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Orphan Black – 2×07 e 2×08 Variable and Full of Perturbation

Por: em 9 de junho de 2014

Orphan Black – 2×07 e 2×08 Variable and Full of Perturbation

Por: em

Os dois episódios mais recentes de Orphan Black provaram que a série não tem medo algum de ousar, surpreender e tomar rumos completamente inusitados, tudo isso sem perder o seu delicioso toque de comédia de costumes contemporânea. Knowledge of Causes, and Secret Motion of Things e Variable and Full of Perturbation tiveram roteiros muito ricos em revelações, reviravoltas, tensão e humor, tudo que a série tem de melhor, e muito bem guiados pelas atuações primorosas de Tatiana Maslany, Jordan Gavaris e Kristian Bruun.

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Em Knowledge of Causes, and Secret Motion of Things o grande destaque foi para a ação executada na clínica de reabilitação de Alison. A interação e a confiança dela com Vic já começava a ficar cativante, mas a descoberta de que ele pretendia entrega-la para Angie destruiu tudo – ao menos por um bom tempo. O personagem de Michael Mando teve uma melhora significativa este ano, mas já está mais do que na hora de ele superar a Sarah. O pobre coitado perde dedos, cai de cara na mesa, tem a cabeça batida em paredes, é muito sofrimento por causa de uma paixão… haja Namastê para espantar esse karma!

E vários segredos da DYAD começaram a ser expostos com o retorno do professor Duncan. À primeira vista ele parece aéreo, excêntrico, desconectado da realidade, mas há grandes chances disso tudo ser uma forma de camuflagem para que ele não seja visto como uma ameaça. Ethan sabe o que está fazendo, com quem está lidando e sabe como escapar deles também. As cenas do cientista com Rachel decepcionaram, com carga dramática zero e poucas revelações, mas a desestabilizada que seu retorno causou na clone rykah foi importante para o desenrolar dos acontecimentos, com ela tirando Leekie do caminho.

Ainda na corporação, vimos Cosima descobrindo que mais uma vez foi traída por Delphine. Definitivamente, uma das personagens mais bacanas parece estar andando em círculos este ano sem acrescentar muito à trama principal, o que é uma pena. Já Kira mostrou mais uma vez que é mais badass que todo mundo junto e arrancou o dente na marra para ajudar a “tia” moribunda. Normalmente crianças são bem chatinhas na ficção, mas é bem difícil não gostar da filha de Sarah e Cal – até porque ela teve a quem puxar: os dois são extremamente safos e sabem se livrar de situações adversas com facilidade.

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Mas se o episódio teve um nome, este foi o de Donnie. Se antes ele figurava entre os personagens mais inúteis da série, em Knowledge of Causes, and Secret Motion of Things conseguiu dar sua grande virada e até mesmo conquistar uma certa simpatia. Se antes parecia que ele era apenas um grande sonso traidor, agora sabemos que na verdade o moço foi enganado pela DYAD e não fazia ideia do que realmente estava por trás do “experimento sociológico” sobre Alison. Pois é, eu acredito nele. E como não acreditar depois da cena final que deixou todo mundo de queixo caído? Jamais imaginaria que uma peça tão importante como Dr. Leekie nos deixaria a essa altura, ainda mais fruto de um acidente tão inesperado quanto aquele. Foi de explodir a cabeça – dele e de todos nós.

E por falar em explodir cabeças, o que falar de Tony, o clone que eu mal conheço e já considero pakas? Seu aparecimento em Variable and Full of Perturbation foi o momento mais inusitado da série desde o moço com um rabo na season 1 (sdds Helena sensualizando na dancefloor com o rabo na mão). Brincadeiras à parte, este foi um dos passos mais ousados e bem dados de Orphan Black nesta temporada. Um clone homem – e gay! – é algo que ninguém imaginaria. E ele se encaixou perfeitamente na trama, funcionou com Felix e ainda soltou a bomba de que os militares ainda estão no jogo e que Paul joga em um time “invisível”, e não para a DYAD. A tensão sexual que resultou em um beijo entre Tony e Felix foi perturbadora, mas o irmão de Sarah se dá tão bem com as clones que faz todo sentido a sua afinidade com o rapaz. Já estava na hora de Fee começar a se dar bem no amor.

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Alison e Donnie têm grandes problemas pela frente, mas pela primeira vez parecem de fato um casal que quer e tem as ferramentas para fazer o relacionamento ser funcionar verdadeiramente, por isso acredito que o proto-romance da dona de casa com Vic não deve ir para frente. A clone dona de casa consegue iluminar qualquer sequência em que apareça e sua conversa com o marido não foi diferente. Ao colocar as cartas na mesa sobre a morte de sua amiga e ouvir de Donnie que ele assassinou acidentalmente o Dr. Leekie, ela mantém a calma e já começa a agir para se livrar das complicações que isto pode trazer. Apesar de ser mãe de família, moradora do subúrbio e protagonista de uma vida digna de comercial de margarina, Alison não deixa nada a dever a Sarah no quesito escapar de situações difíceis… elas apenas têm estilos diferentes, adquiridos ao longo de vidas praticamente opostas, mas a força e perspicácia das duas é muito semelhante.

Kira vai ser uma peça fundamental daqui para frente, seja como fonte doadora de material genético para o tratamento das clones ou como a guardiã das anotações de Ethan sobre a origem delas. Por isto mesmo, o clima de família feliz entre a menina e Sarah, Cal, Siobhan e Felix parece estar com os dias contados e logo, logo, a DYAD ou até mesmo os militares vão acabar colocando as mãos na menina.

Scott foi a melhor coisa que aconteceu para Cosima recentemente. E não só porque ele é fundamental para as pesquisas sobre sua doença, mas também porque areja a trama pesada e repetitiva da cientista com sua inocência ou suas partidas de RPG no laboratório. Há quanto tempo não víamos a clone geek tão à vontade e leve em cena como naquela mesa rodeada de nerds? Ou tão humana quanto no momento em que revela ser o paciente misterioso? Seu romance com Delphine já foi interessante, mas hoje em dia parece minado com as desconfianças e segredos que se sobressaem ao amor que as duas claramente sentem uma pela outra. O fato é que os rumos recentes da série já mostraram que ela não tem medo de se livrar de personagens, e a insossa jornada da cientista este ano deixam a sensação de que ela realmente pode ter seu fim até a season finale. Seria uma jogada bem mais arriscada que matar o dr. Leekie, de fato, mas que parece bem real, dadas as circunstâncias.

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Faltando apenas mais dois episódios para o fim da temporada, Orphan Black mostrou uma competência ímpar para tratar de temas complexos como ciência, religião, sexualidade, gênero e representação e autonomia feminina sem se perder em suas tramas. Juntar tudo isso em uma narrativa coerente e convergente é um enorme desafio que os roteiristas têm encarado com maestria, e ainda há muito para ser explorado. Mesmo sem Helena, os dois últimos episódios foram praticamente impecáveis, mas já está na hora de trazer de volta a “mamãe” do ano, não é? Então, com as expectativas muito altas, partimos para a reta final deste ano tão eletrizante e cheia de surpresas. Até lá!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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