Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Mr. Robot – 1×09 eps1.8_m1rr0r1ng.qt

Por: em 22 de agosto de 2015

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Por: em

Se você descer até o fim dessa review, vai notar que existe uma parte intitulada “Sobre o autor” e logo abaixo vão encontrar meu nome e uma descrição com 15 palavras escolhidas por mim para dizer quem sou. Bom, eu sou essas palavras, mas não apenas elas. Existe uma história por trás desse pequeno texto. Se Elliot escrevesse para o Apaixonado por Séries, ele também teria que preencher esse espaço e provavelmente leríamos: “a cyber-security engineer by day and vigilant hacker by night”. Mas assim como eu e você, o nosso protagonista tem uma história e ela é explicada no nono episódio da série, eps1.8_m1rr0r1ng.qt.

O ano é 1994 e Edward Alderson trabalhava em sua loja de computadores, chamada “Mr. Robot”. Um dia, um homem aparece e diz que seu filho tinha roubado 20 dólares. Edward tenta entender o que aconteceu, mas resolve que não vai fazer nada a respeito. Surpreso, o homem diz “You’re just teaching him how to steal. You’re a terrible father”, emenda alguns xingamento e sai da loja sem o dinheiro e sem um pedido de desculpas. Para o filho, Edward diz o que ele fez foi errado, mas que ele ainda é uma boa pessoa. “And that guy was a prick. Sometimes that matters more”, conclui.

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Mais de 20 anos depois, a pequena loja de computadores se transformou em um banco da E Corp, o filho de Edward se tornou Elliot e os valores ensinados pelo pai continuam influenciando as suas atitudes. No entanto, não são apenas os ensinamentos de Edward que definem quem Elliot é e o que ele faz. A presença paterna ainda é um fator muito importante para o hacker.

No último espidósio, ficamos com duas perguntas importantes: Quem é Elliot e quem é Mr. Robot? E claro, a dúvida sobre o que é real e imaginação, que esteve na nossa cabeça desde o primeiro episódio, persistiu. A temática sobre a identidade desses dois personagens continuou presente nessa semana, mas a perspectiva é totalmente diferente. O eps1.8_m1rr0r1ng.qt é sobre paralelos, assim vemos os personagens pelo olhar de outro, como o nome do episódio indica.

Assim, descobrimos que Mr. Robot é Edward (e que minhas teorias são estúpidas, aff), como também uma imaginação do filho. Mais do que isso, durante um pequena viagem que Elliot embarca com o pai começamos a entender porque Mr. Robot existe.

O interessante é que Elliot parece fugir da verdade e procurar um motivo para continuar com o plano de destruir a Evil Corp, porém o contrário acontece. Ao fazer uma viagem nostálgica, Elliot reconstrói seu passado e percebe o que é real em sua vida, como ele nos conta no trem em direção a sua antiga casa: “But I am telling you, I am remembering more and more now as time goes on. That’s a plus. It’s all starting to come back. And once we get all the answers, I’ll be back to normal”.

Durante essa pequena aventura, o sentimento de culpa esteve presente o tempo todo. Quando Elliot cobra algumas explicações do pai, por exemplo, Mr. Robot pede para controlar o volume da voz pois estavam sendo observados e indica que o estado mental de Elliot é culpa da Evil Corp ou de outras pessoas que temem o que eles podem fazer. “They intentionally put you in this haze, fog up whatever brain matter you have left in there, so you forget what they want you to forget … they’ve been trying to control you all along“, Mr. Robot justifica.

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Na sua antiga casa, Elliot é levado para o seu quarto, onde foi empurrado da janela pelo pai depois de contar sobre a doença. Logo, a lembrança toma conta e ele insinua que pode fazer o mesmo com o pai, mas antes Mr. Robot afirma que Elliot sempre acreditou que merecia aquilo: You felt guilty about this your whole life by telling people my secret. This anger was never at me, it was at you. You don’t have to be angry at yourself anymore”. Elliot apenas concorda e diz que está pronto para se libertar desse sentimento.

No entanto, sabemos que isso não é inteiramente verdade. Elliot sempre usou a imagem do pai, tanto a de Edward morto como a de Mr. Robot, para justificar as suas ações e seu plano. Mr. Robot sempre foi o contraponto de Elliot, ele falava e fazia o que o protagonista não tinha coragem. Se desfazer de uma pessoa assim não é fácil, principalmente porque para Elliot significa admitir que ele tem sérios problemas e que ele está sozinho.

A medida que Angela e Darlene se aproximam do túmulo de Edward, onde Elliot está, Mr. Robot se despede. “I will always be right here. They are never going to break us apart again. They are going to try to get rid of me again, and I need you to not let them. I will never leave you alone again. I love you, son”, Mr. Robot diz. Mas logo, ele desaparece e Elliot se pega falando sozinho e tendo que admitir a verdade.

“This is happening, isn’t it? You knew all along, didn’t you? You’re going to make me say it … I am Mr. Robot, Elliot finalmente diz.

