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The Middle: a melhor comédia familiar que você não está assistindo!

Por: em 22 de junho de 2016

The Middle: a melhor comédia familiar que você não está assistindo!

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers leves,

nada que estrague a série ou a sua experiência.

Um olhar realista sobre a família americana de classe média e o seu modo de vida. Nenhuma descrição se encaixaria melhor quando se pensa na definição de The Middle, que estreou apenas 07 dias após a grandiosa Modern Family no ano de 2009, ambas da emissora ABC, não fez tanto alarde ou sucesso entre o público quanto a sua antecessora, mas isso não é sinal de má qualidade, pelo contrário, conto nos dedos de uma mão as vezes em que The Middle caiu nas comuns armadilhas que uma série normalmente escorrega quando no ar há certo tempo.

The Middle foi criada por Eileen Heisler e DeAnn Heline e conta a história da família Heck, moradores da fictícia cidade de Orson no estado de Indiana, composta pela matriarca Frankie Heck (Patrícia Heaton), uma mãe que concilia o trabalho com as tarefas doméstica e a criação dos três filhos com muito desleixo e desatenção; Mike Heck (Neil Flynn), o patriarca, um cara alto que está sempre de camisa xadrez, sem sentimentalismos, é direto e pragmático com os filhos; Axl Heck (Charlie McDermott), o filho mais velho é um adolescente popular, arrogante e esnobe com tudo e todos; Brick Heck (Atticus Shaffer), filho mais novo e fofurinho do show, com manias estranhas, introvertido, distraído, e assim como eu, prefere a companhia dos seus livros a certas situações sociais; e por fim, e finalmente, o sol de The Middle: Sue Heck (Eden Sher), a filha do meio é a mais desajeitada, obtusa, não é um ser social, além de ser a mais ignorada pelos pais e acometida pela ”síndrome do filho do meio”, mas tudo isso é consumido pela seu constante otimismo e perseverança que transcendem os seus fracassos e frequentes baques que a vida insiste em lhe dar.

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Sabe aqueles casais compostos de pessoas completamente diferentes mas que juntos se complementam? Então, dentro desta categoria se encaixam Frankie e Mike, opostos em tudo, fato evidenciado pela cômica discrepância de altura entre os dois. O Painho e a Mainha Heck são os chefes desta família disfuncional e convivem com suas diferenças para seguir na criação dos seus filhos, assim como todo o casal que já está junto há algum tempo a rotina já encobriu todo o romantismo, mas não extinguiu, e o pragmatismo é reinante entre os dois, na implantação de uma educação pautada numa constante correria e falta de disposição para com os filhos, com refeições de fast foods realizadas em frente a televisão.

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As crianças são um produto do meio, criadas no desleixo elas só reproduzem aquilo que conhecem, assim como os pais são desorganizadas e mimadas no imediatismo, as personalidades divergentes rendem constantes conflitos, ora sérios, ora engraçadíssimos. Os irmãos Heck, Axl e Brick, são um caso raro em que o mais novo não se espelha no mais velho, eles se diferem em interesses, comportamentos e tudo mais; Axl se relaciona muito bem socialmente, considerado um menino perfeito (capitão do time de futebol americano e basquete,  namora com líderes de torcida, enfim…), por quem vê de fora, no contexto familiar é porco, mal educado, compensa a falta de inteligência pelo charme, e permanece num estado de inércia em mal humor. Já Brick não, totalmente dessintonizado com o mundo real, requer constante atenção dos pais, é um menino meigo e inocente que já nos conquista no primeiro episódio nas suas malezas de criança.

Sue Heck não é um personagem gente, é um acontecimento! Ser filha do meio não deve ser fácil, nunca senti isso na pele pois sou a caçula de três irmãos, mas as atenções e os cuidados mais dedicados já foram dados ao primogênito e a chegada de outro após você ainda tira o pouco que você ainda tinha. Nada na vida de Sue veio fácil e a série faz questão de evidenciar isso, ela não possui nenhuma habilidade que a encaixe num grupo social no ensino médio, é desajeitada, usa aparelho desde sempre (eu conheço esse drama), e por mais que se esforce é praticamente invisível a vista dos professores e boys em potencial. Ao decorrer da série é impossível não torcer por ela, um patinho feio literal por quem nutrimos um sentimento de empatia, Sue começou pequena, mas, hoje a sua dimensão de importância na série se assemelha, ou até ultrapassa, a de Frankie; tenho para mim que um episódio em especial foi o divisor de águas para a ascensão da personagem, o 04×16The Smile, onde a seguimos por uma jornada em que ela tenta provar que o sorriso é contagiante exalando todo o seu otimismo e perseverança, comprovando por fim uma teoria que só na cabeça dela fazia sentido e como era característico do personagem fez sentido pra a gente também, o que acentuou de vez a nossa afeição e preferência a ela.

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Não se enganem, The Middle não se assemelha a nenhuma comédia familiar que eu já tenha visto, ao contrário do que se pré conceitua a qualidade da série não reside em seus incontáveis momentos cômicos, estes somente servem como base para o material que o show é realmente composto: as pequenas ocasiões ”família” que emocionam o público. São as situações de suporte mútuo, demonstração de carinho, amor e compreensão, que superam todas as desavenças e erros, que despertam em nós um sentimento saudoso dos acontecimentos que só vivemos mesmo em família, formatura, jogos esportivos, viagens, apresentações teatrais e/ou musicais, aniversários, dia das mães, natal, enfim, e é disso que The Middle é feita acima de tudo, uma série que retrata uma família contemporânea extremamente influenciada  pelo ambiente externo modernista e tecnológico, contributivo no afrouxamento dos laços sociais e familiares, mas que permanece unida acima de tudo.

A série já atinge um público significativo, a maioria composta dos que como eu conheceu a série pela Warner, ou pelas madrugadas no SBT, e resolveu continuar acompanhando até a recentemente finalizada 7º temporada, mas em comparação com outras comédias do mesmo canal a sua popularidade é apenas estável, o que é realmente uma pena; The Middle merece um maior conhecimento e reconhecimento no mundo das séries,  a qualidade é inegável e a garantia é de boas risadas e emoções. Deem uma chance a aquela que eu considero ser a melhor comédia familiar no ar que você não está assistindo! 


Ana Rebeca Tamandaré

Jovem bahiana simpática e gente boa que curte um bom número de séries e por este motivo tem a audácia de escrever suas opiniões positivas e negativas sobre elas.

Itamaraju/BA

Série Favorita: How i Met Your Mother/Friends

Não assiste de jeito nenhum: The Vampire Diaries

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