Qual a dimensão da importância da família em relação ao caráter de uma pessoa? A psicologia constrói uma profunda relação entre a família e a criança durante a primeira infância. É uma relação construída logo nos primeiros meses após o nascimento. Algo que, muito provavelmente, irá se prolongar durante a segunda infância e a adolescência, desenvolvendo, assim, uma camada do caráter dessa pessoa. Mas não só da influência dos genitores e familiares é que se constrói o caráter: cada pessoa é única e enfrenta as situações da vida de determinada maneira. O caráter de uma pessoa é composto por diversas camadas. A família é responsável por apenas uma delas. O episódio de The Blacklist desta semana evidencia exatamente isso: dois irmãos que encontraram os corpos dos pais mortos após voltarem de uma brincadeira no jardim. Enquanto a menina buscou, da sua maneira, evitar que outras pessoas passassem por isso, o menino seguiu exatamente o caminho oposto, tornando-se o responsável por causar situações iguais ou piores do que a sua.

Ambos tiveram a mesma família e passaram pelo mesmo evento traumático. Mesmo assim, as atitudes tomadas durante a vida adulta foram diferentes. Samar Navabi se tornou uma agente especial do Mossad e, posteriormente, do FBI. Seu irmão preferiu criar uma organização terrorista.

Quem não sofreu junto com a agente durante o episódio? A nossa relação com a família é algo extremamente forte, seja ela de sangue ou não. Nem todos nós temos famílias biológicas, mas sempre encontramos aqueles que nos correspondem e que amamos como se fossem parte de nossa história genealógica. Assim, nós todos conseguimos entender pelo que Samar passou. Foi intenso, foi brutal e foi agoniante. A atriz, por outro lado, não conseguiu entregar o sofrimento necessário para a história da personagem. Ficou parecendo algo raso, sem importância.

E, falando no blacklister da semana, Red precisava de Hasaan para conseguir agendar uma reunião – não entendi muito bem com quem seria essa reunião. Seria com o Cabal, para poder exonerar o Diretor? Ou outra organização que ajudaria na derrocada do grupo? Ou para inocentar Keen? Se alguém souber, por favor, deixe nos comentários… A impressão que tive é que, mesmo não sabendo com certeza a identidade de Hasaan, Red já imaginava algum tipo de envolvimento do irmão de Samar com o grupo terrorista. E, assim, somos apresentados à difícil escolha de Sofia que a agente teve que tomar: entregar seu irmão para as autoridades, sabendo que ele será torturado e, muito provavelmente, morto; ou, então, entregá-lo para Reddington, sabendo que ele será torturado e morto, mas com o propósito de inocentar Liz. Nenhuma decisão era fácil, mas Navabi optou por dar uma oportunidade de sua morte ter um significado, entregando, assim, o irmão para o protetor de Elizabeth.

Em outra ponta da cidade, Tom e Cooper tentam fazer Karakurt falar – sem sucesso. Em busca de ajuda com a confissão, Cooper decide chamar Ressler. Uma atitude que não se mostrou acertada… O personagem do chefe de operações tem irritado muitos telespectadores sempre neste ano. Sempre o defendi por entender seus argumentos e motivações, mas confesso que, mesmo recitando como um mantra tudo em que sempre acreditei sobre o personagem, ficou difícil aguentá-lo nas cenas em que aparecia. E, quando eu penso que a coisa mais irritante que ele poderia fazer seria chutar um anão de jardim (ainda não me recuperei da idiotice dessa cena), ele termina o episódio se aproveitando da dor de Samar… Eu sei que ela é adulta e foi tudo consensual ali, mas sabemos que, após tudo o que passou durante o dia, ela estava completamente desestabilizada. Mas nem só de inutilidade vive o Ressler, afinal, por enquanto, ele conseguiu expulsar o Diretor…

Esse foi o sétimo episódio da excelente temporada de The Blacklist, e, em mais uma semana, tivemos Liz como figurante de luxo, servindo apenas para ter um encontro fofo com Tom. E o que vocês acharam de Zal Bin Hasaan? Deixem seus comentários e fiquem com a promo do próximo – o Fall Finale:

P.S.: Sei que a tragédia ocorrida em Paris não possui relação nenhuma com o tema das séries, mas eu não seria humana se dissesse que escrever sobre terrorismo um dia após os eventos ocorridos na capital francesa não me atingiram. Que Paris se recupere de tamanha tragédia! #prayforParis