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11.22.63

Por: em 18 de fevereiro de 2016

11.22.63

Por: em

O canal Hulu estreou esta semana a minissérie 11.22.63, baseada em um livro de Stephen King cujo título remete à data do assassinato de JFK. A produção está nas mãos do polêmico JJ Abrams, e o elenco tem nomes como o de James Franco, Chris Cooper e Sarah Gadon.

A obra de Stephen King é frequentemente adaptada para o cinema e para a TV, sempre rendendo clássicos – para o bem ou para o mal. Fosse eu menino King, não deixaria ninguém mexer nas minhas histórias depois do que fizeram com Under the Dome, mas como menino King não sou, está aí 11.22.63 e seu piloto delicioso e extremamente ágil, mesmo com quase uma hora e meia de duração.

jake

Jake Epping (Franco) é um professor que descobre dentro da lanchonete de um amigo (Al, interpretado por Chris Cooper) um portal do tempo que o leva sempre de volta da data atual para 21 de outubro de 1960 naquele mesmo lugar, Lisbon no… Maine (sempre no Maine). Não importa quanto tempo ele passe no passado, toda vez que retorna ao presente, só se passaram dois minutos nos dias atuais. O conceito parece confuso, mas a série consegue deixar tudo bem explicado sem muitos rodeios.

Com a ajuda de Al, Jake volta no tempo com a missão de mudar a história da América. Nesse ponto eu senti um leve desânimo, porque não me parece crível que alguém vá perder a sua vida (os anos só passam para ele, não para o resto do mundo) por algo tão abstrato. Por mais clichê que seja a ideia, tenho a impressão que seria mais verdadeiro vê-lo tentando mudar algo na sua própria história que na de um país inteiro.

Apesar disso, a direção acertada de Kevin Macdonald e a interpretação leve de Franco conseguiram transformar a missão megalomaníaca de Jake em uma viagem bastante intimista e de fácil identificação. Por mais que seu objetivo fosse evitar o assassinato de um presidente e, consequentemente, uma guerra, o que a série mostra é um professor recém-divorciado e frustrado por não conseguir fazer muito pelos seus alunos, tentando fazer algo grande em outra vida. Existe certa ironia escondida nos detalhes que mostra o lado bom e o lado desprezível daquele passado, e até mesmo uma autocrítica quando, em um diálogo, os personagens concluem que o livro é sempre melhor.

1960

A princípio tudo parece fácil no retorno aos anos 60 – ele tem dinheiro, informações privilegiadas que o fazem ganhar todas as apostas que quiser, documentos falsos e um guia completo do que fazer, já que Al passou por tudo aquilo antes dele. A questão é que Jake não é exatamente um herói, então comete alguns exageros, tem certa dificuldade em ser discreto e se mete em situações que claramente não vão terminar bem.

O passado faz de tudo para não ser mudado, mas será que ele já não foi? Quase todas as obras que falam de viagens no tempo mostram que as coisas aconteceram daquela forma por causa da interferência do “elemento estranho”, e não apesar ela. Na tentativa de evitar uma desgraça, é muito provável que Jake se torne o responsável por ela.

Ver um estrangeiro do tempo assistindo a discursos históricos, usando tecnologia para confundir seus desafetos, se deliciando com comidas da era pré-fast food (a um custo irrisório) e presenciando todos os preconceitos de raça e gênero do século passado deu ao piloto uma atmosfera lúdica que fez com que o tempo também passasse rápido para quem assistia. A regra de que anos no passado não são mais que dois minutos para o presente parece ter se aplicado a nós também.

O mais interessante, no entanto, foi deixado para o final. É quando Jake desvia de seu caminho de volta para o Maine e tenta evitar uma tragédia relatada por um de seus alunos da turma de adultos. O desenrolar desse plot especificamente deve acabar com algumas dúvidas sobre o passado poder ser mudado ou não na série.

11.22.63.pilot

Se 11.22.63 vai sustentar o que apresentou neste primeiro episódio é difícil dizer (meu palpite pessoal é que não vai), mas The Rabbit Hole é um piloto memorável e que vale muito a pena conferir! Já assistiu? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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