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Homeland – 3×03 Tower of David

Por: em 17 de outubro de 2013

Homeland – 3×03 Tower of David

Por: em

Tower of David com seu estilo narrativo sublinha uma característica marcante desse início de temporada: personagens principais tendo focos individuais, com pouca interação uns com os outros. Se antes isso ficava implícito com a missão à distância de Quinn, a trama avulsa de Dana e os depoimentos separados e desencontros entre Carrie e Saul, esta semana a quebra foi muito destacada, com os focos bem delineados de Carrie e – enfim – Brody.

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De herói nacional a um dos terroristas mais procurados do mundo, descobrimos que Brody passou os últimos meses fugindo de lugar em lugar até chegar aos nossos vizinhos venezuelanos. Resgatado, operado e já se recuperando, ele é informado que Carrie está por trás de tudo – e por um momento, em meio a toda a dor e confusão, seu rosto se ilumina ao ouvir o nome da agente. O que Carrie pode ter feito por seus salvadores que vale mais do que os dez milhões de dólares da recompensa por Brody e toda aquela dedicação para mantê-lo fora de perigo?

Durante sua recuperação, apesar de foragido, ferido e em uma terra estranha, algo em Brody parece mais leve, e é como se ele se livrasse de toda a pressão da família, das mentiras, do governo e dos segredos que precisou carregar nas temporadas anteriores. É claro que essa leveza não dura muito, e tudo desaba quando o ladrão de seus pertences é friamente assassinado na sua frente. Naquele momento, Brody entende que precisa se afastar dali o quanto antes, e toma atitudes muito imprudentes para a sua condição.

O ex-militar busca asilo em uma mesquita, acreditando que conseguiria manter seu disfarce. Esme – que claramente se encantou pelo ex-militar – o ajuda e fica frustrada ao ser deixada para trás, mas ainda acredito em algum envolvimento maior entre os dois no futuro. A cena em que Brody é capturado pela polícia local mostra toda a vulnerabilidade do personagem no momento. É uma sequência forte, em que ele se encontra rendido, sem o apoio da sua religião, nu e sendo resgatado por seus sequestradores.

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Por outro lado, temos Carrie em uma situação tão diferente quanto parecida com a de Brody. A agente se encontra aprisionada “para sua própria segurança” e buscando meios para sair dali… meios um pouco mais burocráticos, mas com a mesma finalidade: libertar-se.

Carrie precisa lidar com a bipolaridade em circunstâncias  ironicamente enlouquecedoras. Ela foi traída pela instituição a que dedicou sua vida, pelas pessoas que eram a família que ela não construiu e pelos próprios parentes que compactuaram com isso para mantê-la a salvo. Ela não está ali pelos seus erros, e sim pelos acertos que ninguém além dela conseguia enxergar.

Mesmo isolada, vulnerável e subestimada – recebendo parabéns por criar uma varanda para uma maquete de casinha – Carrie mostra que não se rende fácil, e ao receber a proposta de um advogado misterioso é categórica ao afirmar que sua vulnerabilidade não a fará trair seus ideais ou seu país, nem colocar a segurança de milhões em risco em troca da sua liberdade. Ainda não se sabe se o profissional foi enviado por inimigos nacionais, um possível aliado de Carrie ou se foi uma emboscada da própria CIA para apertar um pouco mais a corda no pescoço da agente, mas no momento a atitude tomada por ela foi a mais sensata possível.

Brody e Carrie, mesmo em ambientes e momentos diferentes, parecem dividir o mesmo inferno e os mesmos desejos. A conexão entre os dois fica óbvia até mesmo em um episódio de cortes tão bruscos como Tower of David. Nas últimas cenas parece que ambos percebem que não seria tão fácil como pensavam deixarem as suas “prisões”.

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A trama andou pouco, mas isso não tornou o episódio menos interessante, pois apresentou novos elementos e trouxe Brody de volta à série. Talvez o texto tenha pecado um pouco em mastigar aquilo que sutilmente já tinha sido mostrado e percebido pelo espectador. Brody não precisava dizer que se sentia como no Iraque para que nós fizéssemos a relação. Assim como a cena em que ele toma banho na mesquita, com suas cicatrizes, cabeça raspada e expressão de alívio já mostravam perfeitamente o quanto o personagem é um sobrevivente, sem a necessidade de um discurso sobre baratas em um ataque nuclear.

O tipo de narrativa apresentado até agora – e potencializado neste episódio – é importante para desenvolver os personagens e fazer o espectador compreendê-los mais profundamente, mas a conexão entre os plots precisa começar a acontecer. Espero ver Carrie e Brody retomando as rédeas de suas vidas da melhor forma possível já nos próximos episódios.


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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