Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

6 anos de Lost – 15 momentos mais emocionantes

Por: em 22 de setembro de 2010

6 anos de Lost – 15 momentos mais emocionantes

Por: em

Em 22 de Setembro de 2004 estreava o que viria ser um dos maiores fenômenos televisivos do nosso tempo. Hoje, seis anos depois, já terminada, Lost ainda é uma das séries mais comentadas entre os viciados em séries, e provavelmente sempre será. Como disse Daniel Dae Kim, o intérprete do Jin, “Não há como ter uma conversa sobre televisão no século XXI sem mencionar Lost”.

Hoje tanto faz se você amou ou odiou o final, se acha que a série se perdeu, enrolou os fãs ou qualquer que seja a reclamação. O motivo do post é celebrar o aniversário de seis anos de Lost com os 15 momentos mais emocionantes (vulgo choráveis, de tristeza ou alegria) que existiram durante as seis temporadas + uma cena bônus que não teria como ficar de fora, mas ainda é assunto de discussão entre os fãs.

Se você é fã de Lost ou pelo menos apreciou a jornada, duvido que sairá daqui sem lágrimas nos olhos.

Obs: Os vídeos das cenas 08, 09 e 10 não permitem incorporação, então basta clicar na imagem para ver a cena no youtube. E claro, o post contém spoilers para quem não viu Lost até o final.

01 – A morte de Boone e o nascimento de Aaron (1×20 – Do No Harm)

Life and Death virou um dos clássicos da trilha sonora de Michael Giacchino, e o fato de a música ser o tema dessa cena já nos diz fácil fácil sobre todo o seu potencial. Boone foi o primeiro grande personagem que a gente viu morrer em Lost, e o contraste com o nascimento de Aaron foi brilhante. Apesar de todas as dificuldades que aquelas pessoas estavam vivendo na ilha, saber que ainda era possível ter um resquício de esperança é o tipo de coisa que prova como Lost só ganhou o status que ganhou por acreditar no potencial de seus personagens. Os mistérios sempre foram essenciais na história da série, mas eram momentos como esse que colocavam Lost num patamar acima. A tristeza e a alegria dos castaways acompanhando vida e morte em um só momento foi uma combinação infalível pra destruir qualquer coração de pedra que ousasse não amolecer com a cena. Happy Birthday, Aaron. Rest In Peace, Boone.

02 – Sawyer, Jin, Michel e Walt saem com a jangada (1×23 – Exodus: Parte I)

Esperança. É exatamente disso que essa cena fala. Até então desconhecidos entre si, os sobreviventes do voo 815 fizeram sua primeira tentativa de sair daquele lugar estranho, daquela ilha misteriosa que era o inferno para um e o céu para outros. A cena funciona perfeitamente com todos os elementos e a trilha sonora de Michael Giacchino é outro fator mais que importante, ele dá vida a cena. Jin e Sun até então brigados pelo segredo da coreana, se despedem; Shannon coloca as mensagens na garrafa que vai com a balsa; Walt diz adeus ao amado cão Vincent; Sawyer procura por Kate que está com outro grupo atrás do navio Black Rock. O que dizer de Jin e Michael, rivais até então, com um grande sorriso no rosto ao ver a jangada funcionando e indo em direção ao desconhecido. E Vincent entrando no mar atrás do dono que ele ama? O olhar desamparado de Sun ao ficar sozinha e a felicidade dos sobreviventes imaginando o resgate. Impossível não se emocionar.

03 – Reencontro de Rose & Bernard e Sun & Jin (2×08 – Collision)

Durante a primeira temporada, uma das histórias paralelas mais emocionantes era o sofrimento de Rose e sua esperança inabalável de um dia ainda poder rever seu marido, que estava na cauda do voo 815 no momento da queda do avião. Já no começo da segunda, a gente conhece os passageiros da cauda e descobre como a fé de Rose não era cega como parecia, e automaticamente um dos momentos mais esperados nesse início de temporada era o eventual reencontro do casal — que foi lindíssimo de se assistir, mas resultou em uma cena ainda melhor porque não representava só o reencontro dos dois. Ali era o momento em que TODA a galera da balsa voltava pra praia e se reencontrava com o pessoal que havia ficado no acampamento. O reencontro de Sun e Jin também foi marcante por reafirmar o amor gigantesco entre os dois mesmo depois das brigas que eles tiveram antes da balsa partir. Esse tipo de reencontro foi se tornando cada vez mais comum na série, mas sempre surgiram cenas eficientes pra caramba daí. E com todo o contexto que essa cena específica de Collision carregava, talvez ela seja uma das melhores.

04 – Morte da Libby (2×21 – ?)

