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True Blood e Charlaine Harris – A 1ª temporada e Dead Until Dark

Por: em 17 de agosto de 2010

True Blood e Charlaine Harris – A 1ª temporada e Dead Until Dark

Por: em

charlaine harris true blood books

Se você é fã de True Blood e sempre ficou curioso sobre como a história é contada por Charlaine Harris, ou se você é fã da série Sookie Stackhouse e quer debater sobre a adaptação que Alan Ball escolheu colocar na tela, aqui vai uma boa notícia: o Apaixonados por Séries está dando início hoje a um projeto que se estenderá até Setembro e que irá discutir as semelhanças e diferenças entre os 3 primeiros livros e as 3 temporadas já exibidas da série.

Então fica o recado: aqui spoilers dos livros estão liberados.

Dito isso, lembro que comecei a ler os livros quando fiquei de saco cheio da história da Maryann na 2ª temporada. Bateu uma curiosidade em saber se Maryann era tão louca e o povo de Bon Temps tão influenciável quanto na série. O resultado foi um caso de amor à primeira vista: me apaixonei tanto pelo universo criado por Charlaine Harris que li os 9 livros em questão de 2 meses.

Continuo fã de True Blood, mas engrosso o coro dos fãs dos livros: eles são infinitamente melhores.

O primeiro livro da série The Southern Vampires Mysteries, Dead Until Dark, que no Brasil ganhou o título de Morto até o Anoitecer, é com toda a certeza o que foi mais fielmente adaptado por Alan Ball e sua equipe de roteiristas. Poucas coisas foram acrescentadas e quase nada de substancial foi mudado, mas é um consenso entre os fãs que as poucas mudanças acabaram acarretando em grandes desvios nas histórias e no caráter dos personagens nas temporadas subseqüentes.

A história começa como a vimos na série: os vampiros “saíram dos caixões”, revelaram ao mundo a sua existência graças ao sangue sintético fabricado pelos japoneses e que possui os mesmos “nutrientes” do sangue humano, proporcionando que os vampiros agora possam se alimentar sem ser uma ameaça à espécie humana. E há a garçonete telepata e considerada maluca pela cidade toda, que sonha em um dia ver um destes vampiros entrando no Merlotte’s, o bar no qual ela trabalha. E o desenrolar dos eventos foi mostrado fielmente na série: Sookie salva Bill dos drenadores de sangue e se apaixona por ele porque se sente em paz ao seu lado, já que descobre não ser capaz de ler os pensamentos de um vampiro.

bill e sookie true blood

Após salvar Bill dos Rattrays, os tais drenadores, Sookie acaba sendo atacada por eles, que voltam buscando vingança pela humilhação que sofreram, mas é salva por Bill, que a faz tomar do seu sangue para que se cure. Fãs dos livros até hoje discutem a possibilidade de Sookie ter se apaixonado por Bill apenas porque bebeu do sangue dele, mas creio que fica bem claro tanto na série quanto no livro, que Sookie encanta-se por Bill tão logo põe os olhos nele, arriscando inclusive a própria vida para salvá-lo dos Rattrays.

Como todo o resto da história flui praticamente igual ao livro, irei me ater às discrepâncias que os leitores encontram na série:

Longshadow – Se lembram do vampiro bartender do Fangtasia que andava passando a perna no Eric e foi morto pelo Bill na série, logo após a Sookie descobrir a fraude? Então, nos livros Longshadow é assassinado por Eric, que ao invés de ter que criar um novo vampiro precisa apenas pagar uma multa gorda para o maker do falecido. Parece insignificante, mas lá pelo 5º livro o maker do Longshadow resolve voltar para se vingar e boa parte da história dele envolve este plot de vingança. Mudando a história do livro tivemos o acréscimo de Jessica, (sim, nossa amada baby vamp não existe no mundo de Charlaine Harris), que já foi considerada pela própria Charlaine em entrevistas a melhor adição à série até agora. Mas também tivemos certo atraso no envolvimento de Sookie e Eric, já que ele mata um ser da própria espécie para defendê-la logo no início da história. O Bill mesmo chega a falar para a Sookie que ver um vampiro matar outro vampiro era coisa rara.

