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American Crime – 2×03 Episode Three

Por: em 29 de janeiro de 2016

American Crime – 2×03 Episode Three

Por: em

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O terceiro episódio de American Crime começou pisando no freio bem mais que seus antecessores. Não que a série fosse dada à grandes acontecimentos e agitações; esse também não foi episódio calmo, longe disso. Muita coisa aconteceu e atos dos episódios passados tiveram eco aqui. Penso que, com esse conjunto de três episódios, podemos estabelecer uma média, uma linha que norteia a própria temporada. Essa é uma produção calma e densa: não há explosões, agitações nem embates tradicionais. O clima que perpassa as tramas é uma sutileza carregada de tensão.

A entrevista concedida por Anne resulta numa experiência um pouco controversa. Seu objetivo é atingido, já que o crime e a festa caem na opinião pública e passam a receber olhares mais atentos de todos os envolvidos na história. Por um outro lado, o tom da matéria não é o que a personagem exatamente esperava. Há uma certa dúvida e isso pode afetar ainda mais o relacionamento dela com o filho, claramente incomodado com a exposição e que, como muitas vítimas, deseja apenas que aquilo torne-se apenas passado.

Esse silêncio respinga também no relacionamento de Taylor com sua namorada, interrogada pela polícia e que ainda não sabe a totalidade dos fatos. O estupro masculino transfere à vítima um lugar de ostracismo e de falta de legitimidade, talvez mais do que nos casos de estupro feminino. Em ambos os crimes a veracidade da denúncia é sempre colocada em cheque. Aqui, uma outra camada de sentido aparece, exposta no discurso de Terri Lacroix (e como é difícil torcer por essa personagem, mesmo quando ela defende seu filho): “Como é possível que um homem seja estuprado? Rapazes não fazem isso com outros rapazes!

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O nome de Kevin acaba surgindo e muitos apontam para ele, embora nós  já sabemos o possível culpado. O caráter desse personagem aparece num jantar onde ele se mostra arredio à um claro sinal de não, por parte de uma jovem pretendente escolhida por seus pais. Na mesa, os adultos discutem sobre a inferioridade de seus empregados, a meritocracia presente no fato de serem eles, os patrões; na mesa das crianças (pista de dança, para ser mais preciso) Kevin traduz na ordem dos gestos sua superioridade sobre os corpos femininos, agindo como quem é dono. Não é de assustar a reação de seu pai, explosiva, ao cogitar a possibilidade do filho estuprar… um homem.

Não é o crime em si, é a simples menção à homossexualidade, à afronta à masculinidade que causam transtorno. É irônico observar uma conversa de Eric com seu irmão mais novo e assistir o modo como ele esconde sua própria sexualidade objetificando as meninas de sua escola. “As vadias da escola pública são melhores que as da minha escola.” Seria fácil destilar todo o nosso ódio a esses personagens se eles não vivessem entre nós com outros sobrenomes.

O principal  gancho e que será abordado com mais força nos próximos capítulos é a confirmação da violência sexual. O estupro era uma certeza mas nunca confirmado formalmente pelas autoridades. O roteiro sempre sugeriu os acontecimentos na festa mas nunca foram provados, de fato. Ouvir o polícia falando sobre o exame que comprova o Leslie tanto ignora ou fez vistas grossas é um soco, tanto na personagem como em nós, espectadores. As investigações começarão e muitas surpresas vem pela frente.


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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