No primeiro episódio de Parenthood, a nova série da NBC e baseada no filme homônimo de 1989, somos apresentados aos dramas e pequenas alegrias dos Braverman, família tipicamente norte-americana e composta por quatro irmãos: Sarah (Lauren Grahan), Adam (Peter Krause), Julia (Erika Christensen) e Crosby (Dax Shepard).
Adam é o típico boa-praça, que está sempre disposto a ajudar aqueles que o procuram, incluindo seu irmão, Crosby, de quem é confidente. Seu casamento aparentemente perfeito só parece ter como “calcanhar de aquiles” o caçula Max, que já nos primeiros minutos do episódio dá sinais de autismo, o que se confirma no desenrolar do capitulo. Alias, o intérprete de Max é um dos melhores em cena, imprimindo realismo ao distanciamento do personagem e sua dificuldade de relacionamento com as demais crianças de sua escola.
Crosby é o melhor amigo de Adam, e está em um relacionamento confuso com Joy, uma produtora musical que está obscecada por ter um filho, e com quem decide se casar em três anos. No entanto, uma reviravolta acontece na vida do personagem e ele descobre ser pai de um garotinho, fruto de um antigo relacionamento.
Já as irmãs Julia e Sarah representam, cada uma a sua maneira, os dilemas da mulher moderna: como realizar-se profissionalmente e afetivamente sem deixar de estar presente na vida dos filhos.
Contudo, das duas personagens, a que enfrentará os maiores dilemas é Sarah, que vive às voltas com as confusões armadas por Amber, sua problemática filha adolescente, e por seu filho Drew, que sofre com a distância do pai, um roqueiro que enfrentou problemas com drogas e que prioriza sua carreira em detrimento a um relacionamento mais próximo com o filho.
O patriarca dessa família é Zeek, um homem “durão” e que tenta passar aos netos a lição de que tudo na vida é uma “guerra”, portanto os homens da família devem resolver seus problemas da forma mais “enérgica” possível. O quadro se encerra com Camille, a matriarca da família, e que tenta, com conselhos e um estilo mais ameno, guiar sua filha Sarah, que retorna à casa dos pais após enfrentar graves problemas financeiros, em uma tentativa de reconstruir sua vida.
Parenthood, como toda boa série que retrate a vida em família, nos apresenta e tenta resolver todos as questões do cotidiano durante as refeições, em torno de uma mesa farta e composta por todos os membros da família.
Assim como na premiere, o segundo episódio do seriado, Men versus Posum, tem Adam como eixo central, e seu dia-a-dia entrelançando as vidas dos demais membros dos Braverman. Enquanto ele e Kristina tentam entender e encontrar forças para lidar com o diagnóstico de autismo em Max, Sarah tenta se recolocar profissionalmente reinvestindo, com o incentivo de seu pai, na carreira de designer. Já Julia está tentando tornar-se mais presente na vida de sua filha Sydney.
Contudo, como nada na vida da personagem parece ser fácil, ela vai da glória à decepção em pouco tempo, pois depois de ser “aprovada” durante a entrevista, recebe a notícia de que não poderá ocupar a vaga por não possuir ensino superior. Para finalizar, Sarah recebe a notícia de que, por incompatibilidade de currículos, sua filha terá de repetir um ano no novo colégio. O toque de drama que faltava ao episódio.
Porém, se o capítulo inaugural de Parenthood teve um tom mais dramático, aqui temos uma sinopse mais leve e, em alguns momentos até engraçada como na cena em que, durante um leilão beneficente na escola de sua filha, Julie promove uma verdadeira batalha com a mãe de uma colega de sala de Sydney por uma vaga privilegiada no estacionamento do colégio.
O tom cômico também pontua a relação (ou tentativa de construção) entre Crosby e Jabal, que começa em um atrapalhado café da manhã e termina com um final de semana “pai e filho”, programa tipicamente americano. Aliás, os programas entre pais e filhos são a solução encontrada por Adam para lidar com o autismo de Max e fazer parte de seu mundo, um final delicioso para um episódio tão leve.
