Uprising foi o melhor episódio que Agents of S.H.I.E.L.D apresentou em seu quarto ano até agora, desenvolvendo em paralelo tramas que aparentemente pouca conexão tem entre si, mas com o foco um pouco maior em algo que nos acompanhou durante toda a 3ª temporada e também possui ligação com o MCU: Os Inumanos.
Após o Acordo de Sokovia, a “popularização” dos Inumanos e a polêmica entre os que se posicionaram a favor e contra eles, era esperado que um plot como esse desse as caras na série. Tirando o fato de possuírem habilidades especiais, os inumanos são como qualquer outra pessoa e, mais cedo ou mais tarde, iria aparecer algum grupo de ódio contra aquilo que vai de encontro ao que um dia a sociedade ousou convencionar como “certo” e “normal”. Quem dera isso só acontecesse na ficção, mas devaneios à parte, foi esperto da parte dos Cães de Guarda promover apagões, saques e caos e atribuir o trabalho a algum tipo de “Resistência Inumana”. Ao mesmo em tempo em que aproveitam para procurar seus alvos, eles também injetam medo e terror em um país já dividido. A fórmula perfeita para uma explosão.
A reação de Maria ao saber que Ioio era uma inumana foi a prova cabal de como o registro dos Inumanos de pouco adianta e que existe um sentimento perigoso de repulsa crescendo na sociedade que, se não for parado, pode crescer de forma terrível. E o fato deles possuírem uma lista atualizada do registro só mostra que o fato de ter gente do governo trabalhando com eles, como a senadora que apareceu na cena “pós-crédito”, torna tudo ainda mais perigoso. Não ficou exatamente claro quem ela é porque tanto ódio aos Inumanos, mas isso com certeza será trabalhado ao longo da temporada e terá relação com o irmão que, aparentemente, estava transformado em pedra.
O discurso exibido no final do episódio revelando que os inumanos não tinham nada a ver com os apagões e oficializando novamente a S.H.I.E.L.D é o prenúncio de que essa história ainda não acabou e existe muita lenha a ser queimada. Não dá pra comprar totalmente a fala do diretor de que todos são os mesmos e se eu tivesse algum dinheiro para apostar, apostaria que Jeffrey Mace tem o rabo preso nessa história. Mas isso é apenas intuição de quem já viu muita série, porque até agora, Mace tem se mostrado um excelente diretor. Manter Coulson em campo mesmo diante de uma May à beira da morte foi a melhor escolha, pois foi responsável pelas excelentes sequências que levaram a derrota dos Cães de Guarda e a revelação da verdade sobre o apagão; negociar tempo extra com o presidente para dar chance a Coulson, Fitz e Mack foi excelente e adiantar o relançamento da S.H.I.E.L.D é uma ótima estratégia institucional para tentar frear a onda de medo a inumanos que começou a aparecer. Hoje, ele ganhou vários pontos comigo.
Em paralelo a isso, Daisy e Robbie seguiram em sua jornada particular. O diálogo que eles tem no carro, logo no primeiro ato do episódio, é bem interessante para pontuar que por mais que Robbie tenha se acostumado com a presença do Ghost Rider dentro de si, no fundo, ele deseja de alguma formar se libertar desse fardo. A relação entre os dois tem se desenvolvido rápido, mas o roteiro tem sido satisfatório em fazer essa transição de prováveis inimigos para improváveis aliados. Por mais que não tenha dito com todas as letras, deixar Daisy com Gabe em sua casa antes de sair foi um voto de confiança e também um modo de deixar claro que está começando a confiar em Tremor. Outro ponto bem legal de tudo isso foram os momentos que ela e Gabe tiveram. Me surpreendeu o garoto ser esperto e ter sacado de cara que ela e Tremor eram a mesma pessoa. Não dá pra culpar o menino pela “ameaça” que fez a ela, afinal, Robbie é a coisa mais importante que ele tem em sua vida e é compreensível que ele entenda que Daisy é perigosa e a queira longe dele.
Aqui e ali, o texto também tem nos entregado pistas a respeito da origem do Ghost Rider. Robbie parece ter vendido sua alma com o objetivo de consertar alguma coisa em sua vida, provavelmente algo relacionado ao acidente que deixou Gabe numa cadeira de rodas, esperando que quando conseguisse cumprir seu objetivo, teria sua vida e o controle total da sua mente de volta, o que não aconteceu – e provavelmente nem o vai tão cedo.
No outro núcleo do episódio, uma maior interação entre Jemma e Radcliffe quase fez com que Aida fosse revelada a Simmons, mas por agora, serviu para salvar a vida de May. Era óbvio que a agente não morreria aqui, mas ainda assim foi angustiante assistí-la perder vida pouco a pouco, enquanto os cientistas pouco conseguiam fazer para reanimá-la. No fim das contas, deu tudo certo e acredito que esse plot serviu para duas coisas. 1) Colocar Jemma ligada à Radcliffe e suas tecnologias de ponta. Conhecendo Simmons como a gente conhece, é fácil perceber que ela vai se interessar pelo trabalho do cientista o que, em breve, deve levar à Aida, que nesse episódio estava ainda mais sinistra. Sério. Morro de medo desses androides. Devaneios à parte, a segunda contribuição é aproximar novamente a agente de May, depois das discordâncias anteriores. É um primeiro passo, claro, mas já é um bom começo para que o velho time se reconecte.
Outras Observações:
— A cena final com a introdução de uma senadora que odeia Inumanos, que está por trás do que está acontecendo e que provavelmente ainda vai dar muito trabalho a eles é bem empolgante e mostra que, não, esse plot não ficou lá na 3ª temporada.
— Parem de fazer citações ao Lincoln, porque a ferida aqui ainda não foi cicatrizada.
— Mack e Ioio podiam parar com isso e se pegar logo. Falando nisso, cadê o Joe?
— Pesada a cena da amiga da Ioio a rejeitando por ela ser uma inumana e ela tentando explicar que não havia mudado nada. Mudam-se os dias, reforçam-se os preconceitos.
— Robbie vai atrás da Daisy, com certeza.
— Já ficou bem óbvio que, de uma forma ou de outra, Daisy é o que fará a ligação entre Robbie e a agora novamente oficial S.H.I.E.L.D.
Fique com a promo de Let Me Stand Next to Your Fire, próximo episódio da série. Até lá, deixe seu comentário!
