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The Casual Vacancy: livro e série

Por: em 25 de abril de 2015

The Casual Vacancy: livro e série

Por: em

Muita expectativa foi criada em torno da adaptação televisiva do livro The Casual Vacancy. Em razão disso as chances de uma decepção dos fãs eram gigantescas. A BBC já tinha anunciado que alteraria algumas passagens, incluindo o final do livro. A justificativa utilizada era de que era triste demais. Porém desde quando triste é ruim? no caso de The Casual Vacancy (Morte Súbita no Brasil) o melhor era exatamente o final.

 

O Livro

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O livro de J.K Rowling chegou ao Brasil com o nome de Morte Súbita e conta a história de como uma morte pode alterar a vida dos moradores de uma pequena comunidade. Barry Fairbrother, conselheiro local, sofre um aneurisma em uma estacionamento de um clube local no dia de seu aniversário de casamento. Após o acontecimento instala-se na cidade um clima de fofoca, burburinhos políticos e instabilidade. A questão que envolve a política acaba se confundindo com a vida pessoal dos moradores da cidade, uma vez com a morte súbita de Barry ocorre a vacância de um lugar no conselho (The Casual Vacancy). Uma questão curiosa é que tanto o nome em inglês quanto o em português tem íntima relação com a história narrada no livro.

O grande motivo por trás do burburinho que a morte de Barry causa é uma questão que há tempos permeia e divide o conselho: o paupérrimo bairro de Fields, local que contrasta com o nível social e econômico da cidade de Pagford. O livro explica de forma detalhada a origem da questão e traz justificativa para ambos os lados: para aqueles que desejam que a situação continue como está e os que desejam que o bairro seja, de certa forma, devolvido para a cidade de Yarvil. A morte de Barry enfraquece a 1a corrente, vez que ele tinha sido nascido e sido criado no bairro de Fields e sua história de superação era uma vitrine.

Com a morte de Barry, uma pessoa passa a invadir o site do Conselho e postar os “podres” dos candidatos e de outros moradores. Ele se intitula como o Fantasma de Barry! As postagens causa nos moradores diversos sentimentos, entre eles o medo de ser o próximo exposto virtualmente.

A narrativa deliciosa de J.K. Rowling nos conduz constante para a conclusão de que em Pagford nada é o que aparenta ser e o conflito permeia as relações: ricos X pobres, esposas X maridos, filhos X pais, etc. O livro é bem descritivo e a leitura pode cansar alguns. Conheço muitas pessoas que abandonaram os livros nos primeiros capítulos e não tiveram a paciência de esperar que ele engrenasse. A estas pessoas e a você que pensa em ler o livro eu deixo um aviso: ele engrena de uma forma surpreendente e seu final é belíssimo, chocante e extremamente triste. Mas como dito acima: triste é bom!

A minissérie

A minissérie teve duração de três capítulos e foi transmitida pelo canal britânico BBC One entre os dias 15 de fevereiro a 1 de março de 2015. Mesmo sabendo que em adaptações corta-se muito, personagens são alterados e outros nem aparecem, não se esperava a forma que foi feita. Já começa pelo fato de ter durado apenas três episódios, dessa forma, o risco de muita coisa importante ficar de fora era imenso, e de fato ficou.

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Os conflitos entre filhos e pais foram mantidos na série. Os abusos sofridos por Andrew Price, a rebeldia aparentemente sem causa de Stuart Wall, a pobreza experimentada por Krystal Weedon foram bem trabalhados e mostrado à altura da narrativa do livro. Em relação ao núcleo de Krystal, senti uma certa suavização, há inclusive momentos em que afloram gestos maternais de Terri em relação à filha. Os conflitos conjugais também foram bem explorados, sejam os diretos – Samantha e Miles Mollison ou as menções como no caso do falecido Barry e sua esposa Mary.

A série deixou passar quase despercebida uma das três melhores personagens do livro – Sukhvinder – , a filha da Dra. Jawanda. Como uma adolescente normal, Suk passa por diversos problemas internos, além de bulling e cyberbulling, que no livro a leva a se mutilar. No fim do livro ela faz determinado ato que a redime e a alça ao patamar de heroína. Já na série ela quase não fala, apenas é posicionada como uma espectadora, observando as bizarrices que acontecem ao seu redor.

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O núcleo dos Mollison foi bem explorado. Miles continua submisso aos pais, Howard repugnante e Shirley Mollison se posiciona como uma sogra intromeitida e moradora fofoqueira. É dela como Samantha que presenciamos um dos melhores diálogos da série.

Shirley: – Use o copo querida. bebendo da garrafa? o próximo passo é um banco de praça. Você voltou mais cedo do que pensei.

Samantha: – Evidentemente. Se importa de dizer o que acha que está fazendo?

Shirley: – Estou verificando o seu histórico online.

Samantha: –  Você acha que eu sou o fantasma.

Shirley: – Bem, você tem um dom para sabotagem, como testemunhamos naquele jantar desastroso pelo qual, a propósito, eu decidi te persuadir.

 

Observações:

– A trilha sonora da série é belíssima e as locações, como a maioria das séries britânicas, também.

– O final, como anunciado, foi de fato alterado e isso provocou frustração, pois o melhor do livro estava em seus capítulos finais.

– Krystal foi uma grande vítima das decisões e comportamento dos outros personagens, tanto no livro, quanto na série.

– A personagem Gaya foi pouco explorada na série, o que impossibilitou o contraste entre o comportamento dos moradores de uma cidade pequena com o dela, vindo de uma cidade grande.


 

E você leitor, o que achou do livro e série Casual Vacancy?  sentiu falta de algo mais? deixe nos comentários.


Janaina Helena

Mineira vivendo em Maceió. Viajante por vocação. Advogada por profissão. Séries, cinema, livros, corrida e torresmo!

Maceió-AL

Série Favorita: The Good Wife e Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Arrow

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