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American Crime Story – 1×07 / 1×08 A Jury in Jail

Por: em 25 de março de 2016

American Crime Story – 1×07 / 1×08 A Jury in Jail

Por: em

Chegamos à reta final da primeira temporada de American Crime Story com explicações bastante convincentes sobre a virada da defesa e a queda da promotoria. Marcia e seu time tinham evidências, a ciência e a lógica ao seu favor, mas deixaram de lado a narrativa, coisa que o Dream Team de OJ percebeu que seria fundamental, especialmente em um caso tão espetacularizado quanto aquele.

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Conspiracy Theories mostrou a estratégia de criar uma história para convencer o júri da inocência de OJ. Dizer que ele não matou Nicole não bastava, mas se não havia nenhum outro suspeito,  como vender essa versão? A saída foi esdrúxula, como tudo que Johnnie diz… transformar a polícia de LA em grandes vilões que acobertaram um assassino desconhecido pelo mero prazer de ver Juice na cadeia porque ele é negro. Até cartéis de drogas chegaram a ser cogitados, tudo por uma história mais empolgante e romantizada que as combinações de DNA apresentadas pela promotoria.

Era uma história bizarra, de fato, mas Marcia cometeu um erro grave ao menosprezar a estratégia do outro lado. O público, a imprensa e o júri tinham muito mais facilidade de assimilar uma narrativa envolvente que dados técnicos. Darden percebeu que o caso poderia se perder naquele ponto e tentou tornar a versão da promotoria mais folhetinesca também, mas o tiro saiu pela culatra quando OJ experimentou as luvas e elas ficaram pequenas diante do país inteiro.

Apesar de toda a sucessão de furos que a promotoria já deixou passar, nada os nocauteou mais que aquele momento. Não é à toa que a imagem de OJ com a luva tenha ficado marcada na memória de todo mundo como o momento mais emblemático de um julgamento que durou tantos meses – foi ali que ele venceu, irreversivelmente. Venceu diante do júri, diante da América e ainda causou uma cisão entre Marcia e Darden, que até então pareciam inabaláveis como parceiros. Cristopher passou por cima de uma determinação de Clark porque achou que aquilo os salvaria, mas o efeito foi justamente o oposto. Ele perdeu, ao mesmo tempo, o caso e a confiança da sua parceira (isso sem falar do protorromance que estava acontecendo ali).

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Shapiro foi uma peça interessante deste episódio. Ofuscado pela megalomania e o egocentrismo de Johnnie, ele estava ficando cada vez mais deslocado na equipe, com estratégias prontamente rejeitadas por OJ e pelos demais. Ele é um especialista em acordos, sempre foi, e estar no meio de um grupo que bate de frente com a polícia, questionando a lisura do sistema inteiro, não seria bom para a sua posição no futuro. Usar o broche em apoio à polícia de LA foi uma jogada discreta para mostrar que ele não estava totalmente de acordo com Cochran e apaziguar os ânimos com aqueles que sempre foram seus maiores parceiros de trabalho. Cochran certamente estava pronto para usar aquele “deslize” para isolar ainda mais o adversário dentro da equipe, mas a ideia de experimentar as luvas veio de Saphiro e acabou salvando o dia para o dream team. Comendo pelas beiradas, ele ficou bem com os dois lados.

A Jury in Jail foi um episódio dedicado a explicar a dança das cadeiras do júri, e de como a defesa e a promotoria continuaram usando aquelas pessoas como peças das suas estratégias. O problema é que os dois lados perderam a mão e as substituições desencadearam uma crise naquele grupo de pessoas que já estavam afetadas pelo estresse de fazer parte de algo com tantas restrições e responsabilidades.

De forma mais ampla, arrastar o julgamento com tantos recessos e tantos novos elementos acaba ajudando a defesa. Apesar de afastados de todas as fontes de informação, o júri fica exposto a situações que aumentam o grau de empatia pelo réu. Eles são vigiados, afastados do convívio familiar, obrigados a lidar com a polícia o tempo inteiro e se consideram vítimas de certas arbitrariedades, tudo isso dentro de um hotel cinco estrelas e porque se voluntariaram para o posto. Em algum momento eles devem ter imaginado que Juice passava por uma situação bem mais difícil na cadeia, e com a possibilidade de ser inocente, apesar de tudo.

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O perito forense, que era o maior trunfo da promotoria, não poderia ter sido mais infeliz em seu depoimento. Para falar do que incriminava OJ, ele usou termos complexos e que não representam nada para quem é leigo no assunto, mas reafirmou que as teorias da defesa – estas sim, muito desenvolvidas e de fácil assimilação – eram plausíveis. No fim das contas, ele próprio terminou convencido de OJ poderia ser uma vítima da conspiração da polícia, e cada aperto de mãos que ele deu nos advogados de Juice foi como uma pá de terra jogada nas expectativas de Marcia e Darden.

Algumas observações:

– O áudio de Fuhrman vai acabar de vez com a promotoria. Não tem nada que eles possam fazer contra algo assim.

– Eu gostava mais da versão cacheada da Marcia, mas pelo menos pararam de falar do cabelo dela.

– Oito meses convivendo com aquele povo, sem nem poder dar um pulinho na piscina? Pior que Big Brother, coitados.

– Uma palavra para definir o ensaio do depoimento de OJ: DESASTRE.

E você, leitor? No lugar de Marcia e Darden, o que faria para virar o jogo contra o Dream Team? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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