas parecem mais donas de casa desesperadas que boas esposas. Outras Marys: Fabiana (BBB 12), Monique Evans (A Fazenda 4), Margie (The Amazing Race 14 e 18) e Carolyn (Survivor Worlds Apart).

Maya – A wifey em potencial

Maya

Em Everlasting, Maya foi rapidamente rotulada por seu potencial para esposa. Ela é bonita, culta, sensível, sommeliére, não se envolve em brigas… e por um milímetro não entra na categoria planta. Sem querer perder uma possível vencedora, a produção dá um CAPS LOCK na menina para ela se soltar mais e continuar no páreo. Em resumo: é aquela que faz tudo certo até demais. Maya também vivenciou uma experiência que infelizmente não é nenhuma novidade em reality shows: ela foi violentada e a produção jogou panos quentes na situação. Outras Mayas: Fernanda (BBB 10), Marina (O Aprendiz 6), Pipa (No Limite 1) e Jordan (Big Brother US 11 e 13, Amazing Race 16).

Faith – A zebra

faith

No meio de um monte de beldades, quem imaginaria que uma moça virgem, sem muitos atributos físicos, sensualidade zero, autoestima baixa e comportamento de “brother” iria se destacar tanto? R: Qualquer um que já tenha assistido a algum reality. O público nunca resiste a uma underdog (a não ser que ela seja MUITO chata), afinal, elas são engraçadas, não são esnobes e se parecem muito mais com a maior parte do sofá do que as turbinadas padrão capa de revista que inundam a TV. Outras Faiths: Elaine (No Limite 1), Hannah (The Glee Project 1), Tati Bione (BBB8),  Shirin (Survivor Worlds Apart).

Grace – A sexy

grace

Ok, tirando a zebra, todas as outras costumam ser sexys, mas Grace representa um tipo bem específico que tem função meramente decorativa mesmo. Elas são selecionadas por serem bonitas, às vezes por serem exóticas e podem ter até características de vilã ou de planta, mas raramente serão wifeys. Outras Graces: Nana Gouveia (Casa dos Artistas 1), Andressa (Hipertensão), Lisi Benitez (A Fazenda 7) e Courtney  (Survivor China e Heroes vs Villains).

Anna – A princesa

anna

Eles até tentaram transformar Anna em vilã nas primeiras semanas, mas não tinha jeito. Só a cara de Elsa já denunciava o grupo ao qual ela realmente pertence: as princesas! Elas têm uma história sofrida (como a da morte do pai), são bonitas e elegantes como as wifeys, mas não precisam de empurrãozinho nenhum da produção, já que são naturalmente magnéticas. Princesas formam casal sempre que têm espaço pra isso, mas nunca se deixam apagar por seus parceiros. Para não torna-las tediosas, os produtores sempre encontram alguma vulnerabilidade na sua personalidade para explorar. Outras Annas: Grazi (BBB5), Bárbara Paz (Casa os Artistas 1), Marissa (The Glee Project), Priscila Machado (O Aprendiz – Celebridades), Amanda (Survivor China, Micronesia e Heroes vs. Villains) e Janelle (Big Brother US 6, All Stars e 14).

Adam – o sapo

adam

Apesar de ser um programa majoritariamente feminino, Everlasting tinha como centro das atenções Adam, um legítimo representante de um dos maiores clichês masculinos em reality shows. Eles tentam vender o pacote completo de uma novelona ou de um conto de fadas, com príncipe e tudo. Em um primeiro momento é até fácil de acreditar, pois imagine só um homem bonito, viajado, de boa família sendo adorável com as garotas? Mas se existe um clichê certeiro sobre esses programas é que as máscaras caem, e aos poucos o príncipe se revela um verdadeiro sapo: imaturo, fútil, machista, egocêntrico, sem palavra e sem consideração pelas mulheres que tentam conquistar seu coração. Outros Adams: Marcelo (BBB14), Fernando (BBB15), Mateus Verdelho (A Fazenda 6), Brandon (Big Brother US 12 e 13, The Amazing Race 20 e 24)


No fim das contas, bem pouco do que a gente vê no resultado final é espontâneo ou não faz parte de um roteiro invisível que as Quinns, Rachels e Chads da vida real traçam para os seus Everlastings. Mas a gente sempre pode contar com alguém se jogando do telhado ou fugindo de um casamento! Gostou de UnReal? Por qual perfil de competidora você costuma torcer nos reality shows da vida (quase) real? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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