Sabe aquele zumbi sem consciência completamente putrefato? Pode esquecê-lo. Os zumbis de iZombie estão em outra (completamente diferente) categoria. Às vezes até aparecem um desses “clássicos”, mas o que a série explora são os zumbis funcionais – por assim dizer –, começando pela melhor morta-viva da história: Liv, a protagonista. iZombie é divertida, cativante, fácil e gostosa de assistir. É uma série de zumbi capaz de agradar aos que curtem a temática e, também, aos que desprezam. Não acredita? Vem comigo que eu vou te convencer!

Uma nova abordagem

Diferente do que estamos acostumados, iZombie traz uma nova abordagem para a tão explorada temática de mortos-vivos. Nesta história, os zumbis precisam comer cérebro humano para se manterem funcionais. Ou seja, se não deixarem de comer a iguaria, continuarão vivendo (mais ou menos) normalmente. Eles não perdem a razão, as mudanças são apenas físicas – a pele torna-se pálida e os cabelos brancos.

Das histórias em quadrinhos

Eu sei, eu sei. Levar para TV personagens dos quadrinhos não é nenhuma novidade. No entanto, quantas heroínas temos visto? Recentemente houve a estreia de Jessica Jones, mas ainda falta espaço na TV para as heroínas dos quadrinhos. E essa não é uma HQ qualquer, iZombie faz parte da Vertigo, a marca mais adulta da DC Comics. Dela saíram títulos como Sandman, Watchmen e V de Vingança. Não é pouca coisa, né?

Outro fato interessante é que Michael Allred, o ilustrador da HQ, criou os créditos de abertura e, também, é quem desenha as imagens que marcam as mudanças de ato. A série não só é baseada na HQ como leva para a tela seus elementos.

De Veronica Mars

Falando em heroínas, um selo Veronica Mars de qualidade não é nada mau, né? iZombie compartilha do mesmo time criativo dessa série de sucesso. Diane Ruggiero-Wright e Rob Thomas são os responsáveis por adaptar a HQ de Chris Roberson e Michael Allred para TV. Ao que tudo indica, com iZombie o time vai reviver seus momentos de glória com uma série premiada.

Liv

Para quem não assistiu Veronica Mars e quer ter uma ideia sobre essa heroína, diria que Liv, Olivia Moore (Rose McIver), é uma personagem nível Zoe Hart de fofura, só que badass (se além de não conhecer Veronica Mars, você não pegou essa última referência, precisamos conversar… já para o Netflix!). Ela era uma residente médica workaholic, trilhando uma carreira de sucesso, até que agindo de forma atípica (convencida pelo noivo) decide ir para uma festa num barco. Acontece na festa um ataque zumbi e a jovem médica é transformada. Diante da nova condição, ela abandona o emprego no hospital e vai trabalhar como legista num necrotério (braaaains). Liv é muito carismática, daquelas personagens capazes de conquistar até os corações mais gelados.

Nasce uma heroína

Tá, mas cadê a heroína?, você deve estar se perguntando. Bom, o twist da história é que, ao comer o cérebro, os zumbis adquirem características da personalidade e têm flashes de memória do morto. Muitos dos mortos que chegam ao necrotério são vítimas de assassinato e, ao comer seus cérebros, Liv vai juntando pistas que fazem com que ela ajude a solucionar os crimes. A cada novo cérebro nasce, também, uma nova Liv. É muito boa a forma como são exploradas as mudanças de comportamento da personagem, mantendo sempre um equilíbrio entre situações dramáticas e cômicas.

Às vezes, durante situações de perigo ou stress, Liv entra em “modo zumbi”: os olhos ficam vermelhos, ela perde um pouco da consciência e fica muito mais forte. Algo bem conveniente ao lidar com bad guys.

