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Mad Men 6×13 – In Care Of (Season Finale)

Por: em 27 de junho de 2013

Mad Men 6×13 – In Care Of (Season Finale)

Por: em

Mad Men nesse final de temporada resolveu diminuir o ritmo e entregar um episódio sem grande velocidade como foram os últimos season finales, achei esse episódio quase melancólico, e isso não quer dizer ruim, muito pelo contrário, porque essa foi uma temporada de conhecimento, de mudanças e crescimento. Nesse episódio vimos algo de todos os principais personagens, algo que estavam lutando na vida e todos tiveram algum acontecimento. Eu ia falar que todos tiveram alguma solução, mas isso não é possível em séries como Mad Men, uma solução não é permanente, a gente não tem como saber até onde uma decisão tomada irá levar os personagens.

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Vimos o quão rápido as coisas podem mudar, em um espaço de 40 minutos (ou uns dois dias no tempo da série) alguns personagens foram de Detroit pra New York, e depois pra Califórnia. Alguns sem opção, como o Peter, outros fugindo de responsabilidades e achando que uma mudança de cidade vai resolver todos os problemas de suas vidas, como Ted e Don. E claro que não vai resolver, o problema é como eles lidam com a situação, não com o lugar em que vivem.

Ted pode até conseguir viver em paz, mas a distância não vai fazer ele voltar a amar a esposa, só dar uma vida mais calma para os seus filhos. Sua relação com Nan e a Peggy não vai mudar. E ele foi extremamente egoísta fazendo o que fez com a Peggy. Ela disse que não era “uma mulher desse tipo” de querer uma promessa de vida juntos, e realmente não é, ela está bem a frente do seu tempo, mas o ponto é que ele só quis satisfazer uma vontade sua, a ama mas a ilude?

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Infelizmente nessa época as coisas ainda eram mais difíceis para as mulheres do que é hoje, e realmente Peggy não tinha uma decisão pra fazer, não teve nessa temporada e não teve antes dessa. Ela estava num relacionamento de uma forma diferente do seu desejo, comprou um apartamento num lugar que não queria… As mulheres não tinham a menor chance. Peggy também não tem chance com Ted, ou no trabalho. Ela não ganhou o cargo de diretora de criação, ainda vai trabalhar sob supervisão do Ted mas vai fazer todo o trabalho do Don e do Ted em New York. Ela é mulher e foi colocada ali. Toda esta temporada mostraram como os homens dirigem a vida dela, e o sucesso que ela tem no trabalho ainda é exceção à regra.

Ainda não sabemos como a próxima temporada vai ser com todas estas mudanças, com a criação de uma outra agência do outro lado do continente. Contra todas as nossas apostas quem acabou se dirigindo pra lá foi Ted, fugindo de um relacionamento, e Peter, completamente livre de todos os relacionamentos que o prendiam aqui. Para ele esta é uma grande oportunidade, ele pode crescer, mostrar seu valor mais uma vez e quem sabe ajustar sua vida. Foi como a Trudy falou, agora ele sabe que não ficar assim a parte mais difícil da vida é decidir o que quer fazer, como quer estar em algum lugar e agora ele sabe. Já não está com medo de ser demitido, já não tem que impressionar nenhum diretor da Chevy, não precisa mentir para a esposa (que já não tem mais), não precisa cuidar da mãe nem nada. O Peter é o único que pode se beneficiar com a mudança de cidade, que pode crescer e se conhecer melhor.

Como Roger cresceu um pouco com a terapia. Ele ainda tem o jeito de criança, mas está tomando atitudes melhores. Ele ter tentado entrar na vida do filho da Joan é uma atitude que a gente deve ver com bons olhos, mesmo que ele sempre procure depois de ter um problema com a filha (que menina mimada!), mas se ele ao menos tentar participar de sua vida de uma forma diferente, ser uma pessoa melhor já vale o sacrifício. É divertido vê-lo com o Bob, chamando a atenção do rapaz para não magoar a Joan. Mas os dois são só amigos, parece que Bob realmente tem uma amizade com ela, não é mais por interesse, se algum dia tenha sido. E com a ida do Peter pra Califórnia, Benson ficará cuidando da Chevy sozinho? O pessoal da Chevy gosta dele, ele é carismático e pode crescer muito.

Carismático como o Don foi um dia,  como costumava conquistar clientes e fazer tudo para mantê-los, não jogá-los pela janela. Desde o inicio da temporada Draper vem dando problemas pra agencia dispensando clientes sistematicamente, sem consultar ninguém, fazendo pirraça. Ele estava muito perdido, se afogando em bebida, romances, não terminava nem um trabalho de forma satisfatória. A sua suspensão do trabalho não foi surpresa pra gente, e nem foi por causa da Hershey. Ele estava se sabotando, inconscientemente acha que não merecia nada daquilo, mas estava numa posição muito alta na agencia e assim sabotava todos. Porshe, Heinz, Chevy, Sheraton, Hershey, em cada uma delas ele fez algo que, se não o fez perder a conta, atrapalhou um pouco o plano dos seus sócios, e estas foram só as que lembrei escrevendo este parágrafo.

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Não consigo imaginar o que o futuro aguarda para o Don, se ele vai voltar à SC&P eventualmente. Os criadores da série falaram que ele é realmente muito bom no que faz, tem excelência em mentir e se vender para ganhar uma conta, mas ele não é aquele Don. E nesta temporada ele esteve balançando entre o Don charmoso da publicidade e Don fodido e danificado que cresceu na Pensilvânia e ele buscava a todo custo enterrar no passado. Mas isso é impossível e afeta todo mundo à sua volta. Qualquer pessoa que  visse e soubesse de toda a verdade poderia ter dito à ele: lide com isso. Ele agora parece mais amigo, parece se importar mais com a Betty do que quando eram casados,  tem uma intimidade entre eles que não existia antes. Que não existe mais com a Megan que tinha toda razão de estar brava com o Don, e espero que esteja consigo mesma, porque sabia no que estava entrando antes de se casar com ele. Ela está no mesmo barco que os filhos dele, que a ex-esposa e os sócios.

Sally sempre foi muito mais sincera e honesta, ela não perdeu esse lado de toda criança e é gratificante ver com ela soube ao menos responder o pai e afirmar que ela sabe o que viu, que ele fez algo errado. Não vimos o que aconteceu a partir daquele final, mas quero imaginar que Don ao menos contou um pouco de sua vida aos filhos, que isso seja o início de uma nova vida, mais honesta, mas que ele não perca a genialidade. Talvez a sétima temporada seja sobre um recomeço para Don, porque esta precisou ir tirando cada pedaço da personalidade construída dele para quem sabe se encontrar no final. Nestes últimos episódios foram uma tradução daquele pôster da temporada, ele se viu finalmente, Don conseguiu se olhar no espelho e ver quem realmente é. Com a ajuda da Sally, da Peggy, da Joan, da Sylvia e da Betty.

PS.1: Adorei ver o tanto de caneca por toda a agencia com o novo logo da SC&P.

PS.2: Peter e o irmão são os mais miseráveis que existem!

PS.3: Que cena marcante a Peggy no escritório do Don, e usando calças! O guarda roupa dela ficou tão mais maduro nessa temporada, e neste episódio tivemos a primeira vez de calça no escritório, e a primeira vez em roupas tão curtas e mostrando tanto o corpo:

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PS.4: Obrigada todos que leram as reviews até aqui, obrigado os que comentaram enriquecendo a discussão. Nos vemos na próxima temporada!


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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