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Agents of S.H.I.E.L.D. – 4×01 The Ghost

Por: em 23 de setembro de 2016

Agents of S.H.I.E.L.D. – 4×01 The Ghost

Por: em

“Quando o Motoqueiro marca você, ele queima sua alma.”

Foi com a promessa de uma temporada mais sombria que Agents of S.H.I.E.L.D começou seu quarto ano. Apostando em 3 frentes narrativas que certamente acabarão se ligando, The Ghost é um episódio eficiente, que sabe introduzir as histórias que nos acompanharão até maio do ano que vem e que ditarão o tom que a série da Marvel com a ABC irá adotar de agora em diante. Sem Ward, sem Lincoln e com uma melancolia latente no ar em cada um dos segmentos, S.H.I.E.L.D fez seu começo de temporada mais diferente – e também mais empolgante.

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Comecemos por Daisy. Ah, Daisy. Que personagem maravilhosa. Quando ela era apenas uma hacker que atendia pelo nome de Skye, já conseguia ser badass e roubar a atenção para si. Assistimos desde a primeira temporada sua trajetória ascendente. De uma hacker a uma inumana a Daisy Johson até, agora, enfim, Tremor. É interessante perceber que a perda de Lincoln teve em Daisy um efeito muito mais devastador do que parece à primeira vista. Quem a vê colocando um gorro gótico e sombras nos olhos, pode até achar que a personagem está vivendo algum tipo de luto retrógrado, mas lá no fundo, Daisy está perdida. Nada mais do que isso. Ela perdeu a pessoa em quem mais acreditava, aquele por quem ela daria a vida – aquele que deu a vida por ela. De alguma forma, a morte do Pikachu deixou a garota perdida e caçar gangues criminosas é uma forma de tentar se encontrar novamente, mas dessa vez sozinha. Ela já carrega muito sangue em suas mãos e quando ela recebe relutante a ajuda de Yoyo, é perceptível o quanto ela quer estar sozinha. Ela voltou as suas origens e acredita que assim será melhor – tanto para ela, quanto para os outros.

Obviamente, isso não vai durar muito tempo, com todos em seu encalço. É muito bacana ver como, mesmo com todos os prognósticos contrários, Coulson continua a acreditar naquela que um dia foi sua pupila. Ele acredita que Daisy não é a responsável pelas mortes recentes porque ele sabe o caráter daquela que, pode-se dizer, ele ajudou a formar. E é essa convicção que o faz, junto com Mack, se enveredar em uma missão que poderia lhe custar sua carreira, para encontrar Daisy antes da S.H.I.E.L.D, agora sob nova direção. Ainda não vimos o rosto do novo Diretor, mas pelas ações de May e Simmons, ele não deve ser a melhor das pessoas. Foi estranho ver a equipe completamente separada e em departamentos totalmente diferentes, mas assim como May, acredito que existam motivos maiores por trás disso e ainda iremos descobrir  o que há nas entrelinhas desses novos rumos que a organização tomou. Por enquanto, o que nos resta é especular.

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E lamentar, claro. Ver cada um agindo em seu canto deu ao episódio um gosto um tanto quanto amargo. Por mais que fique óbvio que isso não vai durar muito tempo  – e, de certa forma, eles próprios já estão dando seu jeito para trabalharem juntos – , é estranho assistir S.H.IE.L.D sem a S.H.I.E.L.D que conhecemos por 3 temporadas. E se já era estranho ver a equipe trabalhando isoladamente, ver Simmons dando ordens a May foi ainda pior. Não que uma personagem seja diminuída pela outras – ambas são igualmente incríveis e bem desenvolvidas -, mas isso quebra o status quo que a série apresentava até então, o que não é ruim, é apenas incomum. Simmons sempre teve aquela aura de personagem mais quebrável, que precisava ser protegida. Isso mudou um pouco depois de sua excursão para dentro da rocha, mas agora, a virada foi total. O confronto direto entra ela e May, quando a cientista afirma que não confia no novo diretor mas que age assim porque precisa que ele confie nela, foi um dos pontos altos do episódio e nos dá margem a vários questionamentos. Primeiro: Quem é o dito cujo e como ele foi colocado ali dentro? Segundo: O quanto essa atitude de Jemma irá afetar seu relacionamento futuro com May, Coulson e Mack? E, terceiro: O que ela fará quando descobrir a enrascada que seu – agora – namorado se meteu?

Ao mesmo tempo em que foi muito bonito e reconfortante ver a cientista e Fitz finalmente felizes e em paz, é óbvio que tudo vai desmoronar em breve, graças a enrascada na qual Leo se meteu chamada AIDA, uma forma de LMD*. A inserção desse plot tecnológico me soou amarga quando foi apresentada no final da terceira temporada, porque imediatamente tudo que eu consegui pensar foi: O que podemos ver aqui que não foi mostrado em Era de Ultron? E essa premiere trouxe a resposta: Muita coisa. As intenções de Radcliffe (assim como as de Tony Stark) são boas, claro. Por que não criar robôs que possam substituir os agentes em batalha e evitar mortes? Mas, lá no fundo, a gente sabe que se tudo fosse mesmo tão bonito, ele não precisaria mentir e não precisaria envolver Fitz nisso, tocando justamente no ponto fraco do jovem: seu amor pelo desconhecido, pela pesquisa e pela ciência. Era óbvio que Fitz ficaria fascinado ao ver AIDA (eu só fiquei assustado mesmo, amigão) e o diabinho em sua cabeça não deixaria que o projeto morresse. Agora é segurar na mão de deus e ver onde isso vai dar.

(*Nos quadrinhos, LMD são os chamados Life-Model Decoys, estruturas criadas pela S.H.I.E.L.D com o objetivo de substituir agentes em combate, mantendo os verdadeiros corpos em segurança.)

