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Homeland – 3×02 Uh… Oh… Ah…

Por: em 10 de outubro de 2013

Homeland – 3×02 Uh… Oh… Ah…

Por: em

O início da temporada vem mostrando uma nova roupagem para Homeland. “Uh… Oh… Ah…” é um episódio mais lento que o de costume, mas explora tão bem os personagens e suas novas questões que prova que não é preciso tirar o fôlego o tempo inteiro para manter a qualidade e o interesse dos espectadores.

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A Carrie desses primeiros episódios é uma hipérbole dela mesma como estamos acostumados a ver. Os surtos, as atitudes impulsivas, a estratégia kamikaze de procurar uma repórter para revelar segredos da CIA podem parecer descabidas em um primeiro olhar, mas quando analisamos a personalidade da agente, essa postura torna-se perfeitamente crível. Carrie nunca foi fria, calculista, nunca deixou de fazer ou acreditar em algo por ser mais prudente. Ela é pura intuição, instinto e impulso, age de acordo com as próprias regras e por isso na maioria das vezes é tão difícil manter aliados.

A instabilidade psicológica de Carrie sempre foi uma ameaça, mas ela conseguiu esconder seu ponto fraco durante mais de uma década trabalhando sob pressão na CIA. A explosão vista nesse episódio foi resultado de um estresse crescente provocado, principalmente, pelos movimentos da agência – e de Saul – para desmoralizá-la publicamente e até mesmo para a sua família. É contraditório que ele a exponha e a coloque como única culpada de tudo – mesmo que toda a equipe estivesse ciente sobre Brody – e depois diga que tudo o que faz é pelo seu bem. Não cola, Saul!

Quinn, por outro lado, vem fazendo o caminho oposto: ele entrou na série sem que ninguém soubesse se era confiável ou não – e o fato de ser indicado por Estes já era um grande indício de que não – e neste início de temporada tem mostrado que até mesmo um assassino profissional tem seus limites morais, e ele não está disposto a compactuar com tudo o que é imposto, se isso significa prejudicar quem não “merece”. Tudo indica que ele pode, mais tarde, se aliar a Carrie de alguma forma contra o complô armado contra ela.

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Dana foi, sem dúvidas, a maior surpresa do episódio. Se na premiére ela parecia apenas a mesma adolescente revoltada de sempre com um novo namorado problemático, esta semana o que foi mostrado na tela foi uma mulher. O caos que ela enfrentou após o desaparecimento de Brody mudou algo muito profundamente nela, e a segurança com que ela afirmou que a tentativa de suicídio não foi uma forma de chamar a atenção realmente convenceu. Dana decidiu morrer, e parte dela realmente morreu e ficou naquela banheira, dando lugar a uma nova garota muito mais madura, segura e esclarecida.

A cena de sexo com Leo pode ter sido uma forma de mostrar esse amadurecimento, mas definitivamente não era necessário. O texto, a atuação (pela primeira vez convincente) de Morgan Saylor e a direção de cada uma das cenas de Dana já seriam o suficiente para mostrar o amadurecimento da personagem. Ela ainda é inconsequente (fotos íntimas têm uma enorme luz vermelha mostrando que algo vai dar errado) só que a sua própria inconsequência já não parece tão infantil. Seu conflito interno em relação ao pai também está sendo trabalhado de forma muito delicada, e a cena silenciosa em que ela vê as fotos antigas e encontra o tapete de Brody transmite perfeitamente a necessidade que ela tem de se conectar a ele apesar de tudo.

Outro destaque foi a participação de Fara, que rapidamente deixou para trás a fragilidade inicial e mostrou o motivo de ser considerada uma profissional tão respeitada na sua área, apesar da pouca idade. O clima de conflito constante e os acontecimentos recentes não são exatamente favoráveis para a recepção de uma mulher com as suas características em uma investigação central na CIA, mas as demonstrações de xenofobia que ela sofreu continuam sendo absolutamente inaceitáveis. Ver Fara e Carrie trabalhando juntas seria muito interessante, apesar de improvável no momento.

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Homeland tem um dos melhores elencos da TV, capaz de tornar até mesmo um episódio morno como “Uh… Oh… Ah…” algo tão rico em detalhes e cheio de camadas não-verbais. Claire Danes dispensa comentários e apesar de brilhante nas cenas de surto e instabilidade, deixou novamente o melhor para o final, quando, mesmo dopada, Carrie conseguiu demonstrar toda a sua mágoa e raiva de Saul em um“Fuck you” que poderia ter saído da boca de qualquer um de nós. O acerto de contas entre os dois – sem toneladas de lítio no meio – certamente será uma cena memorável.

Instigante é o que melhor define esse começo de temporada. Apesar das poucas cenas de ação – ausentes esta semana – o roteiro tem conseguido desenvolver uma nova cara para série sem perder sua identidade, e mantendo o interesse do público. Será que enfim teremos Brody no próximo? Tomara que sim, e espero vocês na semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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