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A volta por cima de True Blood

Por: em 11 de agosto de 2013

A volta por cima de True Blood

Por: em

Quando True Blood estreou, em 2008, o “frenessi” foi imediato. Com duas primeiras temporadas praticamente irretocáveis e quase unânimes entre os fãs de série, a série arrebatou uma legião de fãs e mesmo ante a febre vampira que acontecia à época, conseguiu facilmente seu lugar ao sol. O que aconteceu a partir de seu terceiro ano é que começou a dividir opiniões. Há aqueles que defendem que a série nunca ficou ruim. E há aqueles que, como eu, acreditam que diversos fatores (como a enxurrada de criaturas sobrenaturais, os fracos roteiros e os twists duvidosos) tornaram o show de Alan Ball, em seus três últimos anos, apenas uma sombra do que ele foi nos dois primeiros.

Quando o criador deixou o posto de showrunner ao fim da quinta temporada e uma mudança na equipe de produção e roteiro foi feita, ficou claro que se aproximava um momento decisivo: A série tinha a chance de recomeçar e, talvez, voltar aos dias de glória. Ou poderia afundar de vez, perdida pela megalomania de seus criadores. Hoje, oito episódios depois e a dois do season finale, posso encher a boca ao afirmar: True Blood nunca esteve tão bem.

Bill e Jessica True Blood

É fácil dizer exatamente o que faz esta temporada se destacar das demais. Mesmo com tramas ainda dispensáveis (Sam e núcleo dos lobisomens), elas não tomam mais que 5 ou 10 minutos de episódio, enquanto as outras histórias, bem mais impactantes e interessantes (a nova fase de Bill, Warlow e a guerra civil entre humanos e vampiros) dominam a temporada. Depois de temporadas apagado, Bill voltou (com glórias, diga-se de passagem) aos holofotes da série e por mais que ele nunca volte a ser o protagonista que um dia foi, há que se elogiar a capacidade dos roteiristas de colocá-lo novamente no centro da ação. Quando ele tomou o sangue de Lilith ao fim da quinta temporada, acreditei que a série seguiria o fácil caminho de torná-lo um grande vilão. Felizmente, optaram pelo caminho oposto.

O mais interessante de todo o plot é ver que, mesmo com Lilith agora sendo parte de si, Bill não perdeu sua personalidade. É claro que em muitos pontos ele mudou, mas no fundo, o antigo Bill ainda vive ali e sua relação com Jéssica, seu empenho em encontrar o cientista que sintetizou o Tru Blood e, agora na reta final, sua luta para tentar salvar seus (ex?) amigos provam que, de certa forma, o personagem pouco mudou. Ele é parte-deus e agora pode andar no sol graças ao sangue de Warlow, mas no fundo, ainda é the same old Bill. 

Suas visões de futuro, que poderiam soar como mais um recurso pobre do texto, funcionaram perfeitamente aqui na temporada por um motivo simples: Foram artifícios necessários para a construção da história. Sem a imagem de Jessica, Pam, Tara e os demais vampiros queimados ao sol que tivemos no segundo episódio, talvez a trama dos acampamentos perdesse um pouco do brilho. Digo um pouco porque esse plot seria bom o suficiente para funcionar sem isto, mas com o plus, ficou ainda melhor.

Sua relação com Sookie também ganhou contornos interessantes graças as presenças de Lilith e Warlow. De inimigos a improváveis aliados nestes últimos episódios, não parece claro se há algum espaço para um comeback do vampiro e da telepata, mas se isso não acontecer, parece que ao menos uma relação civilizada eles voltarão a ter.

sookie-warlow-true-blood

A presença de Ben/Warlow foi outro fator positivo na temporada até aqui, especialmente a virada que envolveu o personagem. Terminamos a temporada passada achando que ele era a encarnação do demônio na terra e este sexto ano tratou de virar a mesa ao colocar o personagem como uma quase-vítima na história. Digo “quase” porque é meio óbvio que Warlow fez coisas terríveis, mas ele não tem culpa de ter sido transformado por Lilith centenas de anos atrás (sendo o primeiro híbrido entre fada e vampiro) e de  ter sua história um tanto quanto distorcida. Vale ressaltar a excelente química entre Robert Kazinsky e Anna Paquin, o que contribuiu – e muito – para que essa história funcionasse.

O  turning point da personagem de Paquin também é interessante. Sookie passou os últimos meses acreditando que devia matar Warlow porque devia uma vingança a seus pais e, da noite pro dia, descobriu que (quase) tudo em que acreditava era uma mentira e que seu pai tentou matá-la. Certamente, isso influenciou totalmente a decisão da garota no que diz respeito a proposta de Warlow, de transformá-la e de eles ficarem juntos toda a eternidade.  Uma das cenas mais poderosas da temporada é, sem dúvida, o desabafo de Sookie diante do túmulo de seus pais no 6×08. 

Foi eficiente também o modo como o roteiro da temporada conseguiu ligar essa história de Sookie, inicialmente solta, ao plot central da temporada (os “campos de concentração” vampira). Quando foi dito que Warlow era citado na Bíblia Vampira, imaginei que logo ele se ligaria a Bill e, de alguma forma, arrastaria Sookie para a trama.

