Quantas vezes você estava zapeando pelos canais da TV e viu passando Friends? Ou Simpsons? Muitas, não é mesmo? Os canais de TV a cabo brasileiros costumam apostar nas grandes produções norte-americanas e também pudera. O valor investido em cada série por lá é muito alto, tanto que a TV já disputa espaço com as produções cinematográficas – o que se torna mais fácil em um mercado extremamente competitivo como o da televisão norte-americana. Já por aqui, a hegemonia da Rede Globo é evidente, e esse investimento em produções nacionais (exceto em novelas), acaba ficando em segundo plano e, consequentemente, sem ter como competir em pé de igualdade com produções vindas de fora.
Ou pelo menos era assim. Em 2012 foi aprovada ano congresso a Lei 12.485, que propõe valorizar a produção nacional, obrigando os canais de TV a cabo a exibirem um percentual de programas brasileiros. Para cumprir a lei, os canais são classificados em diferentes empacotamentos. Canais brasileiros de espaço qualificado (Globosat, GNT, Curta!,BIS, TV ra-tim-bum, entre outros), ou canais de espaço qualificado (AXN, Sony, BBC, Bem Simples, SyFY, TLC, etc.), este último abrangendo a grande maioria dos canais de TV a cabo. Os canais jornalísticos e de esportes não se enquadram nestas classificações e consequentemente nesta lei.
O que mudou na programação destes canais foi o tempo dedicado à programação. A lei exige a reserva de 3 horas e 30 minutos semanais em horário nobre (18h às 24h) para produções brasileiras, e que metade deste tempo seja dedicado à produtoras independentes. Medida semelhante foi tomada na Europa, mas ainda de forma mais severa.
A lei da TV paga fez a quantidade de programas brasileiros produzidos dobrarem. Segundo o jornal Valor (de 29 de agosto de 2014) em 2011 tinham sido emitidos 1,9 mil certificados de produtos brasileiros contra 3,3 mil em 2013, mas a porcentagem de programas brasileiros ainda é baixa:

Percentual de Horas de Conteúdo Brasileiro e Estrangeiro em 2013 (Ancine)
Com essa mudança, os canais a cabo passaram a ser um bom mercado para as séries nacionais. Tendo mais espaço, as produtoras independentes buscam sempre novas ideias e formatos. Para nós, Apaixonados por Séries é uma época de fartura, quando presenciamos o crescimento das séries nacionais, com alguns canais já dando mais valor à ela do que aos famosos “enlatados”.
O GNT é um exemplo de canal que produz muito conteúdo nacional, não só de programas de variedades mas também em séries, como a que irá estrear este mês, Lili, a Ex. Temos também a ótima Sessão de terapia do mesmo canal. A HBO também investe parte do seu horário em séries nacionais, como a mais recente O negócio, e as já canceladas Alice e Mandrake.
Com a obrigatoriedade da lei, espaço para boas iniciativas não falta. Com o tempo o mercado cresce, se desenvolve e passa a encarar a produção nacional como algo positivo, e não obrigatório. Já estamos com o pé lá.