Os parceiros

Se você me perguntar o que a série tem de melhor, irei dizer com muita certeza: os personagens. Um dos melhores é o parceiro de Liv no necrotério, Ravi Chakrabati (Rahul Kohli). Ele é engraçadíssimo e, desde o início, é super companheiro de Liv. Ravi é o primeiro a saber da condição dela e busca uma cura para o vírus zumbi. A interação dos dois é sempre maravilhosa. Clive Babineaux (Malcolm Goodwin) é o detetive que Liv ajuda – com suas visões dos mortos. Ele é sério, cético e procura manter a distância, basicamente o oposto dela. Ou seja, as cenas dos dois juntos sempre rendem boas risadas – principalmente com as mudanças de comportamento de Liv após comer diferentes cérebros. Os três formam um dream team! <3

O vilão

Blaine DeBeers (David Anders) era um traficante que, depois de virar zumbi, passou a oferecer um serviço de delivery de cérebros para outros zumbis. Como ele adquire esses cérebros? Bom, digamos que se a pessoa quiser o cérebro de alguém específico, ele vai fornecer. Ah! Mais importante de tudo, foi ele quem transformou Liv, durante o ataque no barco. O porém é que ele é muito engraçado e tem um relacionamento difícil com o pai – aonde ele é a vítima. O resultado é que não dá para odiá-lo completamente.

Os outros personagens

Major (Robert Buckley) é o ex-noivo de Liv. Ela termina com ele quando é transformada, mas ele continua por perto (e não falarei mais para não dar spoilers sérios). Major é lindo, do bem e louco por Liv. Peyton (Aly Michalka) é sua melhor amiga e roommate. Mesmo sem entender as mudanças de Liv ela continua ali, fazendo-se presente. É amiga de verdade. Os dois servem como uma base para a heroína e são personagens muito adoráveis!

Iguarias

Uma parte que eu gosto muito é quando Liv prepara suas refeições. Ela não come cérebro puro, ou a personagem prepara algo elaborado ou usa bastante molho apimentado (gosto que todos os zumbis parecem ter desenvolvido). O legal é quando ela prepara as refeições elaboradas! Poderiam ter simplesmente abordado a necessidade de comer cérebros, mas não, os criadores resolveram dar ênfase à alimentação – algo inédito nesta temática. Vemos então Liv fazendo diversos pratos apetitosos, como omeletes lindos que, não fosse o cérebro, gostaríamos de comer.

Casos do dia + pano de fundo

A série tem arcos narrativos mais longos e centrais durante as temporadas e é por meio deles que conseguimos conhecer melhor os personagens. Acompanhamos as descobertas de Liv, enquanto vai acostumando-se com sua nova condição. Vemos também os dilemas relacionados às pessoas que faziam parte da sua vida e que ela escolhe se afastar quando vira zumbi. Depois acompanhamos as tentativas de aproximação e os resultados disso (bons e ruins). E, o principal, vemos a personagem transformando-se numa heroína, aos poucos, do jeito dela. Só que além desses arcos, que trazem mais profundidade aos personagens e suas histórias, há também os casos dos dia que, acredite, são ótimos!

Lembra que Liv come os cérebros das vítimas que chegam ao necrotério? Então, a cada episódio há um novo cérebro. O que acontece é que nunca sabemos o que esperar, ela sempre nos surpreende com algum novo comportamento – adquirido das vítimas. O mais engraçado é ver quem não sabe da situação tentando entender as mudanças dela (algo que sempre acontece com o detetive Clive). Lidar com essas mudanças não é nada fácil e é legal ver a ênfase dada quando os novos comportamentos fogem ao controle de Liv. Quando ela precisa lidar com características que afetam suas relações, por exemplo, a situação é abordada com profundidade. Há um perfeito equilíbrio entre os casos do dia e os arcos mais desenvolvidos.

Apesar de leve, iZombie é uma série muito bem amarrada, que pode te fazer tanto rir quanto se emocionar. E aí, te convenci? Já conhecia a série? Não deixe de comentar!