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Parenthood – 4×02 Left Field

Por: em 21 de setembro de 2012

Parenthood – 4×02 Left Field

Por: em

Mudar não é fácil. Seja lá qual for o tipo de mudança. Eu devo ser o ariano mais metódico do mundo, porque odeio mudanças. Gosto que as coisas continuem do jeito que eu as encontrei, em diversos pontos. E se existe uma coisa mais difícil do que mudar, essa coisa é se adaptar e (aprender a) conviver com as novidades. E foi basicamente nisso que Left Field se sustentou: Mudanças difíceis e como os Braverman lidaram com o ‘novo’. Para alguns, o processo foi rápido. Para outros, acabou de começar. E vai ser dolorido.

Eu gosto da Julia de graça. A personagem não é exatamente um poço de carisma como o Crosby ou não tem um casamento ‘base’ como o do Adam (embora eu também adore a relação dela com o Joel), mas o modo como suas tramas são tratadas dentro do roteiro sempre mexe comigo. E eu sabia que a chegada do Victor iria mexer pra caramba com aquela família. Eles podem não ser tão ‘certinhos’ quanto Adam e Kristina, mas sempre se mostraram um tanto quanto severos (ainda que doces, do jeito que só eles sabem ser) na criação da Sidney, mas era esperado que o novo membro da família derrubasse por terra tudo o que eles estavam acostumados.

Não que o Victor chegue a ser um garoto problema, porque eu acho que isso não vai acontecer, mas por conta da idade avançada, é claro que seria necessário um cuidado maior. O fato de fingir-se de doente para não ir a escola foi clássico e o mais interessante foi ver como a Julia e o Joel lidaram com isso cada qual a sua maneira. A conversa da advogada com o menino no carro foi um dos momentos mais emocionantes e ali deu pra sentir que finalmente ele baixou a guarda e, a partir de agora, também vai colaborar pra que essa nova família funcione. Eu tô curioso pra ver é como o Joel vai conseguir uma aproximação de pai com ele.

Jasmine e Crosby saíram da fase da lua de mel. Cedo ou tarde isso iria acontecer e gostei de ver que já trouxeram essa questão a tona logo cedo na temporada. Foi hilário vê-lo implicando com a mania de organização do Adam e da Kristina para, no final das contas, passar a usar o mesmo método. O que eu tô mais curtindo nesse casamento dos dois é que eles estão resolvendo as coisas juntos, com uma conversa sincera e com cada um expondo seus pontos. Meu maior medo era que a necessidade do Crosby de ferrar tudo uma hora ou outra ou o jeitão meio que autoritário da Jasmine estragassem uma relação tão bonita como a que eles têm. Mas tá acontecendo exatamente o contrário. Parece que o casamento fez muito bem, a ambos.

O Drew é outro que vai ter que lidar com mudanças. Fiquei com muita pena dele quando a Amy terminou o namoro e me pergunto se isso é definitivo. Eu gostava bastante dos dois, acho que ela trouxe uma leveza para o filho da Sarah que era necessária, além de, claro, colocá-lo finalmente em uma trama bacana, já que nas duas primeiras temporadas ele vivia basicamente à sombra da mãe e da irmã. Espero que isso não volte a acontecer agora. E se depender do Hank…

A conversa que ele escolheu ter com o filho de sua funcionária foi bacana. Fez bem ao Drew. E mostrou à Sarah um novo lado do Hank. Até que ponto isso é bom, eu não sei. Já disse semana passada que sou #TeamMark e eu preferia mil vezes que ele tivesse uma boy talk com o Drew do que o Hank. Mas eu entendo todas essas questões contratuais e tudo o que eu espero é que se forem mesmo juntar a Sarah e o Hank em um plot romântico, que seja uma transição coerente. Como até hoje Parenthood não me decepcionou nesse sentido, estou tranquilo.

E chegamos finalmente ao melhor do episódio: Adam e Kristina. Não é novidade alguma que os dois (+Haddie e Max) ganham as melhores tramas desde… sei lá quando. Não sei se é por eles serem um casal tão sólido ou pela questão do Asperger do Max, mas tudo com eles soa mais interessante, mais profundo e mais tocante. Toda a história de comprar um cachorro tava bem bacana. A Kristina dizia que era para o Max, mas ficou estampado na cara que era a maneira mais fácil que ela encontrou de tentar suprir ao menos um pouco a falta que a Haddie tá fazendo.

E talvez por eu estar tão envolvido com essa história, eu tenha sentido os 2 minutos finais como um tapa na minha cara. Em hipótese nenhuma eu estava esperando pelo que veio. Já tava pronto para dizer que finalmente tinha terminado um episódio de Parenthood sem chorar, mas quem conseguiu se controlar com a última cena? Na verdade, eu já fiquei com o coração apertado quando vi a Kristina fazendo a mamografia. Logo a Kristina, a mulher mais forte da série. Se esse câncer viesse para a Julia, a Sarah, a Camille ou a Jasmine, seria dolorido e igualmente sofrido de acompanhar, mas a Kristina potencializa tudo.

Por outro lado, a escolha se mostra acertada ao se pensar que ela e o Adam são, provavelmente, o único casal que aguentaria um baque desses sem se desmanchar. Eles já passaram por tanta coisa e sempre juntos. Agora vai ser do mesmo jeito. Vai ser dolorido, mas no final de tudo, quando a Kristina ficar bem (porque ela vai ficar, eu não aceito outro final pra isso!), eles ainda vão estar em pé. Despedaçados e em frangalhos. Mas em pé.

Não usar nenhum tipo de diálogo na última cena foi a escolha adequada, seja ela de direção ou roteiro. A Monica Potter e o Peter Krause conseguiram passar toda a dor e choque apenas com gestos e expressões. E tudo o que eu queria, quando os créditos subiram, era de alguém pra me abraçar aqui. Eu nem quero imaginar como Max e Haddie vão reagir a isso…

É por momentos assim que eu afirmo que Parenthood é única, uma joia rara da tv atual. Nenhuma faz sentir tanto. Nenhuma é tão real. Nenhuma consegue fazer drama como a série da NBC consegue.

E a julgar pela promo do 4×03, todo o sofrimento só começou…

PS. Não deixe de dar uma olhada na entrevista que a Monica Potter deu sobre o câncer da Kristina aqui.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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