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Mas, justiça seja feita: Tudo isso, por mais empolgante que seja, ficou pequeno perto da introdução de Robbie Reyes e seu Motoqueiro Fantasma (que, teoricamente, aqui deveria ser chamado de Motorista Fantasma, mas vamos usar a tradução oficial, né?). Diferente do esperado, não tivemos tempo para entender qualquer coisa da história do personagem – esse papel provavelmente vai ficar pros flashbacks. O Ghost Rider foi apresentado como alguém que, à sua maneira, estava com o mesmo propósito de Daisy, mas com ideais mais radicais. Enquanto ela apenas queria prender gangues, o Motoqueiro mata. Queima a alma, como uma das vítimas bem falou. Enquanto Daisy está perdida em algum tipo de cruzada pessoal, o Motoqueiro parece saber exatamente onde está indo e o que está fazendo – e o pior; ele parece gostar disso. O encontro dos dois personagens no Ferro Velho foi o ponto alto do episódio e, além de um excelente confronto, nos deu alguns insights de sua história.

Aparentemente, existem duas personalidades dentro do mesmo personagem. Eu imaginei, pela divulgação e pelo pouco que conheço da história do Ghost Rider, que elas estariam em conflito, mas ao que parece, é exatamente o contrário (e explico melhor isso abaixo): Robbie Reyes e o Motoqueiro Fantasma estão em perfeita sintonia. Robbie sabe que a entidade com quem está dividindo seu corpo é um assassino e, quando ele diz a Daisy que não é ele quem decide quem morre ou não, ele parece estar claramente confortável com isso, além de também controlar o momento em que deixa ou não sua outra persona assumir. Porque ele deixou Daisy viva ao final e como isso terá influência na história da temporada, ainda não consigo nem cogitar, mas não devemos demorar a saber.

Os momentos finais, quando ela o espia – não ao Motoqueiro, mas a Robbie – também são interessantes por já se preocuparem em humanizar o personagem, ainda que de maneira leve. Mostrar que Robbie não é alguém sozinho no mundo e que ele tem alguém que ele ama e se importa – seu irmão cadeirante, Gabe – é o primeiro passo para contar com eficiência a história do personagem e vai ser bem interessante descobrir junto com Daisy e os outros quais são as verdadeiras intenções do novo “vigilante” de L.A e quais foram os caminhos que o levaram até ali. Não sei vocês, mas eu mal posso esperar.

Outros pensamentos/Easter-Eggs:

— Como já é de praxe, o episódio nos deu alguns caminhos de onde o MCU se encontra atualmente depois dos eventos de Guerra Civil e da 3ª temporada. A S.H.I.E.L.D está novamente legalizada depois de ter sido entregue por Talbot ao presidente, algo aconteceu e provavelmente saberemos isso também por flashbacks (o que explicará a drástica mudança na agência). Pelas conversas da Yoyo com o Mack, deu pra compreender que o Acordo de Sokovia agora inclui também Inumanos, que passaram a ser responsabilidade do governo, chamados de Inumanos Ativos. E fica claro também que os dois não podem avançar na relação devido ao Acordo, que deve possui alguma cláusula específica quanto a isso. Bom, não que alguém duvide que vai demorar pra eles se pegarem, né?

— Foi divulgado recentemente que a série irá fazer parte de um crossover com Doutor Estranho. Não ficou certo ao claro como, assim como o episódio também não deixa claro o que havia na caixa que Daisy rastreava e que foi libertado. A coisa que saiu da caixa não só matou várias pessoas, como parece ter seguido May e Coulson aonde eles foram. Um dos efeitos mais notáveis da entidade (chamaremos assim) foi a mudança que acontecia nos olhos da pessoa que estivesse próximo a ela, causando alucinações. Muitos tem ligado isso ao personagem de Madds Mikkelesen no filme, o Kaecilius. Seria essa a ligação entre as duas obras? Para saber mais sobre o personagem, clique aqui.

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Há um momento, no confronto entre Daisy e Robbie, onde o Motoqueiro diz que existe um pouco do diabo nela também. Originalmente, o Motoqueiro consegue suas habilidades após um pacto com Mephisto, mas no caso da Robbie, a história é diferente. Não vou entrar em detalhes porque pode ser spoiler caso a série siga um caminho parecido, mas ele não escolhe fazer pacto nenhum e sua transformação tem relação com o amor que sente pelo irmão, a única pessoa no mundo com quem ele se importa. Aparentemente, pela sua fala, a série trará algum tipo de mix das duas origens. Parece interessante.

— Há um momento pequeno, na conversa de Daisy com Yoyo, onde a segunda deixa escapar que Daisy está com problemas nos ossos. Isso nos leva diretamente à segunda temporada, onde uma recém desperta ainda Skye estava aprendendo a lidar com seus poderes e quase quebrou seus ossos no processo de adaptação aos seus poderes. Não acho que a frase tenha muito impacto, mas acredito que é mais uma demonstração de como Daisy está totalmente out of control emocionalmente. 

— Também quero uma caneta explosiva.

— Fitz e Simmons em paz por ao menos 5 episódios. É só o que eu peço. CINCO.

— Pessoal, como vocês podem ver, aconteceu uma mudança interna aqui no blog e eu vou assumir as reviews dessa temporada de S.H.I.E.L.D. Tenho plena consciência que eu não sou uma máquina Marvel como ela, mas vou fazer tudo que puder para trazer resenhas à altura das que ela fazia. Aceito elogios, críticas, dicas e sugestões de vocês pra melhorar no que for preciso, pode soltar o verbo aí embaixo!

Agora, fique com a promo de Meet The New Boss, episódio da próxima semana. Até lá!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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