Os casos apresentados nestes episódios foram bons e tiveram a sua boa cota de polêmica, mas tudo o que eu queria saber era como a Charlotte reagiria na sua volta ao trabalho e se finalmente iria denunciar o estuprador. Na verdade, acho que eles poderiam ser os melhores casos do mundo e eu não prestaria tanta atenção neles.
Pela primeira vez, eu aceitei de verdade Sam e Addison como um casal. Ela, naquela vontade de falar com o Sam sobre o que aconteceu, desabafar, ter uma segunda opinião sobre o que seria a coisa certa a fazer. E o Sam, coitado, naquela expectativa da Addison falar algo e nada.
E gostei do momento Addison e Sheldon no elevador no 4×08. Se não fosse por ele (com a ajuda do Sam), a Addison não teria tido a coragem de enviar o material do kit de estupro para a polícia. De fazer a coisa certa. Afinal, se ela, sabendo o que aconteceu, omitisse os fatos, estaria sendo somente mais uma parte do problema – e isso não ajuda em nada. A Charlotte pode não considerar ninguém como amigo na clínica, mas o contrário não é válido. Os outros estão tentando manter um bom relacionamento e se preocupam com ela.
Por mais que eu não concorde com a forma como a Charlotte queria deixar o abuso sexual em segundo plano e não querer conversar sobre isso, entendo o trauma que ela passou e só me restou torcer para que a Addison e a Violet fizessem alguma coisa a respeito. A Char provavelmente se sente culpada pelo ataque e sente vergonha por estar tão vulnerável, por alguém ter quebrado a barreira que ela construiu tão fortemente. Mas temos que denunciar esses casos e evitar que outras mulheres sofram do mesmo mal.
Como a Violet sofreu. Imagino a confusão de sentimentos que ela deve ter sentido ao encontrar uma antiga vítima do seu estuprador, agradecendo-a por ter tido a coragem que ela não teve de denunciá-lo. E acredito que essa foi a mensagem mais clara que a Shonda Rhimes passou nestes episódios: denuncie, porque a mesma dor e sofrimento irá acontecer com outras mulheres e você terá responsabilidade nisso. Faça o que puder para impedir que o imbecil machuque mais outra pessoa.
A Violet é uma personagem que poderia ser muito melhor trabalhada. Ela sofreu abuso sexual na faculdade e teve um bebê retirado da sua barriga por uma doida, é quase um milagre que ela seja tão forte e centrada até.
Quem mais estava sendo um imbecil é o Cooper. Depois de mostrar ser muito infantil, chorando no colo da Charlotte ao vê-la naquele estado, se culpando por não “ser homem e não estar lá para defendê-la”, depois vai choramingar para a Violet que a Char está distante e não quer respeitar a forma que a noiva decidiu se curar. O diálogo abaixo me fez perder grande parte do pouco respeito que eu ainda tinha pelo pediatra. Uma outra parte eu perdi quando ele praticamente jogou a “culpa” do estupro da Char por ele estar bebendo e flertando com a Amelia na despedida de solteiro dele. Assuma suas responsabilidades, Cooper!
– Ela tem pesadelos, acorda gritando. Tento fazê-la comer, diz que não tem fome. Tento falar da investigação policial, ela simplesmente me afasta.
– Ela está tentando se recuperar do jeito dela, Cooper, não há regras para isso.
– Eu sei disso. Lidamos com traumas de maneiras diferentes. Recuperar leva tempo, deve dar um passo de cada vez…
– Fico feliz de ver seu respeito pela minha profissão.
– Nada disso me ajuda, Violet.
– Não se trata de você, Cooper. Trata-se da Charlotte.
– O que quer dizer?
– Afaste-se.
– Você é uma péssima psiquiatra.
No 4×09, além de eu querer saber se a Charlotte finalmente denunciaria o Lee, também me interessei pela história do Pete e de sua mãe – e em proporções menores, o da filha que tem que cuidar da mãe com convulsões. Foram dois casos curtos, mas o Pete e a Amelia estavam sem história mesmo…
Enquanto a Amelia brigava com a Addison e cada uma com os seus demônios internos, se vendo no lugar da menina, o Pete ia até a prisão reencontrar a mãe e fazer com que ela saia da cadeia e tenha tratamento em um hospital. A mãe do Pete está certa; ele estava cobrando coisas que ele mesmo não sabia se importavam ou não. Ela matou uma pessoa e pagou pelo preço disso. Será que ela merece morrer na cadeia estando velha e doente e com um filho disposto a cuidar dela e aparentemente não mais representando um mal para a sociedade?
Só não entendi o que foi a Addison, no final do 4×09, falando do nada que queria ter um filho, com o Sam apoiando ou não.
P.S.: Achei interessante e importante mostrar como os estupradores são pessoas comuns e não o estereótipo de maníacos.