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When We Rise – 1×04 Part VI / Part VII (Series Finale)

Por: em 22 de março de 2017

When We Rise – 1×04 Part VI / Part VII (Series Finale)

Por: em

Depois de 03 longos episódios onde pensei não ter mais lágrimas no corpo, When We Rise resolve nos acalentar com esse finale maravilhoso de incrível de bonito! E sim, eu ainda consegui chorar mais! O encerramento foi mais parecido com o primeiro episódio, sem um narrador explicitamente definido e com a mesma história ligando as 02 partes. Com uma estrutura melhor amarrada do que o episódio anterior, foi bom ver que a série encerra em um tom positivo, mas em sinal de alerta.

Cleve tinha razão. Após as grandes batalhas que travaram, a comunidade estava em estado de estupor e sem propósito. E não se tratavam apenas dos jovens, pois o próprio Cleve não conseguia encontrar novas formas de lutar. Apenas após acompanhar a nova geração de ativistas se rebelando contra o golpe que foi a aprovação do Proposition 8 na Califórnia é que Cleve volta à ativa e em grande estilo, protestando em frente a Casa Branca em favor do casamento civil para pessoas do mesmo gênero. E ainda é um momento perfeito para revermos amigos de longa data enquanto dormimos em seus sofás! Que bom que eles mantiveram contato, já que não mostraram Roma e Diane conversando com nenhum dos amigos no episódio passado.

Roma volta a ter destaque maior com a luta pela ampliação do Programa de Saúde de São Francisco, para que seus residentes de baixa renda ou sem documentação suficiente para que participassem de outro programa de saúde governamental tenham acesso a um atendimento de qualidade. O subplot do vizinho com a esposa com câncer só aumenta a urgência pela aprovação do novo plano, assim como demonstra que as lutas não são travadas apenas para quem faz parte da comunidade LGBT, mas para todos que fazem partes de minorias. Foi muito bom reviver as discussões políticas que tínhamos no começo da série, pois, com o foco apenas no drama do HIV, a parte política ficou de lado.

O arco de Ken foi o mais sem brilho, as depois de tanto destaque nos anteriores, era necessário dar espaço para que Roma novamente. Eu fiquei um pouco confuso com respeito ao batismo de Ken, pois ele já frequentava a igreja antes, será que, por ser outra congregação seria necessário outro batismo? Ou seria um ritual para marcar sua nova vida longe do vício? Enquanto esteve na igreja de Eloise, Ken não sofreu racismo, mas teve que deixar sua homossexualidade escondida devido sua homofobia velada. Ele só encontra a verdadeira felicidade quando está entre pessoas que não apenas o aceitam como ele é, mas que fazem parte de sua comunidade. É uma volta às origens.

A última batalha que acompanhamos é encabeçada por Chad Griffin (T.R. Knight, de Grey’s Anatomy) que não apenas conseguiu o apoio do republicano Ted Olson (Arliss Howard, de True Blood), como do grande advogado David Boies (Henry Czerny, de Revenge). Cleve aqui é apenas um espectador, pois é através da visão de seu personagem que podemos acompanhar os julgamentos. Precisamos ter em mente que se trata de uma obra de ficção e adaptações foram necessárias, como, por exemplo, a participação de algumas pessoas em certos eventos. Eu não consegui confirmar se Cleve realmente esteve presente durante os julgamentos, mas, pelo que consegui entender, essa foi uma das “liberdades poéticas” da série.

A primeira onda de vitórias não é de todo feliz. O novo programa de saúde foi aprovado tarde demais para a vizinha de Roma, que morre de câncer, e ela precisa ouvir desaforos do vizinho descontando suas frustrações nela. Foi muito triste de ambos os lados, pela perda que o vizinho sofreu, assim como pelas palavras duras que Roma não merecia ouvir após toda sua luta. Com a decisão de que o Proposition 8 é inconstitucional e que a decisão final deve ir para o Supremo Tribunal de Justiça, Ken se lembra de Richard e pensa em como seria sua vida se, na época da morte dele, fossem amparados pela lei do casamento civil.

A parte final é quase totalmente focada na decisão final do Supremo Tribunal de Justiça. Roma e Diane decidem se casar caso o Proposition 8 seja derrubado e Ken se prepara para ministrar casamentos em sua nova congregação. Como se trata do episódio final, vários momentos foram de recordação, como quando o irmão da uma das frequentadoras da igreja não aceita chamá-la por seu nome social, já que havia nascido homem e negros de verdade são machos. Outro momento bem tocante de recordação foi quando, no Memorial da Guerra do Vietnam, Ken “conversa” com Michael, lhe contando tudo que perdeu e pedindo para cuidar de Richard, onde quer que estivessem. Foi mais um momento para ir cortar aquela baciada de cebola bem grande.

Eu também adorei que ainda tivemos oportunidade de vermos quanto Cecília cresceu em sua profissão após a cirurgia de redesignação de sexo. Sua amizade com Ken, mesmo após anos de distância, não diminuiu nada, ainda mais quando se trata de se unir para ajudar o próximo. E são esses pequenos momentos de intimidade entre amigos, como quando Roma lhes conta em segredo que irá se casar, que descrevem a alegria e cumplicidade de comunidade LGBT. Foi fofo e super me identifiquei!

Acompanhar o julgamento é um deleite para quem não aguenta mais ouvir argumentos infundados como se fossem verdades irrefutáveis sobre relacionamentos LGBT! Além de ser uma aula de advocacia (Annalise Keating estava orgulhosa e ocupada tomando notas), ver David Boies fazer a única testemunha da defesa voltar seus argumentos contra si próprio é impagável. Foi difícil conter as emoções, principalmente sabendo o que estava em jogo, mas a razão prevaleceu e, após meses de espera, Proposition 8 foi derrubada na Califórnia e pessoas do mesmo gênero podiam se casar perante a lei.

Eu já estava sem cebolas em casa para cortar, então fui ao mercado comprar mais algumas, pois o casamento de Roma e Diane foi tão incrível! Além disso, ver Ken celebrando a união de outros com tanta felicidade, mesmo sabendo que seus dois grandes amores estão mortos é de quebrar o coração. Foi uma grande vitória para os ativistas americanos, mas eles sabem que ainda estão muito longe de chegarem ao final da guerra, assim como as mensagens finais deixam claro. Com o novo presidente, os direitos dos LGBT estão cada vez mais em risco, e é preciso estar preparado para retomar a luta!

When We Rise foi uma minissérie muito bem feita, tanto no âmbito visual quanto no quesito dramático. Senti algumas incongruências no desenvolver de alguns personagens (Ken, em específico), mas nada que tenha atrapalhado a bela experiência que foi a história. Lembrando que, mesmo com uma base histórica forte, algumas liberdades foram tomadas para tornar a narrativa mais fluida. Portanto, caso sintam curiosidade, procurem se informar sobre os eventos representados. É com base em lutas passadas que conseguimos preparar a base em que vivemos. Novas gerações se iniciam, mas as batalhas sempre se renovam, e nós precisamos ensinar aos jovens que, se não lutarem pelos seus direitos, ninguém fará nada por eles!

Um esforço! Uma luta!


O que acharam da minissérie When We Rise? Deixem suas opiniões nos comentários!


Paulo Halliwell

Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

São Paulo / SP

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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