Hoje ficou clara como a divisão entre os dois episódios do top 20 foi estranha. Não só a média de votação foi mais baixa, mas as apresentações, em média, foram menos empolgantes. Por outro lado, essa semana foi a coroação da ideia de que o programa encontrou o ritmo, o tom, no novo horário – e com nova duração. Fernanda continua prontíssima e afiadíssima, Rafa e sua subutilização têm lugar, e a bancada tem personalidade. Não é a melhor coisa da grade da TV aberta no momento, mas o SuperStar tem seu espacinho no espectro cultural – vide sucesso moderado de Malta, Scalene e Supercombo – e encontrou uma audiência razoável no domingo à tarde.
Mas vamos às bandas?
Playmobille – Jorge Maravilha
Playmobille tinha a missão de superar a performance de Linda Rosa, uma das melhores audições da temporada. De algum modo, conseguiram. Apoiada por uma música maravilhosa recheada pro um arranjo bastante sólido, a banda conseguiu entregar uma performance bastante competente e quase sem problemas do tipo ‘técnico’. Ainda acho que falta um fator de gostabilidade que coloca a banda em desvantagem em relação a bandas mais ou menos do mesmo gênero (POWERTRIP), mas a competência da performance os garante por mais algumas semanas.
Alphazimu – Ai Ai Ai / Get Lucky
Alphazimu me deixa preocupado. Gabriela (uma das poucas vocalistas que eu faço questão de lembrar o nome) entrega uma performance vocal impecável, coroada por uma presença de palco de dar inveja em muito vocalista por aí, e eu achava que isso seria o suficiente para garantir o apoio do público. Mas, mesmo com esse fator a favor da banda, Gabi passou um belo dum tempo sentada na maldita zona de risco. Talvez Get Lucky, do meio pro fim da apresentação, tenha desestimulado os votantes indecisos e a votação tenha sido menos expressiva do que deveria – até porque não foi lá essas coisas. Mas acho que Alphazimu tem muito chão pela frente, e concorre direto com outras bandas que vêm com a proposta gênero-brasileiro-com-eletro, tipo Negra Cor. Vai ser legal.
161 – Taj Mahal / Fio Maravilha
161 é aquela coisa que fica linda na ideia mas a execução não favorece. Assim como Alphazimu e Negra Cor inserem o eletro em músicas nacionais, 161 veio com a ideia de inserir o rock nelas. A princípio, é inegável que é pisar em ovos. Os arranjos acabam agressivos e genéricos e os vocais não são capazes de suprir a deficiência do lado da melodia, ainda que tenham melhorado muito desde Quando A Chuva Passar. E com tantas bandas de rock nessa temporada (e em todas as outras), ficou difícil para os cariocas.
Pagan John – Carta
Pagan John é o nosso Of Monster and Men, o Tiago Iorc multiplicado por 3. Eles apostam nesse banjinho harmonioso, esses vocaizinhos agudinhos e cheios de camadinhas, recheados por “oh oh oh’s” e sabem que não tem como dar errado. Não foi uma performance impecável, mas eles têm um aspecto gostável, uma espécie de carisma, que você tá lá assistindo e de repente se vê balançando a cabeça e cantando OH OH OOH OH OH OOOH. É impossível. Até Fernanda Lima. Mais umas duas dessas e Pagan John já tá na final.
Fulô de Mandacaru – De Volta Pro Meu Aconchego / Frevo Mulher / Forró Saudade
Fulô de Mandacaru é definitivamente o dark horse. A repescagem não foi um golpe de sorte, os caras são bons mesmo. Como todo bom forrozeiro, Fulô convence uma plateia e deixa o espectador na palma da mão – e na ponta da cadeira – com essa energia intensa. O que não atenua em nada o fato de que a banda é incrivelmente competente em todos os aspectos, e soa bastante comercial – ainda que, obviamente, datada. Watch out for Fulô de Mandacaru.
Valente – Sozinho
Se eu tivesse que apostar, apostaria que Valente está em apuros. A performance não foi tão incrível quanto poderia ter sido – e quanto outras foram – e a banda passa quase despercebida pela competição. Falta alguma coisa, algum diferencial, um TCHAN – coisa que OutroEu, Pagan John e Plutão Já Foi Planeta têm de sobra. As performances de Valente, ainda que muito competentes, soaram um tanto falsas no meu ponto de vista. E no almoço de domingo, emoção conta mais que competência.
Katarinas – Hello
Eu gosto de dizer que existe uma certa regra básica nos realities musicais, que é mais ou menos assim: se você não for a Adele, não cante Adele. A chance de dar errado é bem grande. E o histórico de Hello não é dos melhores: Nikki do The Voice Brasil e Ché Chesterman do X Factor já tiveram suas participações manchadas por uma performance desastrosa da faixa. Dito isso, aplausos para as Katarinas. Carregadas por um arranjo levemente mais pop que o original, transformaram Hello em uma faixa levemente menos deprimente que a original, mas, como previsto, os vocais foram sofríveis. A loira e a morena são as melhores vocalistas, e são de fato boas, e as harmonias funcionam. Mas que elas nunca mais façam isso. Pelo amor de @deus, voltem pra farofa que lá vocês arrasam.
GrooVI – Let’s Stay Together
Não digam que não avisei. GrooVI não conseguiu criar uma proposta interessante para um programa dominical a tempo da eliminação, e mesmo com o vocalista “menos bom” sumido, não houve interesse suficiente do público. Não me levem a mal, a banda não é nem de longe uma banda ruim, mas falta o aspecto convincente que leva as pessoas a deslizarem os dedinhos na hora do almoço de domingo. Os vocais são ótimos, impecáveis, o arranjo, ainda que simples, funciona. Mas, como disse Sandy, mas a apresentação não emociona.
Pausa para a Superbanda, que funcionou pela 2ª vez seguida. Aliás, Marcelo Adnet e Podres Poderes não poderia vir num momento mais apropriado.
Gringo’s Washboard Band – Joshua Fit a Battle Of Jericho
Tenho probleminhas com a Gringo’s. Eles me vêm, no mesmo domingo à tarde que Fulô de Mandacaru arrasa com Dominguinhos e Luiz Gonzaga, e me jogam um gospel tradicional, bem roots mesmo, e ainda ficam com uma votação considerável. A apresentação foi bastante envolvente, mas fico com meus dois olhos bem abertos porque esse carisma deles pode atrapalhar a vida de outros participantes, ainda que seja muito improvável que as performances razoavelmente datadas deles (que não aconteceu na audição, aliás) vençam a temporada.
Preto Massa – Chinelo de Dedo
Preto Massa achou o tom. Demorou um pouco, mas a performance da repescagem deu um up na imagem deles no programa, e é só manter o ritmo. Essa pegada melódica, quase entoada, pode ser um bom caminho, ainda que os vocais dele não sejam os melhores. Não acredito que sejam um dos favoritos, mas não serão eliminados tão cedo – e estão numa crescente que podem surpreender.
Enfim, assim como na semana passada, o resultado foi justo. GrooVI e 161 fizeram as piores apresentações e não tinham um bom histórico atrás deles. Com os jurados mais exigentes e o público mais estratégico, o top 16 pode ser um episódio bastante decisivo, já que finalmente todas as bandas vão estar frente a frente no mesmo episódio e poderemos – o público votante, no caso – compará-las definitivamente.