O Vírus – Os vampiros revelam para o mundo a sua existência, mas tentam incutir nos humanos que são vampiros porque contraíram um vírus, afinal é mais fácil ser aceito pela sociedade como um doente do que como um morto-vivo. Sookie mesmo só se dá conta de que Bill está morto lá pela metade do livro, quando Sam revela a ela que é um shapeshifter e eles acabam conversando sobre Bill também ser um ser sobrenatural.

Bill – Muitos aspectos da personalidade de Bill continuam presentes na série: ele lutou na Guerra Civil, tentava mesmo se adaptar e conviver com os humanos, desenvolveu uma relação de amizade com Adele, a avó de Sookie. Mas nos livros Bill é muito mais, digamos vampiro. Ele se alimentava de outras mulheres de vez em quando e nunca foi babão, pelo contrário, sua natureza animalesca estava sempre presente, principalmente no primeiro livro da série. Fica muito claro em todos os livros que os vampiros tem uns rompantes incontroláveis quando há sexo ou sangue na jogada. É simplesmente da natureza deles. E aquela cena dele torrando no sol para tentar salvar a Sookie não existe no livro também.

sookie jason adele stackhouse

Bubba – Um dos personagens mais amados pelos fãs dos livros foi suprimido da série por um motivo meio óbvio: não seria fácil encontrar um ator para interpretar o vampiro Elvis Presley. Sim, Charlaine fez isso. Bubba é como Elvis gostava de ser chamado após virar vampiro. A história contada no livro é que um funcionário do necrotério para qual o corpo de Elvis foi levado era muito fã do cantor e também era um vampiro, aí o cara notou que ainda existia uma fagulha de vida no cantor e resolveu transformá-lo em vampiro. Sabe todas aquelas notícias de que Elvis não morreu e de gente que jura que viu o Rei num bar lá nos Cafundós do Judas ou passeando por New Orleans? Então: está explicado. Mas acontece que “Bubba” estava tão chapado quando foi transformado que acabou virando um vampiro totalmente lesado, que curte um sangue de gato, é burro como uma porta e não tem muita ideia do por que de as pessoas ficarem pasmas quando o vêem. A primeira vez em que ele aparece é quase no final de Dead Until Dark, quando Bill precisa viajar e o deixa tomando conta de Sookie, mas ele retorna em vários outros livros.

Rene – Ele era mesmo o assassino de fangbangers, numa história praticamente igual a que foi mostrada na série. A grande diferença é que Sookie o enfrenta sozinha e não o mata, apenas o machuca bastante, e ele acaba confessando seus crimes e livrando Jason da cadeia. Mas o interessante aqui é ressaltar que, tanto em Dead Until Dark quanto nos outros livros da série, Sookie sempre pode contar com a ajuda dos amigos/amantes/familiares para sair das enrascadas nas quais se mete, mas muitas situações ela enfrenta sozinha porque a personagem dos livros é forte, decidida e não gosta que as pessoas façam as coisas por ela.

Ammy – A namoradinha que na série Jason arruma quando vai ao Fangtasia pensando em comprar V, nos livros é uma garçonete que Sam contrata para ocupar o lugar de Dawn e acaba morrendo pelas mãos de Rene também. Nos livros não existe a história de Jason viciado em V, mas continua sendo por conta da morte de Ammy que Jason vai parar na cadeia. Várias vezes, ao longo dos 10 livros, Sookie faz comentários sobre pessoas viciadas em sangue de vampiro, mas nenhum dos personagens principais da história chegou a se envolver numa situação dessas.