Você está naquela ilha, tem problemas com comida, é super gente boa com todo mundo mas se sente sozinho e amaldiçoado. Então aparece uma pessoa que lhe ajuda e se apaixona por você. Mas ela morre porque você esqueceu os cobertores e um de seus amigos atirou nela. Hurley encontrou em Libby esperança quando estava quase ficando louco. Ela o ajudou, beijou, se apaixonou. Nessa linda cena vemos o gordinho mais querido da televisão sofrendo por culpa e Libby desesperadamente tentando avisar os amigos de que Michael foi o responsável pelo tiro e pela morte de Ana Lucia. O problema é que Libby não aguenta e acaba morrendo ao lado de Hurley. Vê-lo chorando é um soco no estômago, ainda mais com Kate caindo aos prantos no colo de Sawyer e Jack também se sentindo culpado por não conseguir manter Libby viva. Essa cena é como as outras de mortes em Lost, praticamente inenarrável.

05 – A volta com a Kombi da DHARMA (3×10 – Tricia Tanaka is Dead)

Lost não faz chorar só em momentos tristes. Tricia Tanaka Is Dead foi um episódio bem leve, desligado de todas as urgências que aconteciam na ilha, mas funcionou bem pra caramba porque deixou um gostinho que a série não deixava há um bom tempo. Era o tipo de coisa que a gente via na primeira temporada e fazia falta: o sentimento de esperança em meio ao caos que todo mundo vivia. Conseguir ligar a Kombi e trazer um pouco de felicidade pros seus amigos virou uma prioridade de Hurley, e quando ele consegue colocar o bicho pra funcionar junto com o Charlie, é impossível não pular da cadeira e comemorar junto. A cena final é a cereja no bolo não por algum acontecimento específico, grandioso, ou algo do tipo. Foi simplesmente aquela sensação boa de ver os personagens que a gente aprendeu a amar podendo finalmente sorrir e dar risada por alguns instantes. É um pouco triste ver o Hurley dando aquelas voltas com a Kombi sozinho, mas a cena traz um certo otimismo porque, apesar de ele estar numa ilha completamente isolada do mundo, ainda era possível se sentir em casa.

06 – Charlie e Claire enviam a mensagem na gaivota (3×12 – Par Avion)

Essa cena é praticamente um resumo do que acontecera até então. É outra demonstração de esperança. O resgate que não chega, os amigos que morreram e as vidas que nasceram ou se renovaram. Charlie havia descoberto que iria morrer pelas visões de Desmond e Claire prometeu não desistir dele. A mensagem na gaivota provavelmente nunca chegou nas mãos de alguém, e se chegasse não adiantaria, a ilha se movia de lugar. Mas não é essa a beleza da cena, e sim no retrospecto dos personagens e da trama, e do momento de Charlie e Claire, um dos casais mais simpáticos da série.

07 – Morte do Charlie (3×22 – Through the Looking Glass)

Toda morte é complicada de se encarar. Claro que na ficção o efeito nunca vai ser tão devastador quanto na vida real, mas Lost trabalhou tão, mas TÃO bem com seus personagem, que o negócio chega perto. A morte de Charlie — talvez a mais triste e mais sentida de toda a série — foi extremamente impactante porque a preparação praquele momento aconteceu durante TODA a temporada. “You’re gonna die, Charlie” – já dizia Desmond lá em Flashes Before My Eyes. O brotha até tentou salvá-lo em diversas oportunidades, mas não tinha mais jeito. Era o destino de Charlie. Um destino muito, muito, MUITO triste, mas heróico. Charlie queria o bem de seus amigos e até tentou avisar sobre os perigos do cargueiro, mas mesmo que (quase) ninguém tenha dado ouvidos ao recado, “Not Penny’s boat” vai sempre um dos principais marcos de Lost, coroando a cena como um dos pontos altos de toda a série. Completamente impossível segurar o choro.

08 – O telefonema de Desmond e Penny (4×05 – The Constant)

The Constant sempre estará na lista de melhores episódios de praticamente todo fã. E essa cena em especial também. É inútil tentar reescrever o que se passa assistindo a cena, mas é só relembrar que Desmond não falava com sua amada há quase 4 anos. E por viagens no tempo ele foi capaz de avisar sobre o telefonema e por mais louco que parecesse, Penny esperou, não se mudou e estava lá para atender. A cena é tão bem editada entrecortando os momentos das falas dos dois e tornando tudo aquilo em uma só coisa que, como eu disse, é melhor assistir do que escrever.

