Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

A volta dos Underwoods – A 4ª temporada de House of Cards

Por: em 8 de março de 2016

A volta dos Underwoods – A 4ª temporada de House of Cards

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers pesados,

siga por sua conta e risco.

Finalmente temos um pouquinho de House of Cards neste ano! Frank volta às nossas telas mais impiedoso do que nunca, lutando com tudo para se manter no poder, usando todas as ferramentas disponíveis para continuar à frente da casa branca. Muitas manobras de manipulação, acobertamentos, disputas de força e toda a cafajestice de Frank Underwood, o presidente que amamos odiar. Essa temporada então vemos a corrida de Frank para ser o candidato à presidência dos democratas, e, quem diria, Claire se torna um obstáculo ao seu plano.

Na primeira parte dessa 4ª temporada vemos um conflito muito interessante entre Frank e Claire, já que a temporada começa onde a outra terminou. Uma briga entre o casal não é uma briga de marido e mulher comum, eles sempre foram muito mais que isso e na temporada anterior vimos que Claire é mais popular do que Frank, causa mais entusiasmo e empatia no público. O Sr. Presidente coloca grande parte dos seus esforços em anular as ações da primeira dama. Se ela pedisse o divórcio a campanha de Frank não poderia sobreviver, nem com todo o apelo do mundo que ele tivesse.

House-of-cards-Frank e Claire conversando na janela

E uma campanha da Claire sem o Frank poderia ir adiante? Não para um cargo alto, como governadora, mas para o congresso ou senado é bem possível que ela conseguisse, tanto que Frank a sabota de diversas formas, todas as suas ações parecem tão vis que se não o odiávamos antes, o fazemos agora. Tudo parece ser regido por ciúmes, por uma necessidade de ser superior. Se fôssemos obrigados a escolher entre Claire e Frank para uma corrida eleitoral, quem você escolheria?

Temos que lembrar aqui que nesses primeiros episódios Claire conta com o apoio muito importante de alguém que há muito queria conhecer: Sua mãe. Uma texana de corpo e alma, fria, calculista, influenciadora e cheia de dinheiro. Ela teve um papel muito importante nessa temporada, não tanto em ação, mas em desculpas e influências. Sem o dinheiro dela e suas amigas Claire não conseguiria contratar LeAnn como gerenciadora de sua campanha. Ela foi uma personagem que tinha potencial para muita coisa na série, mas não vimos tanto, talvez seja porque Frank e Claire estiveram tão fantásticos que não reparamos nos outros.

Quando Claire volta pra casa tudo é mais perigoso, é quase como dormindo com o inimigo, mas os dois não dormem mais juntos, e se sabotam o tempo todo num convívio tortuoso, uma guerra velada, os dois sabendo bem o que cada um é capaz. Deu medo do que Frank poderia fazer, de todas as ameaças que ouvimos e vemos, não explicitadas à ela, mas ditas veladamente para nós. Enquanto o casal media forças para ver quem dependia mais de quem, Doug não fazia muita coisa, e ainda bem que existia ainda uma pontinha da imprensa, um Lucas sendo narrador pornô na cadeia, solto por ajudar o FBI. Claro que ele não ia parar de se envolver na história de Frank, toda sua frustração e conhecimento do sangue que está na mão do presidente se junta à situação insustentável de Claire e Frank e culmina no episódio central da temporada, com a tentativa de assassinato do presidente.

House of Cards - Frank e Meechum andando

Por mais trágico que seja, o atentado caiu tão bem para os Underwood que foi impossível não pensar por alguns segundos que tinha sido armado. Segundos que duraram até percebermos que não foi só o presidente que foi atingido. #Rip Meechum.

O atentado serviu para mostrarem o potencial político da Claire, para traçar o seu destino. Enquanto o presidente esteve inconsciente muita coisa aconteceu, políticas externas com a Rússia, Doug (ele e eu tivemos medo da primeira dama fazer algo radical), Danton, Dunbar, todos tiveram grande importância para desamarrar as tramas dessa primeira etapa e possibilitaram que House of Cards seguisse para o segundo ato magnífico. A reconciliação de Frank e Claire acontece quando ele sai do hospital, onde começam a não mais a lutar pequenas batalhas, mas agora, juntos, eles vão realmente traçar um plano e manipular tudo ao entorno deles, como num teatro de marionetes, agora eles vão “fazer direito”. E como fazem!