Portia – A irmã de Andy Bellefleur aparece quase tanto quanto ele nos primeiros livros. Portia é advogada, já foi apaixonada por Jason e, como o irmão, abomina qualquer tipo de ser sobrenatural, mesmo se esforçando para pelo menos tentar disfarçar o que sente. Andy e Portia são apenas introduzidos em Dead Until Dark, suas histórias ganham um espaço maior em Living Dead in Dallas – que no Brasil ficou com o título de Vampiros em Dallas – e serão abordadas no especial relativo ao segundo livro, mas já no primeiro ficamos sabendo que os Bellefleur um dia foram muito ricos e hoje vivem com poucos recursos, junto com a avó Caroline Bellefleur, numa casa que já viu dias melhores.

Lafayette – Embora ele seja uma figuraça no primeiro livro, espalhafatoso e cozinheiro do Merlotte’s – exatamente como na série – acabamos descobrindo mais sobre ele em Living Dead in Dallas. Falarei sobre a história dele no especial sobre o 2º livro da série, mas no mundo de Charlaine Harris ele não é traficante de V nem primo da Tara, que, aliás, aparece na história pela primeira vez no final do 2º livro e por isso não ganhou nenhum destaque neste especial.

eric e pam true blood

Mas as principais diferenças entre o primeiro livro e a primeira temporada da série ficaram realmente nos pequenos detalhes que fazem a história contada por Charlaine Harris tão interessante:

Eric é um vampiro badass, mas sente-se tão atraído pela Sookie que começa a desenvolver e a demonstrar um carinho por ela: matou um vampiro para protegê-la, mandou flores para ela e foi visitá-la no hospital – sim, Rene fez um bom estrago na Sookie antes que ela conseguisse detê-lo. E nota-se desde o início a relação de cumplicidade dele com a Pam.

Sookie é uma menina meio ingênua e safada ao mesmo tempo, que pensa em outros homens, sente-se atraída por Sam mesmo depois que descobre que ele é um shapeshifter. Mas ela é também uma mulher muito prática, sempre preocupada com as contas a pagar, com a manutenção e limpeza da casa, esses pequenos detalhes que fazem a história mais realista e humana. A heroína dos livros é, acima de tudo, uma mulher que sabe se virar sozinha.

E Bill é um vampiro. Mesmo amando Sookie ele é um vampiro: esqueceu-se da maioria das convenções humanas, não é dado a romantismos, raramente controla seus ímpetos. E quando Eric começa a se interessar por Sookie, ele vai até New Orleans e consegue um cargo de Investigador na mesma área em que Eric é o xerife, para que o viking não possa subjugá-lo pela autoridade.

Grandes sacadas de Alan Ball:

Já citei nossa amada baby vamp, não é? Alan Ball trouxe com Jessica algo que sempre achei que seria interessante se abordado nos livros: quais seriam os desafios de um vampiro transformado nos dias atuais? Todos os vampiros dos livros são de uma época pré-revelação, ou em que era mais fácil se esconder e esperar a poeira baixar, em que as informações circulavam sem pressa e a tecnologia não estava a serviço de quem procurava por um parente que sumiu do mapa. Mesmo o tema não tendo sido muito explorado, Jessica tornou-se uma personagem querida porque vamos descobrindo junto com ela como e o quê é ser um vampiro.

A cena em que Sookie chora a morte da avó comendo a torta de nozes não existe no livro e me fez chorar litros. Algo tão simples e por isso tão humano.

Escalação do elenco. Todos os personagens principais da primeira temporada não apenas são idênticos, mas também possuem os mesmos trejeitos que os personagens do livro: Bill e a forma como sussurra o nome da Sookie; Eric e seus olhares penetrantes; Sookie e seu sorriso nervoso quando ouve algo que não deveria; Sam e sua amabilidade canina; Jason e sua estupidez nata; Arlene e seus ares de mulher vivida que não aprende a lição, sempre pronta para errar novamente. Pequenos detalhes que foram transportados para a tela com tamanha perfeição, que hoje releio Dead Until Dark e todos os personagens têm as caras dos atores que os interpretam.


Iraia

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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