09 – Os Oceanic 6 reencontram seus parentes (4×12 – There’s No Place Like Home: Parte I)

Tem gente que considera os flashforwards como uma forma de ‘auto-spoiler’. Contar o que vai acontecer no futuro pode acabar estragando um pouco os momentos em que tais coisas de fato acontecem. O início da tripla season finale da quarta temporada prova o contrário, porque apesar de a gente saber faz tempo que os Oceanic 6 voltariam pra casa, nada podia nos preparar pra cena em que eles finalmente colocam os pés em chão firme. Eles estavam prontos pra começar a viver uma mentira gigantesca, mas o nervosismo de cada um na hora de sair do avião não tinha a ver com isso. Era o nervosismo de reencontrar o mundo real. Reencontrar a família. Que, por sinal, aumenta exponencialmente o fator chorável da cena, já que a gente acompanha uma Kate toda desolada, sem ninguém pra recebê-la naquele momento. Sair da ilha talvez não fosse a melhor solução.

10 – A explosão do cargueiro Kahana (4×13 – There’s No Place Like Home: Parte II)

A explosão do cargueiro não só matou Michael, mas deixou no ar se Jin morreria ou não. E essa angústia só aumentou e virou desespero quando vimos Sun ver a explosão. Em uma atuação merecedora de Emmy de Yunjin Kim, Sun fez o que qualquer esposa faria: tentou voltar, tentou procurar, pensando que Jin pudesse estar vivo. E ela estava certa. Alguns dizem que Jack foi egoísta, mas ignorando ele estar certo ou não (ele estava errado, Jin estava vivo) esse  é mais um dos momentos “eu odeio o Jack”. Mas para mim é um perfeito “eu também odeio a Kate”, porque ela sempre foi tão metida, tão mandona e simplesmente não fez po*** nenhuma para ajudar a amiga. Desesperadora ao extremo, essa cena é outro presente de Lost para nós.

11 – Kate dá adeus a Aaron (5×11 – Whatever Happened, Happened)

Os episódios centrados na Kate não são exatamente os favoritos da maioria dos fãs de Lost, mas apesar das baixas expectativas, a Evangeline Lilly mandou MUITO bem em algum deles. O melhor foi Whatever Happened, Happened, em que a sua personagem finalmente revela o porquê de mudar de ideia e resolver voltar pra ilha junto com Jack e cia. Kate cuidou de Aaron durante todo o tempo em que os Oceanic 6 voltaram pras suas casas, mas o peso dessa responsabilidade foi ficando cada vez maior, e a gota d’água — perder o Aaron no supermercado — fez com que Kate decidisse encontrar Claire e assim pudesse entregar à criança a mãe que ele merecia. Mas mesmo que Kate não se considerasse a mãe ideal pro Aaron, ela dava o melhor de si. Ela tinha um carinho gigantesco pelo menino. E é por isso que a dor que ela sente quando se despede dele é tão emocionante. Afinal, Aaron era praticamente a única pessoa que mantinha Kate equilibrada em seu eixo no ‘mundo real’. A relação entre os dois podia não ser biológica, mas era verdadeira. E Evangeline Lilly demonstrou isso de maneira espetacular.

12 – Juliet cai no poço (5×16 – The Incident)

Sempre disse que Juliet foi a minha personagem preferida em Lost. Isso se deve a sua evolução pela parte da história escrita pelos roteiristas e também pela atuação de Elizabeth Mitchell. E somente na 5ª temporada é que se formou um dos casais que o público mais amaria: Juliet e Sawyer. A cena final de The Incident é fantástica. Nada teria acontecido se o babaca do Jack não tivesse continuado o plano de Faraday. Pela vontade do destino, Juliet foi puxada pelo eletromagnetismo do poço de perfuração da estação Cisne quando algumas correntes prenderam em seu corpo. A despedida (até então pensávamos que aquela seria a despedida deles) de Juliet e Sawyer é demasiada comovente em atuações esplêndidas de Mitchell e Josh Holloway. Juliet ainda viveu para explodir a bomba de hidrogênio, algo que nem Jack foi capaz de fazer. O resultado, a gente sabe, foi a viagem no tempo de 1977 para 2007.

13 – A conversa de Ben e Ilana (6×07 – Dr. Linus)

Ben flutuou durante a última temporada sem ter muito o que fazer, mas quando o personagem ganhou material pra trabalhar, poucas coisas conseguiram superá-lo em qualidade. Nos flash sideaways, a redenção de Ben ajudando a Alex já foi MUITO tocante, mas, na ilha, sua conversa com Ilana foi completamente devastadora. Ainda levando em consideração como ela foi uma personagem absolutamente nula na temporada, os méritos de Ben são ainda maiores — Michael Emerson carregou a cena nas costas sozinho. O jeito como ele desaba ao lembrar da morte que provocou à Alex em nome da ilha nos faz ignorar qualquer resquício de crueldade que o personagem tenha cometido. O sentimento ali é de pena. MUITA pena. Ben estava tão no fundo do poço, que a única pessoa que poderia aceitá-lo sem querer vê-lo morto era a maldade encarnada, o falso Locke, o homem de preto, o inimigo de Jacob. Até faz sentido que o maior vilão da ilha fosse o único a poder acolher o ex-maior vilão da ilha, mas é tão triste ver Ben desabar do jeito que desabou, que é impossível desejar esse destino pra ele. Durante boa parte da série, Ben pode ter sido a pessoa mais escrota do mundo. Mas até ele merecia a chance de se redimir.