O gancho deixado pelo último episódio que foi ao ar (6×08 – Dead Meat) está diretamente relacionado a isso, quando Sookie e Bill vão até Warlow no país das fadas e encontram o vampiro-fada caído após o ataque de Eric. Não acredito (e espero) que ele tenha morrido, porque de alguma forma, True Blood tem dado todas as pistas de que ele estará presente nos acontecimentos finais da temporada.

eric-nora

Se fosse necessário, agora, eleger apenas um nome desta excelente temporada, não restam dúvidas de que ele seria o de Eric Northman. A bem da verdade, o personagem vem ganhando status há algum tempo e faz parte de um passado distante os tempos em que ele era um mero coadjuvante. Eric ganhou voz, destaque e hoje faz incidir sobre si todas as atenções da temporada. A cena mais forte dela, até aqui, é a morte de Nora após ter sido infectada no acampamento. O diálogo final entre os dois é pesado (– I promised you forever. – Brother, I only ever ask to live fully. And you gave me that.). O momento marca também uma virada na história de Eric, que também morreu um pouco ali e reviveu sedento por vingança.

O relacionamento que ele desenvolveu com Willa, a filha do Governador que ele transformou em vampira como “tática de guerra” permitiu que uma nova faceta de Eric viesse à tona. A cena da transformação da garota também é incrível, rememorando a filmes de terror. Willa se mostrou uma personagem interessantíssima e uma excelente aquisição para a série. Sua dinâmica é ótima não apenas com Eric, mas também com Pam e Tara no acampamento e certamente se Eric está se preparando para invadir o local, o resgaste da garota é um  dos motivos.

plot da guerra civil declarada pelo Governador do Estado aos vampiros é de longe um dos mais interessantes que True Blod já apresentou. Como muitos não perderam tempo em comparar, os “acampamentos” para onde os vampiros estão sendo capturados e levados lembram diretamente os campos de concentração nazistas, onde milhões de judeus encontraram a morte durante a Segunda Grande Guerra. E o que é (ou melhor dizendo, era, já que sua cabeça já foi arrancada) o Governador se não um “Hitler” tentando provar a superioridade de sua raça dizimando uma outra? É por reflexões assim que essa é fácil a melhor temporada de True Blood até aqui.

São diversas as sequências marcantes dessa trama. As lutas que os vampiros são obrigados a travar, o momento em que Jéssica é quase obrigada a fazer sexo com outro vampiro, os diversos discursos de ódio pregados e o mais recente plano de contaminar a nova remessa de Tru Blood, com o objetivo claro de exterminar a raça.

Sarah True Blood

O retorno de Sarah como talvez uma das grandes vilãs foi outro acerto em cheio. Quando a cabeça do Governador foi arrancada praticamente no meio da temporada, eu mesmo me perguntei porque motivos True Blood estava matando o big bad tão cedo, mas a resposta está aí. Sarah é divertida, tem um histórico na série e finalmente vem tendo chance de brilhar novamente. E o mais bacana é que sua volta casa perfeitamente com a proposta do roteiro, quando nos lembramos da Irmandade do Sol. É curioso também vê-la no lado oposto de Steve. Agora, ele é um vampiro e  ela é a nova cabeça  da guerra declarada. Seu plano de esconder a morte do Governador e assumir o controle dos acampamentos mostra que ela não está brincando e isso faz com que estes dois últimos episódios sejam ainda mais esperados.

Meu palpite é que, de alguma forma, Jason, que estava servindo como guarda no acampamento, de alguma forma vai deixar de lado todo seu ódio por vampiros após a entrada de Sookie na história e, então, use sua influência com Sarah para por um fim nessa história.

Mas como nem tudo são flores, mesmo em sua melhor temporada, True Blood ainda insiste em tramas que são uma completa perda de tempo. Ou alguém pode me explicar que sentido há nas tramas de Alcide e Sam e Nicole? Entre o pega-larga de Emma, que parece finalmente ter encontrado seu destino, o sequestro e resgate de Nicole e sua mãe (e agora a gravidez da namorada de Sam) e a luta de Alcide para continuar no controle de seu bando, o que realmente se salvou? Ao menos, essas tramas não tem tomado muito tempo de episódio.

Não muito diferente, mas ainda assim um pouco mais interessantes, temos Andy, Arlene e Terry. O primeiro desponta como o mais promissor graças a Adilyn, a única sobrevivente dos bebês-fadas e que envelhece mais rapidamente que qualquer coisa já vista na série. Quanto a Terry, teve uma morte tão aleatória quanto seu personagem. Não dá pra dizer que vai fazer falta. E a Arlene… Depois da morte do marido, também não dá pra prever nada. Teremos que esperar pra ver.

Que venham Life Matters Save the Population, os dois últimos episódios da temporada. E que eles não façam com que eu não me arrependa de estar novamente tão empolgado com a série.

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PS. Este foi um texto escrito com o objetivo de comentar a temporada até aqui, para que os episódios finais ganhem sua review individual. Por isso, posso ter deixado passar algum detalhe. Qualquer coisa, soltem o verbo nos comentários!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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