Desde que fora tomada a polêmica decisão de matar Derek Sheperd, dez entre dez fãs de Grey’s Anatomy se diziam contra qualquer possibilidade de haver um novo interesse amoroso na vida de Meredith Grey. Porém, a forma como tem sido respeitada e desenvolvida a trajetória da personagem até o momento atual, desde a perda do grande amor de sua vida, tem feito com que os mesmo fãs que hora se opunham, agora torçam para que Meredith tenha a chance de ser novamente feliz ao lado de alguém.
When It Hurts So Bad retoma a importância do tempo para a construção das relações humanas, deixando claro que ele infelizmente costuma ser pessoal e muitas vezes diferente do tempo cronológico. A falsa sensação de estar pronto – e que geralmente se antecede ao verdadeiro momento de fato – faz com que se arrisque um novo passo. No entanto, à medida que se sai da tida zona de conforto, a primeira reação é retroceder, fugir em busca do local por tanto tempo habitado pelo antigo eu. Conhecido por todas as alegrias e dores, onde já se está o suficiente para saber como lidar com todos os sentimentos. Ali não há existe espaço para o novo, e este talvez seja o maior problema ao retornar depois de dado o tal primeiro “novo” passo.
O comportamento de Meredith demonstra o quanto pode ser difícil compreender que este é realmente o momento certo. E enquanto assistimos ao incômodo dela ao perceber que talvez tudo esteja acontecendo rápido demais, o roteiro nos leva a outro extremo, representado pela figura de DeLucca. Este que há tempos vinha pedindo para que Maggie assumisse o relacionamento dos dois, vê que na verdade o mais sábio teria sido mesmo esperar um pouco mais. Dar tempo ao tempo. Um clichê aparente, mas que poderia evitar futuros desgastes. O problema aqui é que já existia o envolvimento e comprometimento por parte de Pierce, que agora não entende o que está acontecendo de errado, já que para ela o problema que existia era o não reconhecimento público da relação entre os dois.
Como dito, a proposta do episódio foi a de demonstrar que as relações, assim como os seres dentro delas, estão sempre em movimento. Mudando, evoluindo, às vezes retrocedendo. Mas sempre se modificando dia a dia. Por mais complexo que possa parecer, todo início surge pela busca de um mesmo ideal, seja na figura de um futuro juntos, ou como algo que se espera construir e dividir entre aqueles que vivem a relação. O ponto aqui é que não existem garantias, nem muito menos receita para sinalizar quando, ou como dar o próximo passo, arriscar. Cabendo aqui a representação do cenário envolvendo Torres e Penny. A verdade é que por mais bem intencionados que se possa estar, saber dizer não, pode ser ainda a saída mais saudável quando se espera construir relacionamento. Não que seja uma tarefa fácil, já que estamos muito mais inclinados a seguir em busca das coisas que propriamente abdicá-las para um segundo momento. Por isso, a decisão mais difícil talvez recaia àquele capaz de dizer não. Compreender que é preciso cada qual seguir seu caminho, como foi o caso de Amelia.
No entanto, pouco importa quanto tempo passe ou quais foram os caminhos tomados até ali. O fato é que o tempo é sempre bom, mesmo que esteja apenas fazendo às vezes de catalizador do que está por vir, ou o que estaria programado para acontecer. O importante talvez seja reconhecer onde estará a casa abrigo e a sala com lareira cada habita cada um de nós.
Não deixa de dizer o que achou do episódio, nem quais suas expectativas sobre os últimos acontecimentos de Grey’s Anatomy. Até a próxima review.