Esta parece uma nova temporada até os episódios finais, onde várias coisas e personagens começam a reaparecer. Mas aqui, no 7º episódio, nessa segunda metade da temporada depois da quase morte do presidente Underwood, somos apresentados a um casal unido, apaixonados, tendo um sexo interrompido no banheiro pelos filhos. Estas cenas de sexo no banheiro intercaladas por cenas do Frank no banheiro, isolado, foram bem ilustrativas quando descobrimos quem é esse casal.

House-of-Cards-Frank-Conway

Conway (Joel Kinnaman – The Killing), o candidato da oposição, governador de New York, jovem, alto (isso tem alguma importância para eles), ex-militar e transparece ser tudo o que Frank não é. Será ele isso tudo, um cavaleiro da justiça e honestidade? Com sua casa comum, esposa, filhos, jovens, são tudo o que todos os americanos querem ser? Não dá para acreditar nisso, Dunbar tentou seguir nesse caminho e provou que para ser eleito tem que sujar as mãos. Conway consegue a princípio influenciar os planos do Frank como presidente, mas não demora que o presidente o envolva em todas as tramoias.

Outro ponto positivo é a volta do escritor, Tom, que dá um bom balanço à inescrupulência dos Underwood, o que eles realmente sentem? Pensam e agem a gente sabe, eles falam, vemos todos as tramas nos corredores e subsolos escuros. Mas as histórias com os pais não é tão fácil arrancar deles, os sentimentos e as conversas sinceras. Tom Yates consegue. E escreve discursos magníficos que junto com todos os dados e informações que eles conseguem – naquele plano escuso de usar dados da NSA – põe os Underwood em uma posição muito confortável para eles, mas que não poderia ficar dessa forma à medida que a temporada se aproximava do fim.

House of Cards - Frank e Claire ovacionados na convenção do partido.

Talvez o ápice da temporada tenha sido o circo armado por Frank e Claire para torná-la vice presidente na chapa com Frank, no episódio 9 vemos todos os caminhos e atalhos que o casal e sua equipe faz para isso aconteça “naturalmente”. A convenção aberta, gente, que empolgante, quanto esforço e reviravoltas aconteceram, que episódio fantástico, este e o seguinte culminaram em uma vitória dos Underwood, certa que aconteceria pela pressão que colocaram em todos os lados. Claire (e Robin Wright) estavam magníficas do início ao fim. Que discurso emocionante da futura vice-presidente. Mesmo que a gente saiba de todos os podres, não dá pra não emocionar e arrepiar com o resultado. Ótimo ponto para House of Cards.

Por um outro lado, ao final da temporada, foi bom vermos um pouco de imprensa, não manipulada por Frank, mas acontecendo por debaixo dos panos sem chance para ninguém da casa branca descobrir a reportagem avassaladora que estava por sair. Uma série política sem imprensa não tem como, ela é a reguladora, a responsável por expor e fiscalizar os políticos, embora Frank faça de tudo para manipular e manter seus atos todos cobertos, isso é impossível para uma figura tão pública, e muito necessária para a série. A campanha eleitoral que se aproxima – na próxima temporada – será marcada por investigações e terror. Terror causado por Frank e Claire.

House of Cards - Gif - Frank e Claire se olhando e olhando para a câmera

We make terror – Nós causamos o terror.


P.S.:

  • A temporada termina com Frank e Claire quebrando a 4ª parede, é a primeira vez que ela faz isso, achei o máximo!
  • Doug: Continua louco, ameaçador, e, ao mesmo tempo sentido por ter “matado” um pai de família ao manipular a lista de doadores. Ele sempre arruma uma dor, uma culpa ara ficar remoendo ao longo das temporadas.
  • Freddy: Apareceu um pouco em cada temporada, aqui não foi diferente. Que bela aparição, ele confrontando Frank é um alívio.
  • OCI: Cada temporada precisamos de um novo problema diplomático. Oriente Médio e seus problemas e terrorismo causados e usados pelos políticos. Será que Frank vai alimentá-la para poder ser a sua plataforma de eleição e governo?
  • Uso dos ensaios intercalados com as cenas dos discursos de verdade trouxe uma coisa interessante para a série, que foi ver como os Underwoods pensam e como vão com tudo para controlar conversas.
  • LeAnn – Não fede nem cheira. Ela poderia ter feito algum estrago, poderia ter alguma importância na história, mas além de colocar um plano de vigilância da NSA em favor do Frank nas eleições, ela não fez nada, será que volta? Essa história do uso de dados ainda vai causar problemas.

E você? Está empolgado com essa temporada?


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

×