A revelação, que poderia ser um tanto óbvia e clichê, foi bem interessante. Primeiro porque Sam Esmail sabe que estávamos aguardando esse momento há algum tempo e ele soube brincar com essas ideias durante todos os episódios da série. Mas também porque Rami Malek nos mostrou novamente a complexidade desse personagem. Ao mesmo tempo que percebíamos uma dor profunda durante a admissão, era possível notar um tom de raiva e orgulho em ver aquilo acontecendo com ele.

Já nos momentos seguintes enxergamos uma mudança no comportamento de Elliot. Ele estava mais fechado e menos confiante, pricipalmente nas cenas com Darlene, que tenta convencê-lo que vale a pena continuar com o plano.

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Por falar em Darlene… o comportamento dela não é duvidoso? Além do fato que ela é irmã de Elliot e do relacionamento amoroso com um membro da Dark Army, nós não sabemos mais nada sobre ela. Qual a história dela? E, mais importante, porque ela voltou para Nova York? Quando ela e Angela vão procurar Elliot em um museu que eles costumavam frequentar, Angela pergunta porque ela se importa com o estado mental do irmão e afirma que eles não eram próximos. “In fact, he’s being doing just fine since until you moved back to the city. Why are you even here? Why have you and Elliot spent so much time together?”, Angela pergunta. Acho que Darlene, que provavelmente está na FSociety desde o primeiro dia, deve ter mais participação no plano do que nós sabemos.

Outra coisa importante sobre ela é o paralelo construído a partir de Angela. Assim como no último episódio, Angela e Darlene são retratadas quase como opostos perfeitos. Enquanto a vida de Darlene e suas intensões permanecem obscuras, Angela é honesta e diz sempre o que está sentindo. Esse contraste também é evidente nas roupas das duas, Angela está sempre usando roupas claras, enquanto Darlene veste roupas escuras e mais pesadas.

A atitude de Angela é valorizada durante o caso de Terry Colby. Neste episódio, Colby foi à casa dela e ofereceu um emprego pois estava impressionado com o seu comportamento. Ao ser perguntado porque ela deveria trabalhar no lugar que matou a sua mãe, Colby responde: If you wanna change things, perhaps you should try from within! 

As opções para Angela sempre são mais difíceis, mas mais promissoras do que aquelas apresentadas para Elliot, Darlene e até mesmo Tyrell, que agora também é parte consciente do plano da FSociety.

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Ninguém nessa série usou mais atalhos para conquistar algo do que Tyrell, mas ele também é o único que está sendo confrontado pelo o que faz. Até sua esposa, Joanna, o rejeita neste episódio. “If you want to remain in this family, you’ll fix this”, Joanna afirma no hospital depois de dar a luz ao filho.

Ao retornar para a Evil Corp, Tyrell encontra Phillip Price, CEO da empresa, pronto para demití-lo. Novamente, Tyrell mostra que não sabe lidar com seus sentimentos. Em três minutos, Tyrell transita rapidamente de um surto nervoso à súplica piedosa. Reações totalmente diferentes, mas que só poderiam ser feitas por alguém em total desespero. É necessário dizer que essa cena é potencializada pela trilha eletrônica que acompanha as reações do personagem.

O discurso de Phillip também é um dos melhores momentos desse episódio. O jeito que ele descreve os erros do funcionário e consegue incomodar o orgulho de Tyrell é brilhante. “There was a moment, Tyrell, a point in your recent past, a mistake, compulsion, decision, something that led you to this point right now. My only advice to you is find that moment, understand it. That’s the only way to reconcile this failure with yourself.” 

O que resta a Tyrell é procurar Elliot e fazê-lo compartilhar seu plano, o que ele faz com uma descrição detalhada sobre como é matar uma pessoa com as próprias mãos. Então, Elliot leva Tyrell para onde a FSociety se encontra e conta como ele pretende derrubar a Evil Corp. Ao ser perguntado porque ele fez tudo isso, Elliot diz: “I don’t know. I wanted to save the world”. É o mesmo menino que aprendeu que pode roubar se for contra alguém “ruim” ou pelo bem da humanidade.

Outros comentários

  • Edward leva Elliot para assistir Pulp Fiction, filme de 1994 dirigido por Quentin Taratino, depois de não castigá-lo. Mais tarde no episódio, Darlene pergunta para o irmão se ele está bem e ele responde “I’m pretty far from okay”que é uma fala do mesmo filme.
  • A música que acompanha Elliot e Tyrell no fim do episódio é uma versão instrumental de Where is my mind do Pixies. Esta música também fez parte da trilha sonora de Clube da Luta, filme dirigido por David Fincher e que bom… “You do NOT talk about the Fight Club”, é a regra.
  • Semana que vem, no último episódio, teremos uma cena pós-crédito como naqueles filmes da Marvel que Elliot gosta tanto. Segundo a Entertainment Weekly, a cena extra é algo que os fãs realmente querem ver.

O que vocês acharam desse episódio? Ficaram satisfeitos com a revelação sobre Mr. Robot? Já estão tristes com o fim de Mr. Robot? Me contem suas impressões sobre esse episódio e até a próxima (e última) review da série!

 

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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