14 – A morte de Jin e Sun e o choro de Hurley, Jack e Kate (6×14 – The Candidate)

Dizer adeus a um personagem sempre foi difícil. E lá estavam nossos sobreviventes todos juntos como há tempos não víamos. Dessa vez, infelizmente, a culpa foi do Sawyer. Do homem de preto pra ser sincero, mas foi Sawyer que caiu no truque. Sayid explodiu (literalmente), ficamos pensando que Lapidus estava morto e em uma das cenas mais emocionantes, dissemos adeus a Romeu e Julieta de Lost. Jin e Sun, um dos casais que mais sofreu durante a série, morreram juntos. Vários falaram que foi egoísmo do Jin por deixar a filha órfã. Isso realmente importa na cena? Não. E o mais emocionante ainda estava por vir. O choro de Kate, Hurley e Jack quando percebem que perderam os amigos. Já não estava dando para aguentar, aquilo precisava terminar.

15 – Os personagens percebendo que estão mortos (6×17/6×18 – The End: Partes I e II)

Como já disse lá em cima, tanto faz se você gostou ou não que os flashsideways eram a vida após a morte. Devido a isso tivemos não só uma, mas várias cenas belíssimas durante a finale. Quando cada personagem “acordava”, se dava conta de que estava morto e precisava se juntar com os amigos para seguir em frente, foi um presente para nós. As atuações, as cenas das temporadas passadas e todo o clima de felicidade é insuperável. Para mim, a cena com Juliet e Sawyer no hospital foi a mais bela, seguida do parto de Aaron com Kate, Claire e Charlie. Porém todos os “awakenings” tiveram sua beleza própria, seja Jack com o caixão do pai, ou Jin e Sun ao verem o ultrassom da filha. O vídeo contem os momentos em que Desmond e Hurley também acordam, cenas essas que não foram no episódio final, mas que também possuem sua carga emocional.

Bônus – Cena final

Boa parte de todas essas cenas que a gente comentou aqui são consideradas os melhores momentos da história de Lost. São nesses momentos em que as lágrimas começam a cair que a gente percebe o nosso investimento na série, como toda aquela história nos toca de uma maneira profunda, às vezes difícil de se explicar. E são essas mesmas cenas que confirmam da maneira mais perfeita possível como os defensores do series finale estão LONGE de estarem errados quando dizem com vontade: Lost é uma série sobre pessoas. Os mistérios da série SEMPRE vão ser um dos seus pilares principais — foram eles os elementos que nos surpreendiam e não nos deixavam desgrudar da tela –, mas os mistérios só nos conquistaram desse jeito tão avassalador porque, ao redor deles, Lost construiu pessoas complexas, reais, sinceras, identificáveis… Gente como a gente, com milhões de defeitos. Gente que, no final das contas, tem o direito incontestável de buscar uma vida feliz.

A cena final de Lost é justamente o momento em que eles encontram essa vida feliz. Os personagens que a gente investiu tanto tempo durante esses 6 anos passaram por uma vida complicada pra caramba, mas na ilha eles encontraram um ao outro, e juntos na morte, eles puderam encontrar um jeito de seguir em frente, de deixar todo aquele sofrimento pra trás e finalmente experienciar um momento de paz. É muito compreensível a raiva generalizada pelos mistérios soltos ou (discutivelmente) mal resolvidos durante essa sexta temporada, mas vale tão mais a pena aproveitar que o foco dado no final tenha sido aquele que realmente importava… A gente não se emocionou com essas 15 cenas porque os mistérios ao redor delas eram intrigantes. Por que com a 16º tem que ser diferente? O olho fechado de Jack, completando o ciclo iniciado no primeiro segundo do primeiro episódio pode não fechar todas as pontas das tramas que Lost criou, mas ela fecha a história dos personagens de maneira reconfortante, otimista.

A intenção aqui não é mudar a opinião de ninguém em relação ao final da série, mas é MUITO bom poder estufar o peito e falar que, pra gente, a cena final de Lost foi perfeita. Dentre tudo isso que a gente comentou, talvez o momento mais digno de lágrimas seja lembrar que ano que vem simplesmente não tem mais. Foi muito, muito, muito bom enquanto durou. Mas acabou.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×