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Vinyl – 1×05 He is Racist Fire / 1×06 Cyclone

Por: em 24 de março de 2016

Vinyl – 1×05 He is Racist Fire / 1×06 Cyclone

Por: em

Em He is racist fire e Cyclone, Vinyl aumenta a quantidade de cocaína e outras drogas consumidas por Richie Finestra, mas – infelizmente – essa “guinada” não é revertida diretamente no ritmo e narrativa dos episódios.

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Assim como “Yesterday Once More”, o protagonista de Vinyl mergulha em suas alucinações para encontrar soluções para seus problemas – ou simplesmente, ignorá-los. No quinto episódio, é a realidade da American Century Records que preocupa o empresário e no sexto, é o relacionamento com Devon que o atormenta. De qualquer forma, Richie se mostra cada vez mais detestável. A lista de momentos em que Richie ofende alguém é longa: ele é grosseiro com o vocalista dos Nasty Bits, enfia a mão na blusa da Jamie, empurra Andy Warhol… e eu podia continuar com outras cenas que provam que Richie não é uma boa pessoa. No entanto, nenhuma cena incomoda mais do que ele usando Devon para conquistar Hannibal.

Diante da insatisfação de Hannibal com o trabalho da gravadora e da ameaça de Jackie Jervis, Richie marca um jantar com o artista, Devon e Cece para tentar apaziguar a situação e renovar o contrato do cantor. Quando ele liga para a esposa, pede para ela usar algo sexy e durante o jantar, conta as aventuras sensuais de sua parceira sem nenhum pudor. Hannibal sabe que aquele é um jogo para conquistá-lo, então decide conduzir a brincadeira para um nível que Richie não consegue suportar. Richie não tem problema nenhum em sexualizar Devon – ou, dizer coisas homofóbicas e racistas – mas quando situação foge de seu controle ele age de forma irracional e mais agressiva.

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Mas Richie precisa mesmo ser amável? Não. Então está tudo bem ter um protagonista desagradável? Sim. Mas o que faz dele único? Ou o que pelo menos justifica um comportamento tão desprezível? Bom, Vinyl mostra que não sabe as respostas para essas questões e exibe Richie, de forma já redundante, cometer equívocos e mais equívocos sem nenhuma redenção.

Ao final de “Cyclone”, Richie finalmente assume: “Estou acabado” para seu amigo Ernst antes dele se revelar – ok, uma revelação bem óbvia que soou mais como uma constatação – como um produto da imaginação do protagonista. Mais do que ilusão, Ernst incorporou o papel de demônio que apoiado aos ombros de Richie o estimulava a dar mais um passo em direção ao precipício. Mas essa alucinação é também uma prova de quão baixo Richie pode ir e quanta dor suas atitudes podem causar. O resultado dessa aventura libertina foi Devon – que também se rendeu à momentos nostálgicos no episódio para recarregar a energia – sair de casa com os filhos.

Seguir Richie em suas desventuras foi bem cansativo, mas se tem alguém que pode salvar um episódio essa pessoa é David Bowie, que é interpretado por Noah Bean. O artista aparece em apenas uma cena quando Andrea (mais sobre ela nos comentários) e Zak tentam convidá-lo para um show beneficiente. Andrea que já conhece Bowie deixa Zak se enrolar nos próprios elogios de fã e geek e cria um desconforto com o ídolo que é gostoso de testemunhar.

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Mas é quando Bowie não aparece que ele consegue ser mais influente. Na última cena de Zak, ele está sentado sozinho enquanto no fim do bar mitzvah da filha ouvindo um jovem cantando e tocando “Life on Mars” no piano. Não é possível identificar o que toma Zak naquele momento, mas há uma sensação de entrega e prazer que são admiráveis.

Os ainda personagens ainda patinam em Vinyl, mas os momentos musicais continuam maravilhosos. É na relação com música que a série mostra seu valor.

 

Outros comentários (e mais música!):

  • Lester tem uma função bem singela com os Nasty Bits e a relação dele com a banda parece que é um caminho mais fácil para um personagem complexo, mas ainda é bom vê-lo tão cuidadoso com as pessoas que ele convive.
  • Eu adorei que o problema do guitarrista para os Nasty Bits foi consertado por uma obra do destino. Um pouco de magia para uma série tão pragmática!
  • Hannibal: “I don’t need a bump. I got a bump”. Devon: “Oh yes you do, sir.”
  • Andrea foi contratada por Richie para dar uma nova cara para a gravadora e já chegou tirando a poera de baixo do tapete. Apesar de representar muito problema, ela foi um ótimo acréscimo para a série.
  • A música que embala a dança de Hannibal e Devon é “Pillow Talk” de Sylvia.
  • Julian Casablancas volta para a série com outro cover de The Velvet Underground, desta vez de “White Light/White Heat” que é a música que toca nos créditos de “He is in racist Fire”.
  • Richie: “This song. One less egg to fry. What is he, a fucking midget?” sobre “One Less Bell To Answer”.
  • A música de Bowie interpretada antes da cena com Andrea e Zak é a versão original de “Suffragette City”, mas “Here Comes The Night” aparece em duas versões diferentes, a primeira é cantada por Lulu e a outra pela banda Them. Os dois covers foram lançados em 1964.
  • A versão de Life on Mars é cantada por Trey Songz, coincidentemente Girs também homenageou Bowie com a mesma música no domingo em um outro cover da cantora norueguesa AURORA.
  • Para colocar na playlist: “Watch Your Step” de Bobby Parker, “The Crystal Ship” de The Doors, “I Dig Your Mind” de Iggy Pop, “Rave on” de Buddy Holly e “I Got Ants In My Pants” de James Brown.

Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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